De novo: América Latina será o quintal de quem?

A década de 60 latino-americana foi marcada por uma séria preocupação geopolítica das potências nucleares da época: EUA e URSS.

O relógio está voltando atrás, só que agora os hegemônicos que disputam a América Latina são China e EUA.

A pergunta que não quer calar é: de qual superpotência a América Latina será o quintal?

A ascensão das esquerdas na região causaram muito atraso na última década e meia e só aconteceu pela falta de interesse norte-americano (preocupados com outras paragens).

Os EUA demonstraram ter pouco apetite pela região até recentemente, com a queda do muro de Berlim e a derrocada dos regimes de esquerda.

A chancelaria chinesa faz-se notar progressivamente, quebrando a tradição de perfil discreto que lhe vinha marcando: semana passada criticou o secretário de estado dos EUA, que em visita à região falou mal da presença de investimentos chineses.



A Doutrina Monroe, oriunda de um presidente dos EUA do século XIX, declarava que a América deveria ser dos Americanos. Ela serviu para a expulsão dos europeus da região, só que a hegemonia européia foi progressivamente sendo substituída pelo colosso econômico e militar que se tornaram os EUA.

Os golpes de estado da década de 60 na América Latina - todos apoiados pelos EUA - garantiram militarmente  a vitória do sistema capitalista sobre o comunismo. Fidel Castro, em 1959, havia aberto um flanco estratégico sensível na região, ameaçando instalar mísseis soviéticos em Cuba, ilha vizinha aos EUA. Tal fato obrigou os EUA a não mais serem discretos na defesa de seus interesses geopolíticos.

Até recentemente, não havia concorrente à hegemonia norte-americana na América Latina e ainda que iranianos tenham fincado o pé na Venezuela de Chaves, sucedido por Maduro, os EUA não tinham com o que se preocupar. A influência cultural e institucional norte-americana na região, bem como os investimentos importantes, seriam a garantia de uma fidelidade ímpar.

A bússola vem, entretanto, sendo recalibrada.

Várias reportagens recentes indicam que a América Latina está sendo disputada, pois representa uma reserva mineral, agrícola e territorial fundamental a vários países. Sua desorganização relativa permite que sua fragilidade e fracionamento constituam atrativo motivo para que potências estrangeiras comandem a região.

Os chineses tem sido exitosos em aumentar sua influência, a despeito do abismo cultural e linguístico.

Com o Brasil dividido, não podendo agir como hegemônico na região, a máxima de dividir para conquistar jamais serviu tão bem aos chineses que, sem pudor e muito bem organizados, expandem seus tentáculos mundo afora, já disputando com os EUA se a América Latina terá se tornado seu quintal.

A África já virou...








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