Visitando o Partido Novo

NOTA: EM RAZÃO DO VOLUME CONSIDERÁVEL DE PESSOAS À MINHA VOLTA QUE SE FILIARAM AO PROJETO DO NOVO, ESTAREI ESCREVENDO EM BREVE UM POST SOBRE ELE, MAS GUARDO O POST ABAIXO PARA MANTER A COERÊNCIA DA OPINIÃO DO MOMENTO EM QUE ESCREVI. 

Nem Temer, nem Dilma, Serra ou Marina.

Nem PT, PMDB ou PSDB, muito menos a Rede...

Muita gente gostaria de ver a política ser feita de forma diferente, por gente diferente. Por isso resolvem fundar ou filiar-se a partidos, alguns conseguindo assinar termos de independência (ou seja, não se vinculam ideologicamente, só alugam a legenda).

Esses tais partidos de aluguel permitem que gente com potencial de votos ingresse na política mediante assinatura de termo em que não são obrigados a observar as diretrizes partidárias (que muitas vezes só existem para fins de registro do partido, mas que na verdade são pura ficção).

Ou seja... há partidos-muro, partidos-Bombril (1001 utilidades), sem qualquer papel importante do ponto de vista do pensamento coletivo, contrariando totalmente a razão própria da política partidária, que ainda é lei no Brasil.

Meu foco nesse post é um partido que tem chamado a atenção de algumas pessoas, mais especialmente de empresários.

É o Partido Novo, cuja página é essa.

Ao invés de seus membros aderirem a algum programa de um partido existente, resolveram fundar um partido onde os filiados não são denominados assim, mas sim de SÓCIOS. Não gostei...

A organização, cuja gestação desconheço, simula a criação de uma empresa e aparenta ter sido inspirada por empresários que enxergam a política como um empreendimento.

Vejam os VALORES:



Meu tom crítico busca entender se esse partido poderia receber o nome ou se é realmente um grupo unido, formado por gente inteligente e alguma motivação genuína, com propostas interessantes que visaria influenciar a administração pública e a política nacional.

Eles tem cara de um grupo de pressão composto por gente de sucesso (e dinheiro, pois a contribuição não é um percentual da renda, um dízimo, mas uma mensalidade... parecendo um clube social). Meu problema com essa iniciativa é que ela nega a política como ciência social (não exata). Isso, de partida, torna a iniciativa organizada maniqueísta e desprovida de fundamentos filosóficos e teóricos sólidos ou sérios para lhe dar alguma credibilidade como agremiação social (e não apenas econômica e programática, como o site deixa entender).

Vou analisar os valores acima e desagradarei alguns simpatizantes do PN. Gosto das idéias do ponto de vista empresarial, mas transpor isso para a administração pública é liberalismo demais até para alguém como eu, que acha que o estado deve ser regulador, agente unicamente em áreas estratégicas, e que a iniciativa privada deve florescer em um ambiente onde a responsabilidade coletiva não é esquecida nem por um momento.

O foco no indivíduo como agente de mudanças já é, para mim, o primeiro erro fundamental. Se isso destina-se a negar o coletivismo, a prática socialista das decisões de um comitê central impostas ao cidadão, então entendo, mas afirmar que apenas o indivíduo é agente de mudanças não me parece adequado.

A abolição da escravatura, as leis antitruste, a defesa do consumidor, fim das condições de trabalho humilhantes e abusivas, além do direito de greve, foram conquistas coletivas, nada tendo com o ou um indivíduo.

O indivíduo deve ser livre para escolher, mas a estrutura coletiva, se abolida como agente de mudanças, significa o retorno à selvageria... duvido que alguém pregue uma coisa dessas... especialmente no NOVO...

A visão de longo prazo acho ótimo. A próxima geração - e não a próxima eleição - deve ser o objetivo do bom político, mas ele também lida com demandas imediatas. E aí, como fazer?

