Mais humanistas, menos economistas ou burocratas no novo governo

Forma-se um Tsunami no horizonte político brasileiro.

O sentimento de frustração quanto ao Status Quo é crescente.

Os desfavorecidos acham que o PT, gestor do país durante mais de 10 anos, não fez bem, não fez o bastante. Mais que isso, condenam o PT por ter-se aliado à oligarquia brasileira, que no passado condenava, unicamente para manter-se no poder, usurpando-o. Alguns dos desfavorecidos reconhecem ganhos de dignidade, por meio dos programas de bolsas assistencialistas, mas tornaram-se endividados (sim, pensionista faz desconto em folha, "bolsista" vai em agiota, na "banca" da esquina). O saldo não é tão bom quanto no Planalto se fala.

A classe média tem absoluta ciência de que está sendo espremida, uma espécie em extinção, a continuar o "desmatamento". Não se trata da classe média do PT, aquela novidade metodológica de classe média da favela. Trata-se da classe média histórica, aquela a quem muitos petistas chamam de burgueses (como a família de onde saiu Dilma), que teve acesso a boas escolas públicas ou privadas, que participou ativamente da construção conceitual do país, que viajava, possui poupança, casa própria e que garantiu, durante toda a tormenta econômica da hiperinflação, e política, nos desgovernos desde os militares, certa estabilidade social, ética. Essa classe média vinha sendo o conector entre o povo e o mercado, inclusive contratando domésticas e casas de praia. Sem desmerecer a classe média da favela, esta a qual me refiro ainda é enorme, tem voz, educação, passado e deseja ter um futuro, se o PT for extirpado do governo.

A elite financeira do país pouco ligava até há pouco. Tinha absoluta certeza que navegava em águas tranquilas, com um governo de coalizão comandado e idealizado pelo PT, onde o PMDB comanda uma montanha do orçamento, enriquecendo seus principais dirigentes, membros, etc. enquanto o PT e os aliados da esquerda (PCdoB, em especial) sujam as mãos nas falcatruas e promovem sua agenda ideológica dentro e fora do país. Essa elite não liga que os governantes de Brasília tenham aproveitado para aboletar companheiros em cargos bem remunerados (o dízimo que financia o partido é do povo brasileiro, que paga seus salários, esse povo transformado em poleiro do gordo e farto, penoso, PT), contanto que fature como sempre.

A elite financeira e empresarial, agora, preocupa-se. Fala-se que o modelo petista tornou-se insustentável. Os lucros serão tabelados, as estatais agigantadas entram em toda área, o BNDES cobra pedágio caro para ser a Bolsa-Empresa do país. A essa elite, seus colegas e sócios de fora das fronteiras tupiniquins lhes dizem que a festa acabou, que a percepção é terrível e que o Brasil esgotou o modelo assistencialista e ineficiente. Chega de dividir. Esta na hora de criar.

Toda essa introdução por quê?

O novo Tsunami não deveria ser comandado, dirigido ou orientado por economistas ou apenas burocratas. Sonhar é possível. Propor também.

Dedico todo o meu respeito ao economista, esse nobre profissional, mas se na década de 90, se na era FHC, foram os economistas que comandaram o país e indicaram o caminho, dessa vez eles servirão a outros tipos de pessoas, servirão a humanistas menos versados em números e mais em mobilidade social.

O PT teve o mérito (sim, ninguém é 100% bom ou 100% ruim, apesar de o PT, especialmente seus dirigentes, estarem atingindo quase a perfeição de fazerem tudo errado) de mostrar o quanto importa tirar da pobreza muita gente e permitir-lhes a entrada no mercado de consumo.

O novo governo sucessor do PT deverá mostrar como permite-se a entrada do brasileiro no mercado de trabalho. Note bem, leitor, não falo em emprego, mas sim em trabalho.

Isso porque humanistas são aqueles que buscam dignificar o ser humano, e não humilhá-lo ou diminui-lo, dão a vara de pescar, não o peixe. Dão livros, não diplomas. Dão teares, não chapéus.

Os humanistas precisam acabar com a CLT. Um novo governo promoverá o trabalho no Brasil, através do enterro da CLT e da reforma por completo, radical, da Justiça do Trabalho. Não se trata de neoliberais, como alguns desejarão colar o rótulo. Empreender é trabalho. Esperar é emprego.

A noção de miserável (in dubio pro misero) tão utilizada na Justiça do Trabalho, nas leis, doutrina e jurisprudência, precisa ser enterrada com pá de cal. Apequenar o trabalhador precisa encontrar o fim do seu ciclo.

E nada de colocar o dedo na cara do empresário, condenando-o por buscar o lucro, por estabelecer a ordem em sua organização e por exercer sua autoridade no comando da atividade produtiva.

Infantilizar o trabalhador, o ser humano, por meio de legislação e prática anacrônicas como a trabalhista remete, invariavelmente, ao Ditador Vargas. Este optou por manter o trabalhador ignorante e manobrável, na ilusão de que o Estado provia a justiça contra a hipossuficiência. Na verdade, injustiça é a IGNORÂNCIA, que se mantém forte.

O humanista deverá valorizar a pessoa, sua mobilidade social, sua ascenção, por meio da educação, por meio da disciplina. Como o Papa Francisco sugere, como um jesuíta faz. Metodicamente, com um sorriso, mas sem complacência com o desperdício, a nobreza, a preguiça ou a politicagem.

Enfim, humanista parece educador, mas seria pouco para defini-lo.

O ponto fundamental, entretanto, para uma sociedade feliz é ter um governo eficiente, em que não só a lógica econômica ou financeira prevalecerá (daí os economistas serem fundamentais, mas na coxia, atrás do palco). O momento é para alguém efetivamente promover mudanças, desafiar estruturas, mentalidades, visando um salto do Brasil adiante, pois mais do mesmo (como faz o PT) não beneficiará uma geração... muito menos uma eleição.


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