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Pior que bomba atômica: o dia em que a terra parou

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O coronavirus é muito mais que um bichinho que mata sobretudo idosos e enfermos. Ele está tendo a capacidade de demonstrar como o mundo está hiperconectado, tanto para o bem (medidas de proteção, iniciativas convergentes de colaboração sobretudo em pesquisa para achar uma vacina, sequenciamento dos genes e ações públicas) quanto para o mal (o dito-cujo se disseminou com uma rapidez maluca, em virtude das viagens internacionais e medidas mal-pensadas dos focos iniciais). Pouco a pouco o mundo pára, entrando em modo paralisante onde nem mesmo aviões voam mais para poder-se isolar e identificar focos e pessoas infectadas. Só assim freia-se o que vem a ser um contágio rápido demais para usar apenas as medidas preventivas do passado. Cenários catastróficos de pandemia com milhões morrendo lembram o mesmo espírito da guerra fria, em que a bomba poderia ser lançada e matar muitos. Finalmente os modelos do pior cenário se realizaram  (a despeito dos exageros na taxa de mortalidade do...

Escrever prá quê?

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Jornalistas são pagos para escrever. Jornais existem para preencher suas páginas com alguma coisa. Nem sempre há notícias boas ao alcance da mão. A informação custa. Obtê-la exige recursos, investimento, análise e gestão. Sob esse ângulo, apareço rapidamente aqui no meu blog, que anda parado por afazeres acadêmicos, profissionais e por impedimento físico (problema de joelho desde antes do natal que cisma em não ser resolvido e incomoda e limita de modo quase insuportável). Em tempos de epidemia da gripe, vi hoje um artigo num jornal canadense respeitável de um articulista famoso que me incitou a escrever esse post. O título era: temer à gripe ou ao próprio medo ? Pode parecer até interessante, mas o conteúdo deixou a desejar. A banalização do risco de uma pandemia parece ser a tônica dos jornalistas que precisam achar algum assunto que cole no interesse do leitor. Especular sobre a gripe chinesa é chover no molhado, pois os leitores estão muito mais preocupados em saber...

O país esquizofrênico e o povo que vive em silos.

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O Brasil é um país curioso: laboratório de experimentos constantes que nunca se concluem. Nação em formação, jamais atinge sua maturidade. Entendo que sua instabilidade advém do fato que seu esteio social é compreendido por seres que vivem e trabalham em silos, sem compreensão do todo. Além do determinismo - de origem inclusive religiosa - gerando imobilismo social - a melhor forma de manter currais eleitorais independentemente do espectro ideológico - o país se povoa de ilhas de solidão e de prosperidade. A parábola desenhada por uma flecha lançada de qualquer aglomerado urbano viaja da epidemia ao alto luxo, experimentando o supra-sumo da heterogeneidade. Em 2018 a corda esticou. Experimentou-se a ruptura do status quo , advinda unicamente da falência inequívoca do equilíbrio das forças políticas e econômicas que dominavam o país desde a democratização, desnudadas pela Operação Lava-Jato. Note-se que o Mensalão foi abafado pelas mais altas forças políticas e judiciárias...

Uma jovem democracia sob risco.

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O Brasil tem fossos. Amplos e profundos fossos. São sociais, políticos, éticos. Quando você menos espera, andando pela rua, percorrendo corredores públicos... ops! Cai num fosso e para dele sair o esforço é imenso (e às vezes infrutífero). O país faz bons queijos. Como um bom mineiro, eu poderia dizer que o canastra é campeão universal, só que o Ementhal foi inventado pelos Suíços de Berna, com charmosos buraquinhos. Acho que se inspiraram nas instituições brasileiras... O desafio às instituições e sobretudo à democracia acontece todos os dias. São testes constantes que estressam pobres observadores como esse que escreve seu blog. A prisão em 2a instância é um tema altamente estressante. O Brasil construiu, copiando outros países mais avançados, um sistema judiciário baseado no duplo grau de jurisdição. O que quer dizer isso? Um juiz recebe uma denúncia do Ministério Público e inicia o processo judicial contra um acusado que terá ampla (às vezes infinita) defesa e direi...