Quando durante a ditadura o Delfim Netto falou, como Ministro da Fazenda, que o bolo precisava crescer para ser repartido, é claro que muita gente chiou. Porque era ridículo dizer aquilo. Ninguém vive de futuro. Todos vivemos do presente e devemos separar uma parte dele para garantir um futuro melhor. Olhar lá longe é fundamental, isso está faltando ao Brasil (definir sua vocação por geração) e o debate proposto é importante. Só não entendi direito como isso é um VALOR...

Liberdades individuais com responsabilidade... legal... igual a um filho jovem a quem emprestamos o carro e dizemos: "dirija, mas lembre dos outros, dos prejuízos a serem causados, da sua própria integridade física"... seria isso? Mas quem define o que seria responsabilidade? Há alguma limitação então das liberdades individuais? A ditadura se justifica? Ou será que esse valor vem limitar o primeiro, em que só o indivíduo gera mudanças? Fiquei confuso... ainda mais se leio que é SÓ o indivíduo que gera riqueza...

Comparo com o Plano Marshall a questão do coletivo. Foi o melhor exemplo de criação de riqueza liderada pelo estado, que montou indústrias, infraestrutura e uniu capitais e arregimentou forças para refazer a Europa gloriosa. Depois disso houve as privatizações, mas há momentos na história em que indivíduo não faz nada... e como o Brasil vive uma situação emergencial, achar que retirar o Estado de seu papel de gerador de riqueza (em termos de organizador de capitais, direcionador de políticas pela via da intervenção, do dirigismo e da planificação) é uma bobagem ou uma quimera.

O Partido Novo tem como VALOR que TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI. Ora, a Constituição Federal diz isso. Não há país civilizado no mundo (segundo definição da Corte Internacional de Justiça) onde não haja igualdade de direitos dos cidadãos.

A aplicação rigorosa da lei também não pode ser um valor de um partido... desculpe... pois será que algum partido pugna pela não aplicação da lei? Isso não é valor... Se o PN prega que a lei é igual a todos se dirigindo ao privilégio daqueles que passam sob ou sobre ela, aí sim concordo, mas isso é VALOR?

O livre mercado me assusta. Economia de mercado eu entendo. Já o livre mercado acabou há mais de 2 séculos. Falam do Laissez Faire, Laissez Passer? Do Adam Smith? Da mão invisível e outras coisas que criaram Marx, o Marxismo, o comunismo e um tanto de outro lixo apenas para contrapor essa idéia absurda de deixar agentes de mercado agirem livremente até destruírem o esteio da sociedade?

Se o Partido Novo pregar o liberalismo total isso assusta. Desagrada...se for econômico, então haverá um debate bastante rico.

A fundação do partido é informada em sua página, indicando tratar-se de profissionais majoritariamente de formação superior, observadores/sofredores da política nacional, que não possuem qualquer experiência política e que nem permitem aos novos "sócios" (novos filiados) possuírem tais filiações...

Trata-se, portanto, de um partido puro. Parece Supremacista, pois quem possuir vínculos com a política tradicional advirá do pecado original e será rejeitado.

Seria melhor - no vácuo político atual do Brasil - assumirem ser um grande lobby, formado por gente com preparo intelectual e a crença de que o estado nada mais é que uma empresa.

Ao serem autênticos, poderão gerar bons debates e até influenciar.

Só que ao querer ser partido, confundiriam INFLUÊNCIA com PODER. Dar PODER a liberais é o mesmo que dar PODER aos SOCIALISTAS, aos petistas.

Radicalismos não adiantam de nada. Aliás, condenarão o Brasil a permanecer no atraso: econômico, social, intelectual.

Não é para isso que uso essas páginas, a que dedico boa parte do meu tempo.

Tento sensibilizar muita gente à minha volta para pensar em formas de como contribuir para melhorarmos Brasil e Mundo... não para perpetrarmos idéias retrógradas como socialismo, liberalismo, exploração do ser humano baseado em diferenças étnicas, intelectuais e sociais... etc.

E não sou, nem serei chegado a seitas, dogmas ou qualquer meio de impedir que eu conheça, reflita, critique e escolha.




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