Mudar o mundo: o discurso do reitor woke

Essa semana fui a uma cerimônia de formatura.

Distribuíram-se diplomas a bacharéis, mestrandos e doutorandos.

Foi em uma universidade francófona de Montreal, reputada por sua tendência extremista à esquerda, formadora de sindicalistas, recrutadora de militantes radicais, mas com excelência em certas áreas sobretudo fora das ciências humanas. Sua faculdade em administração de empresas é apreciada como técnica.

Desejo relatar parte do ocorrido na formatura, sob minha lente.

Formatura é sempre uma festa bonita, sobretudo na América do Norte.

Há a tradição dos chapeuzinhos quadrados, lançados ao alto ao final do evento solene. Os formados dão urras! de alegria por terem concluído mais uma etapa do que deveria ser uma trajetória de aprendizado (auto-conhecimento, sobretudo).


Como professor há quase 30 anos, regojizo-me ao ver a alegria dos formandos. 

A quase totalidade terá se dedicado ao propósito original de entrar em uma universidade para abrir os próprios horizontes, capacitar-se a ver o mundo, habilitar-se para cumprir a missão profissional em uma sociedade organizada.

Assim, ao concluírem seus cursos, poderão aumentar o bem-estar da sociedade que lhes concebeu, promovendo prosperidade e bons serviços à coletividade, em variados segmentos.

Só que aí vem o discurso do reitor... Ele se quis mais comediante do que realmente se esperaria de um representante-chefe de uma instituição de ensino superior pela qual passaram mais de 300 mil alunos em 57 anos, segundo informado no discurso.

O discurso do reitor poderia ser resumido ao título imperativo acima: MUDEM O MUNDO!

O reitor agregou elementos-chave em seu discurso, do tipo "fujam de dogmas" e outros lugares-comuns para adornar seu propósito ativista centrado nas próprias convicções. Tentou tornar mais acessível um discurso a um público que estava mais preocupado com a festa pós-formatura do que em ouvir um togado discursar delirantemente em um lustroso pódio.

Pensei cá comigo: como assim "MUDEM O MUNDO"?

O que os jovens SABEM do mundo para eu delegar a eles qualquer mudança? 



Ao meu ver, eles deveriam entrar na universidade, sobretudo no bacharelado e no mestrado, para ENTENDEREM o mundo, suas instituições, observando a pirâmide do processo de aprendizagem acima. 

Ou seja, a primeira tarefa de uma universidade é desmistificar bobagens que todos ouvem, o tempo todo. Pode-se fazer isso por meio de variados métodos científicos.

Querer que jovens entrem em uma universidade desprovidos de capacidade de compreensão do ambiente em que vivem, e sobretudo em que viverão, para que se tornem AGENTES DE MUDANÇA, é puro MILITANTISMO

Ou bem pior, configura o RECRUTAMENTO DE IDIOTAS-ÚTEIS por parte dos próprios dirigentes universitários e professores, como aduzi da alocução do tal pomposo reitor.

Isso explica muita coisa do que temos visto hoje... o absurdo, a distopia dos tempos atuais tornada exponencial pelo fenômeno da hiperconectividade.

Isso também explica a má-vontade generalizada ao raciocínio pela atual geração, que se auto-intitula ATIVISTA sobre tudo e sobre todos, que coloca sentimentos acima de fatos, que desejam mudar apenas para confortarem seus vieses de confirmação. 

A tal Greta é a garota-poster da imbecilidade juvenil ativista...

Essa geração, cujos mestres professam precisar ser REVOLUCIONÁRIA, não consegue nem mesmo passar da fase da OBSERVAÇÃO (ou da busca de DADOS).

Por conseguinte, é uma geração que ignora ESTRUTURAS

E quem desconhece ESTRUTURAS ou DINÂMICAS SOCIAIS COMPLEXAS ignora princípio básico, de causa e efeito, sendo facilmente manipulada por desonestos.

O que vi, portanto, no discurso do tal reitor, foi a promoção do ativismo na ignorância, como se o canudo fosse garantia de sabedoria.

O reitor praticamente confessou: vocês são bonequinhos, autômatos, que servirão à manipulação por gente desonesta, porque eu e outros falamos que vocês devem MUDAR O MUNDO... obviamente que adotando a cartilha que o tal reitor e sua claque acham ser a fórmula da engenharia social que abraçaram (ou na qual foram doutrinados).

Eis o que sugiro como discurso que poderia ter sido proferido por esse e qualquer outro reitor: 

- Queridos alunos, agora que conhecem a técnica, que foram instilados em ética profissional por exemplares professores que lhes mostraram a ver todos os ângulos e a pesquisar com isenção, recebam esse canudo e contribuam ao mundo. Façam sua parte para devolverem à sociedade que tanto lhes deu, continuando a provê-la e, no que for possível, ajude-a a evoluir, a se modernizar, valorizando e cuidando bem de todo o conhecimento acumulado nos últimos milênios, do qual vocês são os herdeiros, já que jamais vivemos uma era com tanto acesso a bens tangíveis e intangíveis. Não cedam à tentação de tudo desmontar, tudo destruir, não neguem sua história, sua origem, edifiquem sobre o que herdaram. Vocês são privilegiados, a elite e o futuro do mundo: cuidem bem dele!

O tal reitor perdeu A OPORTUNIDADE de inspirar futuros profissionais. Optou por dizer-lhes: tudo está errado, mudem isso tudo... Eu apenas concordo em uma mudança: substituir o tal reitor por alguém com bom senso e senso de realidade, desmisitificando o canudo.


Sobre o palco, em meio a 200 formandos e 800 familiares e amigos, duas idiotas-úteis bradaram bandeiras ou símbolos palestinos, no que foram (surpreendentemente) aplaudidas por, no máximo, 10 pessoas (certamente seus "amigos"), sendo ignoradas pela esmagadora maioria. 

A essa altura, mais de 600 dias depois do ataque horrível que provocou a guerra contra o terror empreendida por Israel, a maioria das pessoas já entendeu que a causa palestina não passa de farsa criada para esconder o puro e vil antisemitismo e a insistente tentativa de inviabilizar a vida normal e finalmente erradicar judeus da região. As bobinhas no palco apóiam a tentativa de criminalizar a existência de Israel, único estado judaico situado em meio a imensos 22 estados muçulmanos (basta olhar um mapa mundi para combater tantas bobagens publicadas e ditas diuturnamente pelos antisemitas). Confira aqui.

Ah! O tal reitor ainda aproveitou para manifestar sua síndrome anti-Trump, questionando sua eleição e legitimidade, citando-o duas vezes. O reitor, no melhor espírito de corpo desprovido de qualquer auto-avaliação, condenou a corajosa iniciativa da atual administração americana de paralisar totalmente o financiamento público de universidades reputadas que promovem aberta ou subrepticiamente a perseguição de alunos judeus... 

Ou seja, o tal reitor woke vive uma realidade paralela, comete um equívoco moral atrás do outro, coroando a imprestabilidade do seu discurso.

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