Desregulamentando o sistema financeiro nacional

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Várias medidas vem sendo anunciadas paulatinamente pelo atual governo brasileiro visando abrir o sistema financeiro a uma maior concorrência. A saída do mercado nacional por bancos gigantes e tradicionais como Citibank e HSBC indicam como o setor concentrou-se e tornou-se complexo para não-brasileiros. Hoje o Brasil tem 90% do seu mercado bancário concentrado em 5 bancos. Esse oligopólio é responsável pelo maior spread do planeta, já que o governo paga 5.5% ao ano de juros e esses 5 bancos conseguem cobrar mais de 300% ao ano, dependendo do tipo de transação. O fenômeno das Fintechs é importante, permitindo sobretudo pagamentos com menores custos de transação, deixando menos dinheiro no intermediário e fazendo com que recursos que saiam do devedor cheguem quase intactos ao credor final. Tendo se tornado a mercadoria mais rara e preciosa no Brasil, o dinheiro precisa ser movimentado e circular. O Ministro Paulo Guedes sabe disso e não integra o establishment bancário brasileir...

Manipulando crianças

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Assisti abaixo ao teatrinho promovido pela garota-propaganda da indústria da eco-histeria. Fico preocupado com a passividade dos adultos na sala achando bonitinho uma menina de mente absolutamente conturbada tornar-se a vedete global de um movimento manipulador e mentiroso, já que o clima é algo sério demais para ser reduzido a um ou dois elementos causadores de suas mudanças. Eu tirei o som e fiquei apenas observando sua expressão facial, que é a única coisa que essa pobre menina não consegue simular. Observe por si mesmo: Os pais dessa menina deveriam ser presos por abuso infantil, mas e o medo das autoridades, das mentes pensantes, de que tal gesto os colocaria como algozes não de uma menina, de uma família, mas de toda a humanidade? Certamente tem gente lucrando fortunas com o movimento cujo poster é uma criança, mas criticá-los, sobretudo abertamente, seria uma heresia, desafiaria a seita cujos membros, anônimos, adoram surfar no mainstream mediatizado. A pobre Gret...

Estado ou não-estado. Seria essa a questão?

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O recente debate francês sobre as queimadas brasileiras nessa época do ano não constitui novidade, mas a virulência dos comentários de alguns líderes européus é inédita. Ele se deve à presidência do país estar nas mãos de um não-progressista como Bolsonaro, que não fica bem na foto dos politicamente corretos, descompromissados com a realidade de seus países (ou como diria Milton Nascimento, de costas para seu próprio país). A resposta veio pela via diplomática adequada: Isso é quase irrelevante diante do que há por detrás dos interesses comerciais e neocolonialistas europeus. A sabotagem que a esquerda estruturada tenta fazer contra o Brasil - e que a mídia não informa - significa desejarem o retorno do esquema corrupto arduamente combatido pelo atual governo e sobretudo o Min. da Justiça Moro. Já se sabe que muitas queimadas ilegais na Amazônia estão sendo feitas por ONGs e funcionários públicos revoltados com o corte de verbas e que precisam fazer-se relevantes. São pess...

Lula e seus acólitos a desserviço do Brasil, novamente (ou seria: ainda?).

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O Brasil não é o México, mas em matéria de drama e de novela, faz tão bem quanto aquele país e seus cidadãos vivem esperando os próximos capítulos roendo as unhas. Sempre testando a estabilidade institucional, os poderes da República finalmente mostram a sua verdadeira cara nos tempos atuais. Na dança das cadeiras, quem tem sobrado em pé é o Poder Judiciário . Já era tempo! Erroneamente reputado como o poder mais confiável da República, o Judiciário é doente no Brasil. Ele não entrega a justiça a tempo, é um sugador ávido de recursos públicos e os diversos índices que lhe avaliam são sempre adversos ao contribuinte. Seu custo é o maior do mundo: Isso não significa que eu tenha qualquer coisa contra a divisão de poderes de Montesquieu e que eu entenda ser prescindível o Poder Judiciário. Sem juízes independentes e operacionais, um país se condena à tirania. O problema é a estrutura da instituição nos tempos modernos, tanto do ponto de vista tecnológico, quanto humano. ...

Europa: voz do povo e o ovo da serpente

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A Europa está dando uma guinada à direita .  A idéia desse post é examinar o diagnóstico, a razão disso estar acontecendo. Em outro post falarei das consequências. Na votação encerrrada esse fim de semana para membros do Parlamento Europeu a população manda um recado claro: NÃO à imigração em massa NÃO à desaculturação dos Europeus NÃO às fronteiras abertas NÃO à integração absoluta européia O resultado foi o seguinte: Matteo Salvini na Itália Marine Le Pen na França Nigel Farage no Reino Unido Viktor Orban na Hungria Antes deles, já haviam aberto a porteira Donald Trump nos EUA,  Sebastian Kurz na Áustria (cujo governo está envolvido em corrupção até o pescoço)  e Jair Bolsonaro no Brasil. Esses políticos foram eleitos segundo regras democráticas. Na Espanha ganharam os socialistas, que por sua vez já governam Portugal exercendo pragmaticamente um tipo de capitalismo social. São dois países arrasados pela crise econômica de 2008, deixad...

