A esquerda e a política: nostalgia perigosa
Influenciadores.
Formadores de opinião.
Instrutores.
Sábios.
Professores.
Gurus.
Todos acima são funções, não pessoas, às quais a sociedade dá crédito e legitimidade em razão da contribuição que podem dar à coletividade.
Essa legitimidade advém unicamente da demonstração histórica de que a acumulação de conhecimento e experiências permitirá reduzir o tempo de avanço rumo à prosperidade e à civilidade em uma sociedade.
O ser humano, assim como qualquer organismo vivo, preza a preservação de energia. Daí dizermos que temos preferência pelo ócio. Sonhamos com fortuna fácil e vida prazeirosa, sem grandes esforços ou sofrimentos.
Nosso organismo nos tornou prevalentes sobre a terra em virtude da capacidade de armazenamento de energia. Onívoros, conseguimos converter quase tudo em energia e a despendermos gradualmente, permitindo irmos muito além da sobrevivência, sobrando-nos tempo para várias atividades, inclusive racionais.
Nossa civilização aprendeu a estocar, a prever colheitas e preparar-nos para estiadas e entressafras, adaptarmos a climas variados, comprovando que compreendemos a importância da economia de energia visando o ótimo aproveitamento dos recursos.
Por vezes, tempos de abundância nos fazem esquecer dessa qualidade que nos diferenciou dos demais animais sobre a terra.
Como humanóides, temos uma capacidade incrível de reciclarmos o conhecimento visando instruirmos nossos próximos não apenas a sobreviverem, mas sobretudo a progredirem e preservarem a espécie.
Tais motivos vão muito além da racionalidade.
Universidades foram criadas exatamente para haver mais informação disponível, permitindo que o conhecimento fosse desconcentrado. Essa popularização do conhecimento, começando pela imprensa de Gutenberg que, em 1440, na Alemanha, permitiu acesso ao livro mais demandado à época - a Bíblia - fez com que o estudo, a cerebralização do trabalho substituísse o trabalho braçal.
O conhecimento reduz o esforço, gerando muito melhor resultado. Estudar deveria permitir, assim, com que a sabedoria conquistada fosse um encurtador do tempo rumo ao conforto, segurança e prosperidade.
Com o advento da super-estrada da informação, nas palavras do mega-empresário Bill Gates, adquirir, guardar e manipular informação ficou muito mais acessível e fácil, popularizando-se.
Adquirir conhecimento e sabedoria não pode ser representado meramente por um diploma, isso sabemos também.
Apenas na fábula do Mágico de Oz um diploma faz germinar um cérebro em espantalho.
Na vida real, o diploma atesta a frequentação de cursos, a passagem por certas provas.
O diploma é apenas um dos vários elementos que faz um sábio ou legitima efetivo e útil conhecimento, como tive oportunidade de explorar também nesse artigo.
ESQUERDA FESTIVA
O mundo é imperfeito, o que faz com que a demanda por evolução sempre ocorra.
O mito de Adão e Eva, agraciados pela vida no paraíso, mas ainda assim insatisfeitos e prontos a explorarem alternativas que os igualassem ao seu criador, demonstra o quão nós, seres humanos, somos tentados a mudarmos algo, inclusive a deixarmos o paraíso em busca de coisas novas... por vezes a um custo imenso ou irrecuperável.
Há aqueles que lêem o mundo e o adaptam, visam melhorá-lo evolutivamente para si, mas sobretudo (há vários bons exemplos daqueles que fazem isso) para gerações vindouras. Somos cientes da efemeridade de nossa existência, mas também da responsabilidade com o futuro.
Há outros que abominam o mundo. Desejam simplesmente destruí-lo, pois detestam o formato atual por diversas razões e traumas (verdadeiros ou ilusórios), certos de serem capazes em criar outro mundo, à imagem do que imaginaram, idealizaram. Ou à imagem de idéias que lhes foram impregnadas, estranhas à sua própria experiência ou de seus ancestrais. Há também o modismo da mudança pela mudança...
Mudar, sem nada perder, é desejo eterno do humano acomodado.
Mudar implica em colocar muito, ou mesmo tudo, a perder... Abandonar um lugar exige estar em outro.
Abandonar pessoas, grupos ou tribos não enseja automaticamente o pertencimento a outras pessoas, grupos ou tribos...
A diferença entre radicais progressistas e radicais conservadores se fundamenta, em grande parte, na constatação de que esses acreditam poder jogar fora a água suja sem o bebê, enquanto que aqueles acham necessariamente que o bebê sempre irá embora com a água suja.
Os moderados guardam o mundo, mas as mudanças têm sido definidas, lideradas e conduzidas quase sempre pelos radicais. O absenteísmo no processo democrático dá autoridade a essa afirmativa, como examinei nesse artigo escrito há mais de três anos.
O comunismo foi um movimento que denunciava a exploração do ser humano por seu semelhante, propondo novo formato social. Como idéia, ninguém discorda, mas na prática, na política, é um lixo.
O problema é que ser de esquerda (origem da descrição está na Revolução Francesa, em que revolucionários sentavam-se à esquerda, na Assembléia Nacional, ficando conservadores à direita) passou a equivaler a ser comunista ou socialista, após a invasão da ideologia marxista no ocidente.
Ou seja, ser de esquerda era ser revolucionário na França imperial. Era o antagonismo à autocracia ou à ditadura, à monarquia absoluta... algo que a esquerda política atual, socialista, prega e pratica (sob mantos da mentira e simulação).
Assim sendo, a dissonância cognitiva daqueles que aderem - como aderi no passado, quando muito jovem e inexperiente - à esquerda política decorre da ilusão de que estão defendendo a evolução humana, o progresso, quando na verdade e na prática estão propondo, nos dias atuais, o totalitarismo unitário em que qualquer dissenso é esmagado impiedosamente (não à toa, serem os primeiros a pregarem pela censura às redes sociais).
Meu tio-avô era um burguês-comunista convicto até conhecer os horrores cometidos por Stálin (Holodomor, Gulags, guerras), e depois por Mao (fome e revolução cultural), como descrevi nesse artigo. Atualmente ele teria sido designado de Socialista de iPhone, pois viva numa casa confortável, com serviçais, e organizava greves desses para desespero de seus pais e familiares.
Ele descobriu, já jovem adulto e para sua enorme desilusão, que o comunismo - ou o esteticamente mais aceitável socialismo - é doutrina que, na prática tem matado milhões, baseando-se em castas todo-poderosas que subjugam e desumanizam cidadãos, transformados em escravos. Nada como conhecermos a história dos Gulags (ou as atuais fazendas de charutos cubanos) para entendermos a dinâmica .
Só que a nostalgia da esquerda ocidental persiste em votar em candidatos que de democratas nada têm.
A degradação na política representada por políticos de esquerda está acontecendo abertamente... em todo o mundo.
Percorra meus artigos para constatar e, sobretudo, comprovar, pois não apenas alego: demonstro.