Pragmatismo não garante eleição.

Recente pesquisa da AT Kearney mostra que o Brasil ascendeu no índice de confiança junto ao investidor estrangeiro. Mas não é suficiente.

Em 2018, quando iniciou-se o Governo Bolsonaro, o índice provava a desconfiança de investidores na economia brasileira. Da posição 12 em 2016, o processo de Impeachment de Dilma e as revelações bombásticas de grande corrupção no processo Lava-Jato jogaram o país para a posição 25.



Em 2022, com dados recolhidos antes da Guerra da Ucrânia, o Brasil subiu apenas 3 pontos, atingindo a posição 22. Note-se que a pandemia atingiu em cheio países não-centrais, sendo, de qualquer forma, ao meu ver, uma bela conquista.


A administração Bolsonaro vem sendo marcada por conflitos políticos e a incessante provocação por parte da mídia tradicional, alinhada com segmentos da esquerda acostumados a privilégios sem imputação de responsabilidade.

Seu governo cortou financiamento a jornais e redes de TV, antes promovido por meio de propaganda estatal. Ao reduzir drasticamente as receitas fáceis que obrigavam governos a comprar a simpatia dos meios de comunicação com recursos dos contribuintes, Bolsonaro tornou-se alvo fácil e constante. Há anos acompanho Folha e Estado de SP e outros grandes jornais brasileiros. Fico surpreso ao constatar que todo dia - sim, todo dia - Bolsonaro é citado nas manchetes com grande destaque, sempre pejorativamente, em tom jocoso, negativo. O seu mandato tem seguido essa rotina, estejam os jornalistas com ou sem razão (sim, por vezes o mandatário número um dá razões às críticas, sobretudo por sua incontinência verbal).

Saudosistas petistas e da extrema-esquerda sonhadora da implantação do regime cubano no país jamais aceitaram a legitimidade da eleição de Jair Bolsonaro. Para eles o eleito representa passado obscuro de ditadura e tortura. Trata-se de uma miragem, já que fatos  relacionados à sua gestão não sustentam nenhuma linha dessa narrativa falsa. 

O resultado é a batalha constante entre Presidente e mídia, em um país que há mais de 3 anos não vê qualquer escândalo de corrupção minimamente comparável à magnitude da roubalheira perpetrada pelo PT de Lula.

A percepção de investidores é importante, pois influencia decisões estratégicas de grandes corporações e fundos de investimento. A transferência de tecnologia a um país que pouco a desenvolve é fundamental, pois o Brasil depende historicamente da exportação de commodities minerais e agrícolas. Há raras exceções de indústrias heróicas e competitivas, como é o caso da Embraer, resultado de um período ufanista em que sonhar soberanamente não era crime.

Ainda que o otimismo ganhe do pessimismo em relação ao Brasil, como informado no gráfico abaixo, pode-se dizer que, em comparação a outros países, há ceticismo. Note-se que a pesquisa não havia sido feita após o ex-presidiário Lula apresentar chances de vir a ser eleito Presidente da República:


 
É interessante notar que, para haver investimento, deve haver ambiente de honestidade percebida, pois investidores colocarão recursos próprios e de terceiros no país:


Trata-se, portanto, de um contrasenso em matéria de confiança e governança a possível eleição de Lula, um ex-presidente carismático e comprovadamente corrupto, condenado por mais de 20 juízes e desembargadores federais.

Militantes pró-Lula se gabam que a Lava-Jato é mera construção de opositores políticos (magistrados), entretanto tal falácia não se sustenta aos que conhecem minimamente a estrutura judiciária brasileira. Os juízes que condenaram Lula e sua gangue eram concursados, diferentemente dos ministros do Supremo Federal que foram escolhidos entre amigos simpáticos aos donos do poder. Os magistrados que condenaram Lula ascenderam por mérito e possuem longa ficha de trabalho. O que livrou Lula da cadeia, permitindo tornar-se candidato, foi a hierarquia tradicional brasileira, onde os poderosos destróem o mérito, garantindo que seu poder, prerrogativas e privilégios lhes isolem das regras ordinárias, como em qualquer sistema oligárquico. 

Nas eras Lula e Dilma hordas de assaltantes furtaram o estado e empresas controladas pelo estado (como a Petrobrás) com as bençãos e em benefício destes, em esquemas bilionários. Muitos desses criminosos cumpriram anos de prisão e pagaram pesadíssimas multas, não apenas no Brasil, mas também no exterior como exigido pela americana SEC.

