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Mostrando postagens de 2020

Federalismo, enfim

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     A pandemia está demonstrando, de forma inequívoca, o quão importante são as fronteiras. Estivemos acostumados a viajar rapidamente, por longas distâncias, até recentemente, sem nos preocuparmos muito com aspectos políticos ou sanitários. Vivemos em um país cujas leis são válidas homogeneamente em todo o território, apesar de reconhecermos as imensas diferenças regionais que vão muito além do sotaque, do tempero ou do clima. Chamamos o Brasil de uma República Federativa, mas temos pouca noção do que isso realmente significa.                  Nem sempre foi assim. A memória nacional, ainda que amarelada, nos remete ao tempo em que os estados tinham presidentes e grande autonomia política, fiscal e até mesmo militar. Getúlio Vargas deu o primeiro golpe institucional nesse sentido, concentrando poderes e desmontando a independência dos estados. Vargas inaugurou o início irreversível do distanciamento entre mandatário público e eleitor, sendo aderente de primeira hora da doutrina total

Tempos estranhos de destruição ocidental

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Foi horrível a forma como o negro americano George Floyd foi morto por um policial em ação para mobilizá-lo, em Minneapolis. O excesso no uso da força foi claro. O policial talvez não tenha tido intenção de matar, mas certamente assumiu esse risco ao não tomar cuidado e sufocar um pobre-coitado. Floyd tinha que ter sido julgado e encarcerado por seus crimes, como aconteceu nos últimos 30 anos de sua infeliz existência (roubo a mão armada, tráfico de drogas, falsificação, violência doméstica, etc.). Ele viveu como delinquente e morreu como um delinquente, como um problema social, desumanizado. Morreu como alguém que não tinha direitos reconhecidos. Não poderia ter sido tratado indignamente, por um agente de uma sociedade que se deseja digna e protetora. Demorei um tempo para digerir o que estava acontecendo. Não quis seguir a boiada. Não me precipitei. J.K. Rowling (a autora escocesa que inventou o Harry Potter) recentemente escreveu que não se deve esperar moderação das redes sociais .

Verdades, inabilidade e varas curtas

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Para quem teve a paciência de assistir ao desnecessário espetáculo promovido pelo Supremo Tribunal Federal, que autorizou a publicidade da integralidade da reunião ministerial de 22 de abril, peça fundamental do inquérito provocado pelo ex-Ministro Sérgio Moro, constatará o nível do abuso de intervenção no Poder Executivo brasileiro promovido por um STF que se transformou em palanque político e certamente promotor de grave instabilidade institucional. Ao divulgar um vídeo que não contém mais que 5 minutos de diálogo realmente relevante ao inquérito que causou sua divulgação, fica clara a intenção da Corte: expor ao ridículo a administração federal. Nas quase duas horas, é notável o semblante grave de Sérgio Moro durante toda a reunião, até abandoná-la na hora 01h36 do vídeo . Foi como se estivesse querendo presidir uma audiência de instrução, em sua vara criminal de Curitiba, e os presentes não lhe reconhecessem a autoridade. Ora, naquele local ficou clara a harmonia de trabalho en

Corrupção 1 X 0 Brasil

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O pedido de demissão do Ministro da Justiça, Sérgio Moro, é um tiro no pé do governo Bolsonaro. Demonstra que os compromissos mais caros assumidos perante aliados são comparáveis a areias movediças. Fiador da moralidade na administração pública, sobretudo no combate ao crime organizado e à corrupção , Sérgio Moro tinha 22 anos de carreira impecável de magistrado quando confiou nas palavras do candidato a presidente que viria a ganhar as eleições em 2018. Ao aceitar renunciar a tantos anos honrados como juiz, combatendo o crime, Moro deu demonstração de integridade e capital de credibilidade. O momento eleitoral de 2018, no país, era totalmente atípico e de absoluta divisão. De um lado, havia os corruptos do PT, que destruíram a ética e a economia do país enquanto ditavam políticas públicas populistas para comprarem votos, como a expansão e eternização do Bolsa Família. Qualquer ação eventualmente positiva daqueles governos não parecia mais compensar a crise ética que se abateu sob

