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A Era da Monarca e seu fim

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Enquanto escrevo essas linhas, constato com pesar que a monarca Elisabeth II está em seu leito de morte, ladeada por membros de sua família, segundo informam as agências de notícia. Tudo se prepara para a partida dessa servidora britânica. Ainda que a chefe de estado de vários países, como Reino Unido e Canadá, não tenha agido diretamente para governar e alterar o destino desses mesmos, já que ditado por suas populações e seus políticos, foi durante sua era que o mundo experimentou o melhor da história humana. Tendo tomado posse em 1952, a jovem monarca foi contemporânea da reconstrução européia , que culminou inclusive na união dos países formando a atual União Européia . Em geral, a Europa usufruiu de grande paz durante todo seu reinado, o pós-guerra tendo sido chamado de anos gloriosos em razão do otimismo e crescimento econômico com inclusão social. Os conflitos europeus (sobretudo na vizinha Bósnia, e agora na Ucrânia) não podem ser negligenciados, sendo entretanto inegável qu...

O Salvador: um imaginário brasileiro, manipulável.

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Manipular o imaginário brasileiro não é tão complexo como poder-se-ia pensar. Além de sonhar com um Salvador da Pátria, o brasileiro sonha em abolir a corrupção e aquele que prometer tal feito, de forma mais crível, receberá votos. Simples assim. Tendo sempre sido um país profundamente corrupto, a despeito das maravilhosas leis  e discursos que povoam sua história, o Brasil é como aquele time talentoso que jamais ganha um jogo. A frustração dos brasileiros de todos os matizes é constante. Visitemos os mais conhecidos paladinos da moralidade da história recente brasileira. Em 1960, Jânio Quadros exibia sua vassoura que varreria os ladrões da administração pública. Esse formato divertido e acessível convenceu boa parte da população, tendo-o eleito na esperança de salvação do país. Jânio viria a renunciar à Presidência da República em 1961, sete meses após tomar posse. Daí em diante, a irresponsabilidade daquele demagogo iniciou a sequência desastrosa de fatos desagregadores, cul...

As Novas Guerras Púnicas

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Plutarco disse em " A vida de Marcus Cato " que Scipio Nasica foi o único líder romano que compreendeu as desvantagens da completa destruição de Cártago pelo poderoso Império Romano .  A crítica de Scipio é descrita por Will Durant em sua obra  Caesar and Christ , Ed. Simon & Schuster, NY, p. 35: " Roma manteve-se grande enquanto seus inimigos lhe forçaram a ter união, visão e heroísmo. Quando ela os superou a todos, floresceu por um período e depois começou a morrer ".  O Império Romano desapareceu na Europa no Século V, e no Oriente no Século XV (com a queda de Constantinopla para os Otomanos), mas sua herança civilizatória, inclusive jurídica, ainda influencia o mundo em que vivemos. Conhecer a história é necessário, pois ela costuma se repetir.  Eliminar totalmente o inimigo causa  soberba ao vitorioso, passo inicial para sua decadência e desaparecimento, por seu próprio convencimento e repetido descuido. O filósofo Francis Fukuyama cedeu à tenta...

Mercenários: nada a perder, tudo a ganhar e a pilhar

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Desde muito jovem, fui sensibilizado e sensibilizo-me pelo que há de errado no mundo, inclusive a desonestidade . Cada um usa seu percurso pessoal, sua vivência, para buscar entender e inserir-se no mundo. Esse post visa entender dilemas no Brasil de hoje a partir de minha visão (você certamente terá sua própria). Tenho plena consciência de minha sorte em ter nascido e sido criado em um ambiente onde o senso de realidade era presente, em que a alegria e o sofrimento eram sabidos como condição humana. O conforto material e a comida sobre a mesa sempre foram um privilégio reconhecido, valorizado e agradecido. Jovem ciente de que o mundo precisava ser melhorado, interessei-me por idéias revolucionárias, próprias ao espectro da esquerda política . Valorizar o ser humano " contra o jugo dos poderosos de toda sorte " (políticos, econômicos, influentes, etc.) sempre me pareceu justificado. Posteriormente, tomei consciência de como muita gente manipula o ideal da Justiça , sobretudo...

Brasil: jeitos de se ganhar um jogo (eleição?)

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Sou um ex-esportista amador do volley. O esporte de equipe, fundado em técnica, rapidez e agilidade, fez-me muito bem e cheguei até a treinar com jogadores que posteriormente continuaram se superando e integraram a seleção brasileira de volley dos anos 80. Aprendi muito dentro e fora das quadras sobre competitividade. Aprendi especialmente que, quando os adversários eram extremamente bons, melhores que meu próprio time, deveríamos conseguir ao menos devolver a bola ao campo adversário, esperando que errassem, se distraíssem, mantivessem-se convencidos de sua majestosa superioridade, desta forma ganhando ponto e, quem sabe, até mesmo o jogo todo a despeito de muitos pontos perdidos... A mesma coisa ocorreu depois, quando migrei para o tênis, ainda que tenha o praticado em intensidade e qualidade muito inferiores à adolescência do volley. Eu sabia que, para ser competitivo, precisaria manter-me na quadra, no jogo. Eu deveria deslocar-me bravamente para pegar a bola, sem contundir-me, dev...

Rússia: muito além de estado-terrorista é um ladrão sanguinário.