É fato que o brasileiro comum é mal formado e desinformado. A educação nacional anda péssima. A escola primária e secundária é horrível, não formando cidadãos ou técnicos profissionais minimamente preparados para compreenderem o sistema, muito menos denunciarem e combaterem abusos dos poderosos, indignando-se.

Além disso, o povo brasileiro é facilmente manipulado, assim como os estrangeiros que sucumbem às narrativas prontas, produzidas por mídias tradicionais e ativistas travestidos de acadêmicos promotores da idolatria a um ladrão e à sua gangue.

Bolsonaro conduz, desde a posse, um governo economicamente pragmático, mas peca por se comunicar muito mal. A má economia derruba um governo. A boa economia não é, entretanto, garantia de recondução de um bom governo pragmático.

O governo Bolsonaro cometeu crimes na gestão da pandemia, desorientando a população e ampliando desinformação e sofrimento, pelo qual deveria haver processos e a punição de culpados, observado o devido processo legal. 

As coerentes e boas decisões econômicas não foram jamais suficientemente louvadas a ponto de permitirem impulsionar em popularidade um presidente boquirroto e confrontativo. Ainda que a economia cresça, em meio a um mundo recessivo, apresentando taxas de desemprego  admiravelmente baixas, pouco se lê ou ouve de positivo a respeito da administração Bolsonaro.

Em um país cujo nível educacional é insuficiente, é preciso oferecer circo ao povo, além do pão. 

E no quesito circo, Lula e seus militantes/ativistas são campeões: competentes, treinados, obedientes e eficazes. 

Dois exemplos:

Certos juristas vinculados à USP, faculdade alinhada ao partido de Lula e à sua militância,  promoveram a divulgação (mundial) de uma carta pela democracia. Trata-se de uma falácia, de uma peça de propaganda no melhor estilo trotskista. Não se aponta ter havido no país, por parte do Poder Executivo atual, medida  alguma violadora de leis ou da Constituição que permita alinhar narrativa a fatos concretos. O intento é ilegítimo e manipulador, não merecendo crédito por pessoas minimamente alfabetizadas e informadas.  

Inexistem no Brasil atual fatos similares aos vividos na ditadura militar à qual se referem, como tortura, cassação de mandatos parlamentares e atos terroristas comunistas ou da extrema-direita, como no período 1964-1985. Caso tivesse havido, certamente a mídia denunciaria, já que esse foi o governo mais investigado desde a redemocratização.

A pitada épica ao circo iniciado pela tal carta da USP, oferecido pelo Brasil ao mundo dos investidores, vem de alguns banqueiros e líderes empresariais, que entoaram o mesmo canto, emitindo suas infudadas preocupações de ameaças à democracia. 

Tais signatários aludem à possível fraude eleitoral que seria perpetrada contra o atual Presidente, nas eleições de 2022. A legítima preocupação sobre a possível violabilidade das urnas eletrônicas, outrora discutida publicamente, tornou-se (assim como nos EUA de Trump) tabu, cujo questionamento resulta em Autos-da-Fé, com sacrifício de hereges em praça pública e encarceramento (como já determinado por Ministros do Supremo Tribunal Federal, em certas ocasiões). Isso sem falar da censura por gigantes da mídia, como Twitter e Facebook. 

Note-se que o protecionismo oferecido a vários dos signatários do manifesto empresarial, durante gerações, permitiu a perpetuação da mediocridade no país que se resigna a ser pouco competitivo nos setores desses próprios signatários... Isso não constitui mera coincidência a quem conhece um pouco de sua história econômica. O interessante é que esses mesmos signatários, por vezes, reclamam da fuga de cérebros e talentos do Brasil...

Desenha-se, portanto, um cenário kafkiano.

Um governo impopular, ruim de discurso e de comunicação, produz uma excelente condição econômica em um mundo conturbado por uma guerra genocida. Mesmo assim, parte importante da população - inebriada pelas narrativas majoritárias lideradas por acadêmicos de esquerda (admiradores dos privilégios estatais e ferozes opositores da competitividade capitalista) e a mídia corrupta -  poderá optar (ainda há esperança de essa tragédia não ocorrer) por votar em um criminoso que garantidamente imporá velhas práticas, bem ao sabor dos oligarcas e privilegiados-amigos-do-rei.

Ao final, talvez seja melhor mesmo viver em um circo:

Ver palhaços dando piruetas e não encarar a realidade, ouvir belos discursos e  esquecer da carteira furtada por gente esperta... seria esta a melhor opção ao eleitor brasileiro nas eleições de 2022?...

Pobre Brasil... que pouco tem do que sorrir.
 

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