Escrever prá quê?
Jornalistas são pagos para escrever.
Jornais existem para preencher suas páginas com alguma coisa.
Nem sempre há notícias boas ao alcance da mão.
A informação custa. Obtê-la exige recursos, investimento, análise e gestão.
Sob esse ângulo, apareço rapidamente aqui no meu blog, que anda parado por afazeres acadêmicos, profissionais e por impedimento físico (problema de joelho desde antes do natal que cisma em não ser resolvido e incomoda e limita de modo quase insuportável).
Em tempos de epidemia da gripe, vi hoje um artigo num jornal canadense respeitável de um articulista famoso que me incitou a escrever esse post.
O título era: temer à gripe ou ao próprio medo?
Pode parecer até interessante, mas o conteúdo deixou a desejar.
A banalização do risco de uma pandemia parece ser a tônica dos jornalistas que precisam achar algum assunto que cole no interesse do leitor. Especular sobre a gripe chinesa é chover no molhado, pois os leitores estão muito mais preocupados em saber como lidar com o fenômeno, visando respostas técnicas e racionais.
O jornalista que escreveu o tal artigo faz especulações, divagou filosoficamente sobre o pânico... que se tornaria circular perdendo vínculo com a essência de sua causa.
Ora, no mercado financeiro o pânico é tão ou mais contagioso e rápido que o coronavirus. O vírus precisa viajar fisicamente. O pânico financeiro viaja à velocidade da luz, contaminando mentes através da rede. Ele sim, é auto-realizável: uma vez surgida a notícia negativa, o boato se desgarra e o ruim sobrepõe-se aos fatos. Há inúmeros estudos extremamente interessantes tratando do fenômeno, também conhecido como "efeito manada".
Sugiro à minha leitora e ao meu leitor que assistam à série Pandemic, disponível no Netflix:
Coincidentemente, essa série foi disponibilizada dias antes da eclosão pública da gripe chinesa. Divulgou-se que a epidemia era sabida pelas autoridades da China desde o Natal, mas o topo da pirâmide do poder chinês menosprezou sua importância ou superestimou a capacidade de seus serviços de censura em conter notícias ruins, assim como tentaram fazer com a mortandade dos suínos em 2019, que dizimou seu plantel por contaminação também por vírus.
O medo não é o pior inimigo da humanidade nos dias de hoje. O medo provém de fatos concretos: coronavirus, terrorismo de estado promovido pelo Irã, violência do tráfico, etc.
O jornalismo precisa resgatar a idéia do reporter. Em inglês, "report" significa transmitir os fatos.
A tal pós-modernidade nos condena a ler matérias manipuladas, em que a narrativa passa a valer mais que fatos... aí a especulação abunda. Será bom recomeçarmos a ler notícias em que apenas os fatos, e menos a opinião do observador, serão transmitidos para que não seja o cérebro do leitor transformado em mero acessório à indústria do consumo virtual.
E quando eu tiver algo que me pareça muito interessante para estimular neurônios, voltarei a essas páginas...
Jornais existem para preencher suas páginas com alguma coisa.
Nem sempre há notícias boas ao alcance da mão.
A informação custa. Obtê-la exige recursos, investimento, análise e gestão.
Sob esse ângulo, apareço rapidamente aqui no meu blog, que anda parado por afazeres acadêmicos, profissionais e por impedimento físico (problema de joelho desde antes do natal que cisma em não ser resolvido e incomoda e limita de modo quase insuportável).
Em tempos de epidemia da gripe, vi hoje um artigo num jornal canadense respeitável de um articulista famoso que me incitou a escrever esse post.
O título era: temer à gripe ou ao próprio medo?
Pode parecer até interessante, mas o conteúdo deixou a desejar.
A banalização do risco de uma pandemia parece ser a tônica dos jornalistas que precisam achar algum assunto que cole no interesse do leitor. Especular sobre a gripe chinesa é chover no molhado, pois os leitores estão muito mais preocupados em saber como lidar com o fenômeno, visando respostas técnicas e racionais.
O jornalista que escreveu o tal artigo faz especulações, divagou filosoficamente sobre o pânico... que se tornaria circular perdendo vínculo com a essência de sua causa.
Ora, no mercado financeiro o pânico é tão ou mais contagioso e rápido que o coronavirus. O vírus precisa viajar fisicamente. O pânico financeiro viaja à velocidade da luz, contaminando mentes através da rede. Ele sim, é auto-realizável: uma vez surgida a notícia negativa, o boato se desgarra e o ruim sobrepõe-se aos fatos. Há inúmeros estudos extremamente interessantes tratando do fenômeno, também conhecido como "efeito manada".
Sugiro à minha leitora e ao meu leitor que assistam à série Pandemic, disponível no Netflix:
Coincidentemente, essa série foi disponibilizada dias antes da eclosão pública da gripe chinesa. Divulgou-se que a epidemia era sabida pelas autoridades da China desde o Natal, mas o topo da pirâmide do poder chinês menosprezou sua importância ou superestimou a capacidade de seus serviços de censura em conter notícias ruins, assim como tentaram fazer com a mortandade dos suínos em 2019, que dizimou seu plantel por contaminação também por vírus.
O medo não é o pior inimigo da humanidade nos dias de hoje. O medo provém de fatos concretos: coronavirus, terrorismo de estado promovido pelo Irã, violência do tráfico, etc.
O jornalismo precisa resgatar a idéia do reporter. Em inglês, "report" significa transmitir os fatos.
A tal pós-modernidade nos condena a ler matérias manipuladas, em que a narrativa passa a valer mais que fatos... aí a especulação abunda. Será bom recomeçarmos a ler notícias em que apenas os fatos, e menos a opinião do observador, serão transmitidos para que não seja o cérebro do leitor transformado em mero acessório à indústria do consumo virtual.
E quando eu tiver algo que me pareça muito interessante para estimular neurônios, voltarei a essas páginas...