Sócio do estado: ao invés do Plea Bargain, melhor seria ter um programa de denúncias remuneradas

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Os Estados Unidos implantaram um programa de denúncia remunerada após a crise de 2008, por meio da Lei Dodd-Frank, conhecido como Whistleblower Program ( Programa do Apitador ). As autoridades, sabedoras dos desvios e das fraudes, mas sem recursos para grandes investigações e tentando obter provas junto a fraudadores sofisticados e bem aconselhados, ao invés de procurarem agulha no palheiro encontraram uma solução: cidadãos corretos denunciarem atos fraudulentos que vêem à sua volta. Ao estabelecer um canal em que o denunciante recebe estímulo financeiro para denunciar fraudes, os Estados Unidos passaram a recuperar fortunas em impostos sonegados e dinheiro furtado. Segundo o Relatório de 2018 da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) já foram detectados mais de 1,7 bilhões de dólares em desvios financeiros e conseguiu-se devolver a investidores lesados um valor equivalente a 452 milhões de dólares . Os (59) denunciantes receberam prêmios de 326 milhões de dólares ...

O espelho de Noam Chomsky

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Como muita gente tem atribuído a Olavo de Carvalho os fundamentos filosóficos e a orientação ético-política (existe isso?) de vários luminares do governo Bolsonaro (ou até mesmo do próprio governo), arrisco aqui a fazer certas comparações. Não há dúvida que Olavo é um sujeito brilhante e, acima de tudo, muito articulado. Seus textos são densos e incisivos. A despeito da ausência de formação acadêmica formal, não tendo seguido os caminhos tradicionais que estruturam a linguagem científica e da pesquisa, ele é curioso e vê-se que leu (lê?) muito. O fato de jamais, ou quase jamais (desconheço detalhes, arrisco...), ter-se submetido a comitês de leitura, bancas examinadoras ou ter-se sujeitado a ser avaliado por pares (que naturalmente não possui, pois inventou a própria linha didática e literária, sendo impossível encontrar dois Olavos), deu-lhe ampla liberdade criativa. Só que, por outro lado, esse fato lhe tolheu a capacidade de fazer auto-crítica. Seu tom cáustico e, muitas vezes...

Europa: o pouco, o muito e o excessivo.

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Apesar de estar sobrevivendo às duras penas na União Européia, a Grécia tem sido parasitada pelos europeus há vários anos, a um custo social imenso. Os bancos alemães e franceses detêm grande parte da dívida daquele país, denominada em Euro, criando-lhe uma armadilha comparável à crise da dívida latino-americana dos anos 1980. A diferença é que, por estar inserida no projeto federalista europeu, a saída da Grécia é retardada pelo empréstimo contínuo e ajustes de "fora para dentro" que reprimem qualquer movimento real de independência. À Grécia é proibida a moratória, diferentemente do caso brasileiro, já que esta precipitou nosso ajuste e a retomada econômica por meio de reformas na década de 1990. A desintegração política grega é comprovada. Pesquisas de opinião explicam a razão do marasmo democrático: pouquíssimos acreditam que votando conseguiriam implantar um governo independente dos falcões europeus e, portanto, priorizar as necessidades do país, em contraponto ao inte...

Sai Romanée Conti, entra BIC

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Assim como milhões de brasileiros residentes ou não no Brasil, assisti à posse do novo Presidente da República, o capitão reformado Jair Bolsonaro, e seu Vice-Presidente, Hamilton Mourão (general aposentado). Após ter cumprido meu dever cívico, fiquei contente ao ouvir os discursos da Primeira-Dama e do Presidente, bem como pelo desenrolar da cerimônia, com as posses dos membros de uma equipe unida e com firmeza de propósito. Foi uma manifestação no melhor estilo de uma democracia jovem, ameaçada pelas mais diversas forças políticas radicais, sobretudo as de esquerda que, hoje sabemos bem, alinham-se a tiranos como Maduro e Aiatolás iranianos visando dominar miseráveis. Algo muito emblemático chamou-me a atenção: a caneta  BIC com a qual os atos formais foram assinados. Nada de Mont Blanc , canetas de ouro ou jóias. A despeito do Rolls Royce démodé, que deveria ter sido transferido ao Museu da República há décadas, a simplicidade e a informalidade das manifestações e ...