Um vírus sobretudo urbano não admite respostas rurais

Segundo estudos do IBGE, em início de 2019, cerca de 84% (160.879.708 pessoas) viviam em zonas urbanas e aproximadamente 16% (29.852.986 pessoas) em áreas rurais.

O Brasil possui uma das maiores densidades urbanas do planeta, com grande verticalização das cidades, além das favelas condenáveis em todos os aspectos sanitários.

Não será surpreendente, portanto, que a rapidez de propagação do virus - e dificuldade em sua contenção - seja diferenciada daquela experimentada em países desenvolvidos.

O clima parece influenciar a propagação de qualquer virus, inclusive o COVID19. Ar seco e o frio seriam ruins para a saúde humana, enquanto umidade e calor conteriam a disseminação do coisa-ruim.

O drama causado pela pandemia então acomete mais populações urbanas, já que as rurais possuem distanciamento natural. Dentro da população urbana existem áreas e bairros privilegiados, onde casas e apartamentos são espaçosos, permitindo distanciamento. A grande maioria, entretanto, é de gente empacotada como sardinhas em latas. O confinamento, na maioria dos casos, não é uma opção (e isso nem passa por razões econômicas).

Desde os anos 50, devido ao imenso movimento denominado de Êxodo Rural, coincidente com a industrialização do país e da péssima condição de vida no campo, imigrantes se amontoam em cidades, tendo escolhido sobretudo São Paulo e Rio de Janeiro.

Esse fator não pode ser menosprezado, inclusive no planejamento de um novo-normal-possível.

O caso de Nova Iorque é notório: a cidade mais contaminada da América é muito adensada. Qualquer um que foi naquela megalópole sabe que todos se acotovelam, que não há espaço para aquele mundaréu de pessoas, sobretudo nas horas de pico. Tudo bem que cidades asiáticas, sobretudo filipinas e indianas, tenham adensamentos malucos e sofrerão certamente. Sendo sua população muito pobre, o contato com viajantes é bem inferior que em lugares ricos como Nova Iorque ou Itália, o que poderia explicar também a lenta ou inexistente propagação em certos países e regiões empobrecidas.

Estruturar com competência um mapeamento de focos, ampliar testes e instruir as pessoas a usarem máscaras, lavarem as mãos e se isolarem ou buscarem tratamento se suspeitas do contágio, é o caminho a seguir.

Insistir em um isolamento teórico, que não funcionará nunca na prática, por impossibilidade física, é brincar de Dom Quixote ou dar uma de avestruz, querendo aplicar variáveis estranhas ao contexto e à realidade brasileiros.

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