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A Ucrânia está sendo sangrada há seis meses, desde o início da invasão russa. E o motivo fica cada dia mais claro: Putin e sua gangue mafiosa sempre quiseram roubar as riquezas do país vizinho, assim como já fizeram com a própria Rússia.  Criminosos com armas atômicas são a pior ameaça enfrentada pelo mundo atual. Os russos não passam de latrocidas bem armados que aterrorizam o mundo com ameaça atômica e assassinatos seletivos em países variados, inclusive ocidentais. As nações civilizadas ainda não ousaram enfrentar esses genocidas de frente. Demorou muito para reagirem em uníssono, como fizeram contra Hitler e o império japonês há quase 80 anos.  Dados sobre a pilhagem russa foram publicados no Washington Post essa semana . O genocida Putin e seus comparsas no terror estruturaram seu arsenal para roubar riquezas dos vizinhos ucranianos. E o fazem nutridos das informações fornecidas pelo ex-presidente ucraniano e colaboradores traidores , exilados no Kremlin durant...

Pragmatismo não garante eleição.

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Recente pesquisa da AT Kearney mostra que o Brasil ascendeu no índice de confiança junto ao investidor estrangeiro. Mas não é suficiente. Em 2018, quando iniciou-se o Governo Bolsonaro, o índice provava a desconfiança de investidores na economia brasileira. Da posição 12 em 2016, o processo de Impeachment de Dilma e as revelações bombásticas de grande corrupção no processo Lava-Jato jogaram o país para a posição 25 . Em 2022, com dados recolhidos antes da Guerra da Ucrânia, o Brasil subiu apenas 3 pontos , atingindo a posição 22 . Note-se que a pandemia atingiu em cheio países não-centrais, sendo, de qualquer forma, ao meu ver, uma bela conquista. A administração Bolsonaro vem sendo marcada por conflitos políticos e a incessante provocação por parte da mídia tradicional, alinhada com segmentos da esquerda acostumados a privilégios sem imputação de responsabilidade. Seu governo cortou financiamento a jornais e redes de TV, antes promovido por meio de propaganda estatal. Ao reduzir ...

Europa na encruzilhada ética e econômica

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 O projeto institucional europeu surgiu da necessidade de países do continente criarem interdependência visando o diálogo constante e a paz. A Europa de 2022 está sendo confrontada com dilemas éticos e econômicos. O dilema ético advém da crise energética e da invasão bárbara russa sobre a Ucrânia.  Tendo desligado muitas de suas centrais nucleares e outras fontes ditas poluidoras, países (sobretudo Alemanha) cederam decisões estratégicas a partidos políticos e a grupos ambientais extremistas (além de profunda corrupção, como provado pela ligação de ex-chanceler alemão ao genocida russo ). Ao não planejarem responsavelmente a transição energética local e sustentável, a Europa vê-se refém da Rússia, esse país conduzido por um genocida como Putin e sua oligarquia criminosa. Os europeus sabem distinguir entre certo e errado, mas não poderão fazer a coisa certa, nesse caso. É absoluta sua dependência da fonte de energia russa. Não há alternativas viáveis e suficientes . Já se fala...

Brasil e a OCDE na América Latina: um possível fracasso?

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Insurjo-me contra correntes majoritárias, quando entendo que possuem premissas falsas. Assim, ouso questionar. Ouso inclusive verbalizar tal questionamento, o que por vezes pode causar reações exacerbadas, sobretudo por parte dos dogmáticos, dos adeptos a verdades absolutas. Isso remete-me à ótima charge do Quino (inventor da sensacional Mafalda): Um assunto até hoje limitado aos corredores do Planalto tem surgido na mídia e na academia brasileiras, nos últimos meses: a adesão do Brasil à OCDE. Desde que o Min. Paulo Guedes tem-se reunido com membros da organização , o assunto tem sido citado, mas ainda permanece periférico, superficial, estéril. Adotar regras de países ricos, abandonando originalidade e autonomia, para atrair negócios e investimentos, faz parte da triste história brasileira. Eu tenho estudado, há mais de 30 anos, a importação de regras por países emergentes, por meio de uma disciplina e técnica denominada Direito Comparado . Vários transplantes legais serviram a propó...

A tragédia amazônica e a caça às bruxas

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O crime bárbaro que vitimou um indigenista e um jornalista de envergadura fez manchete nos últimos dias. Cientes que poderiam enfrentar resistência da população local, ou algo pior, destemidos investigadores aventuraram-se pela selva munidos apenas de boas intenções. Infelizmente, malfeitores cruzaram seus caminhos e lhes ceifaram as vidas, de forma ignóbil, vil. A despeito do horror do crime, rapidamente - como tudo atualmente no Brasil, nos EUA e outras paragens - a politização ocorreu, pela via da imprensa opiniosa. E sobre isso, nada melhor do que ler essa abordagem corajosa e lúcida, por Luciano Trigo . A cada momento, todo cuidado é pouco para se ler agências de notícias e boletins noticiosos. A fronteira amazônica é porosa, impossível de ser fiscalizada. Todos os países amazônicos são obrigados a preservar a floresta, impedindo a ocupação humana, sua "civilização", o que aproveita ao narcotráfico. Relatos de militares que já serviram na região indicam que nenhum país a...