Um vírus sobretudo urbano não admite respostas rurais

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Segundo estudos do IBGE, em início de 2019, cerca de 84% (160.879.708 pessoas) viviam em zonas  urbanas  e aproximadamente 16% (29.852.986 pessoas) em áreas  rurais. O Brasil possui uma das maiores densidades urbanas do planeta, com grande verticalização das cidades, além das favelas condenáveis em todos os aspectos sanitários. Não será surpreendente, portanto, que a rapidez de propagação do virus - e dificuldade em sua contenção - seja diferenciada daquela experimentada em países desenvolvidos. O clima parece influenciar a propagação de qualquer virus, inclusive o COVID19. Ar seco e o frio seriam ruins para a saúde humana, enquanto umidade e calor conteriam a disseminação do coisa-ruim . O drama causado pela pandemia então acomete mais populações urbanas, já que as rurais possuem distanciamento natural. Dentro da população urbana existem áreas e bairros privilegiados, onde casas e apartamentos são espaçosos, permitindo distanciamento. A grande maioria, entretanto, é de gente e

Inserção Brasil-Mundo. Uma análise feita por especialistas.

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Confira no vídeo abaixo minha opinião e do Dr. Jorge Mascarenhas Lasmar sobre fatos em relações internacionais em decorrência do COVID19. E entenda por quê o problema não pode ser imputado à China, e sim aos empresários e governantes brasileiros, que continuam perdendo o bonde da história, exportando bens de baixo valor agregado e importando de alto valor agregado, lendo essa reportagem ainda de 2016.

Pior que bomba atômica: o dia em que a terra parou

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O coronavirus é muito mais que um bichinho que mata sobretudo idosos e enfermos. Ele está tendo a capacidade de demonstrar como o mundo está hiperconectado, tanto para o bem (medidas de proteção, iniciativas convergentes de colaboração sobretudo em pesquisa para achar uma vacina, sequenciamento dos genes e ações públicas) quanto para o mal (o dito-cujo se disseminou com uma rapidez maluca, em virtude das viagens internacionais e medidas mal-pensadas dos focos iniciais). Pouco a pouco o mundo pára, entrando em modo paralisante onde nem mesmo aviões voam mais para poder-se isolar e identificar focos e pessoas infectadas. Só assim freia-se o que vem a ser um contágio rápido demais para usar apenas as medidas preventivas do passado. Cenários catastróficos de pandemia com milhões morrendo lembram o mesmo espírito da guerra fria, em que a bomba poderia ser lançada e matar muitos. Finalmente os modelos do pior cenário se realizaram  (a despeito dos exageros na taxa de mortalidade do vir

Democratas nos EUA: agenda destrutiva sem saída

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Impedir Trump parecia a melhor estratégia dos democratas para tentarem reassumir o poder que Obama jogou no colo do atual presidente dos EUA. Com a maioria na Câmara, era claro que passariam o Impeachment e calcularam que se conquistassem a opinião pública forçariam o Senado, de maioria republicana, a expulsar Donald Trump da Casa Branca. Erraram e ainda erram feio. A cada dia fica mais óbvio o fracasso dos democratas em conquistarem popularidade e, por conseguinte, legitimidade. Por mais antipático que possa ser, Trump tem realmente tornado os EUA grande novamente, honrando seu bordão de campanha ainda que de forma grosseira, a bem das vezes agressiva. Falta-lhe o charme de Clinton, a finesse estudada do alpinista social Obama, bem como o melodrama de Reagan, mas sua autenticidade permite àqueles que não se desejam cegos prever seus atos com certa facilidade. Trump enfrentou de frente a China, maior beneficiário do consumismo desenfreado norte-americano, exigindo em contrapa