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Mostrando postagens com o rótulo geopolítica

Controle ou liberdade?

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Festejo o retorno da bipolaridade ideológica, hoje aceita como um dado incontestável. O choque de realidade ajuda a dissipar ilusões vãs. Achei o máximo a queda do Muro de Berlim ... para mim era o símbolo que faltava para o mundo abraçar o capitalismo com pitadas sociais, rejeitando por completo o autoritarismo soviético assassino ... A partir dali, idéias que fluíam à sombra (na ansia de liberdade de quem estava do lado errado do muro ) seriam acompanhadas de pessoas, bens e serviços circulando livremente, à luz do dia.  O mundo se abraçaria na nova modelagem de colaboração mundial em que não havia mais necessidade de se preocupar com agentes do mal, já que o bem, representado pelo ideal de liberdade, havia saído vitorioso após décadas... Isso foi em 1989. Exatos dois séculos após a Revolução Francesa ... Assim, a década de 90 viu o desmonte físico, e sobretudo mental, das estruturas de inteligência e defesa que vigoraram durante a Guerra Fria .  Em tal ideário, não haveria ...

Brasil e a OCDE na América Latina: um possível fracasso?

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Insurjo-me contra correntes majoritárias, quando entendo que possuem premissas falsas. Assim, ouso questionar. Ouso inclusive verbalizar tal questionamento, o que por vezes pode causar reações exacerbadas, sobretudo por parte dos dogmáticos, dos adeptos a verdades absolutas. Isso remete-me à ótima charge do Quino (inventor da sensacional Mafalda): Um assunto até hoje limitado aos corredores do Planalto tem surgido na mídia e na academia brasileiras, nos últimos meses: a adesão do Brasil à OCDE. Desde que o Min. Paulo Guedes tem-se reunido com membros da organização , o assunto tem sido citado, mas ainda permanece periférico, superficial, estéril. Adotar regras de países ricos, abandonando originalidade e autonomia, para atrair negócios e investimentos, faz parte da triste história brasileira. Eu tenho estudado, há mais de 30 anos, a importação de regras por países emergentes, por meio de uma disciplina e técnica denominada Direito Comparado . Vários transplantes legais serviram a propó...

Falácias chinesas

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A China de hoje foi criada pelo Ocidente. Foi ele que lhe abriu as porteiras, com um sorriso maroto nos lábios. Essa China que ruge como um leão, fazendo ilhas artificiais em águas internacionais para reclamar-lhes soberania, que acusa os Estados Unidos de terem introduzido o coronavirus por lá, para lhes prejudicar, é invenção do Ocidente . Essa China industrializada, que recebeu quase todas as usinas ocidentais para lá produzirem telefones, peças, motores, aparelhos eletrônicos, sacolas plásticas e várias bugigangas, é invenção do Ocidente . Essa China que lançou a Rota da Seda, um projeto ambicioso comparável à VIA ÁPIA romana, que buscará interligar e facilitar o contato e a conquista de todos os territórios em que estiver, é invenção do Ocidente . Essa China que envia, há 30 anos, alunos às melhores escolas dos EUA e da Europa para lhes absorver a tecnologia, a cultura, para lhes observar atentamente, descobrindo-se-lhes belezas e defeitos, é invenção do Ocidente . Essa ...

De novo: América Latina será o quintal de quem?

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A década de 60 latino-americana foi marcada por uma séria preocupação geopolítica das potências nucleares da época: EUA e URSS. O relógio está voltando atrás, só que agora os hegemônicos que disputam a América Latina são China e EUA. A pergunta que não quer calar é: de qual superpotência a América Latina será o quintal? A ascensão das esquerdas na região causaram muito atraso na última década e meia e só aconteceu pela falta de interesse norte-americano (preocupados com outras paragens). Os EUA demonstraram ter pouco apetite pela região até recentemente, com a queda do muro de Berlim e a derrocada dos regimes de esquerda. A chancelaria chinesa faz-se notar progressivamente, quebrando a tradição de perfil discreto que lhe vinha marcando: semana passada criticou o secretário de estado dos EUA, que em visita à região falou mal da presença de investimentos chineses. A Doutrina Monroe, oriunda de um presidente dos EUA do século XIX, declarava que a América deveria ser dos Amer...

Jerus-Além 2, a decantação e a geopolítica

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Vários dias após o "anúncio da autorização da transferência da Embaixada dos EUA para Jerusalém" pela administração Trump, já é possível ver a decantação da areia misturada à água. A água está mais translúcida, a areia começa a descer e conseguimos ver melhor o que é a notícia. Ao dar efeito jurídico a um fato ocorrido há quase 70 anos (decisão de o estado judaico em estabelecer em Jerusalém como sua capital), os EUA desafiaram muita gente. Teria então sido um ato impensado da administração norte-americana? Claro que não. Ela é um divisor de água com algum efeito para israelenses e palestinos, mas o efeito fundamental diz respeito à geopolítica e a uma guerra comercial. Ao final desse post tem um vídeo para aqueles que desejam entender a briga geopolítica entre Irã, Arábia Saudita e Turquia, que no passado transformava a causa palestina em uma bandeira importante, mas essa causa perdeu importância, como se verá. A reação do presidente francês , Manoel Macron, foi e...