Divide et impera

Mais de 22 séculos atrás, o Imperador romano Júlio César aplicou a antiga estratégia militar de dividir para conquistar a Gália, atual França. Os cartunistas Uderzo e Goscinny imortalizaram em comédia o movimento de resistência aos romanos, representando-o nas tirinhas de Asterix que ganharam simpatia do mundo por seu humor, com fundo de verdade (a necessidade de resistir aos invasores, tanto brutos quanto ardilosos).

César dividiu os franceses como estratégia de conquista. Ganhou todo o território gaulês colocando regiões francesas umas contra as outras, infiltrando-se e finalmente prevalecendo.




Seguindo a mesma estratégia, o Império Britânico (sim, esse representado atualmente pelo Rei Charles da Inglaterra) colocou tribos árabes lutando entre si para conquistar a península arábica, lá se mantendo até a década de 1930. Fizeram isso para sugar as riquezas da região, sobretudo o petróleo. Utilizando a mesma estratégia de César, os britânicos impuseram fronteiras artificiais aos povos árabes. Não possibilitaram qualquer prosperidade ou organização espontânea às comunidades que existiam havia milênios na região.

A herança desastrosa deixada pelo Império Britânico resultante de sua estratégia de dividir para conquistar cristalizou uma situação de conflito não resolvida até hoje. Ao imporem fronteiras artificiais, criando países árabes com autocratas ou tiranos no poder, os ingleses semearam o conflito e o sofrimento, que se colhe até hoje.

Os europeus fizeram exatamente a mesma coisa na África, Ásia e América do Sul, criando fronteiras artificiais desconectadas da realidade social, e mais ainda, alheias às necessidade dos povos locais. O resultado é a incapacidade desses países em se organizarem eficientemente, permanecendo fracos e submissos a uma ordem que eles jamais escolheram, tendo-lhes sido impostas de fora para dentro. As traições de povos vizinhos entre si ou mesmo entre membros das mesmas tribos, orientados e comprados com vantagens fúteis pelas potências estrangeiras, deixaram um rastro destrutivo que ainda persiste.

Os comunistas, bem estruturados após a Revolução Bolchevique, seguiram o mesmo livro das estratégias de conquista. Por meio de espionagem, infiltrações (no meio intelectual, artístico, político, por vezes econômico) e outras estratégias testadas e comprovadas incutiram idéias e impuseram pessoas a sociedades que precisavam ser divididas, para em seguida serem conquistadas e dominadas. Enquanto inebriavam-se (sendo manipulados) em romances revolucionários, tecidos sociais foram sendo progressivamente destruídos, desestabilizando países inteiros que sucumbiam a potências hegemônicas ou facções internas. A queda do muro de Berlim demonstrou a falsidade do teatro comunista.

A história está cheia de exemplos provando que o lema dividir para conquistar é poderoso e, bem executado, pode resultar em vitória de gente descompromissada com a sociedade em que se impõe.

Vejamos agora o Brasil em 2022.

Há um claro sentimento de que o país vive momentos dramáticos. As eleições que definirão os próximos 4 anos estão segregando a população de um lado e de outro de um enorme abismo, onde inexiste ponte ou conexão. Os dois candidatos protagonistas, de alguma forma, têm estimulado o sentimento de isolamento e de falta de opção aos eleitores. O meio-termo há muito já cedeu à dicotomia, que começou falsa no início do ano (havia outras opções), mas cuja caminhada ao segundo turno comprova-se inevitável.



Se você sente que ao não se declarar cristão ou evangélico religioso, radicalmente contra a maconha ou não pugna pelo livre porte de armas, acha que rico é prospero porque roubou, sentirá muita dificuldade em votar para que Bolsonaro e sua administração continuem gerindo o país. Você talvez reconheça ter esse governo disciplinado as contas públicas, assumindo a responsabilidade das escolhas difíceis, enxergando ainda um fato: o Brasil é um dos dez países que mais vacinou sua população contra COVID no mundo, a despeito da imprensa parcial insistentemente pregar uma visão falsa. Você rapidamente poderia confirmar se tivesse alguma boa vontade em enxergar os números reais da vacinação e abordagem COVID que uma CPI, liderada pelos membros mais corruptos do congresso, falseou e transformou em plataforma para o PT e Lula, como se lê aqui.


Acima: gráfico indicando eficiência e aceitação de políticas governamentais de vacinação em todo o mundo, pesquisa científica publicada e encontrada aqui.

Por outro lado, se você não aceita que um corrupto condenado em 3 instâncias possa ser candidato a presidente, um demagogo amigo de poderosos (de banqueiros a coronéis nordestinos, passando por funcionários públicos em altos cargos) queira te liderar e a seus concidadãos, então você será incapaz de votar em Lula. Se você consegue ver o quanto seu partido, o PT, instrumentalizou o Supremo Tribunal Federal para desmoralizar o judiciário brasileiro, já que todas as instâncias inferiores (juiz singular, desembargadores do tribunal de recursos e o superior tribunal de justiça) condenaram Lula por corrupção, após terem conduzido os processos com objetividade e lisura, dando amplo direito de defesa e contraditório aos advogados do acusado - conceito básico de um país em que o estado de direito vigore - então você jamais votaria no Lula. Se você não aceita o discurso divisivo desde que se lançou a candidato em 1989, distinguindo brasileiros entre ELES e NÓS, amenizado por uma tal carta aos brasileiros em 2002, que não passou de uma jogada de marketing mentirosa para conquistar votos de indecisos e da classe média, então você realmente não conseguirá votar em Lula.

É claro que Lula utiliza-se da estratégia histórica de dividir para conquistar. Seus partidários reconheceram isso perfeitamente em 2002, tanto que escreveram a mentirosa Carta, para dizerem - cinicamente - que não dividiam o país e que o queriam unir. Os governos Lula e Dilma provaram o contrário. As próprias eleições de 2018 e de 2022 comprovam o quanto o Brasil está rachado, quebrado, dividido, fraturado, sendo esta a grande herança petista e lulista

PT e Lula utilizam ainda a mesma jogada de marketing para conquistar os incautos, aqueles de boa-fé, que parecem, novamente, desejar crer e cair no discurso da divisão e da mentira. Se conseguirem, é porque os brasileiros não possuem memória.

O fato é que o Brasil já é dividido sócio-educacional-economicamente. Em meu post anterior apresentei a correlação entre aqueles que precisam de promessas de vida melhor (o nordeste, sobretudo) e a política petista de exploração da miséria para se manterem no poder. Caso contrário, em mais de 13 anos no poder algo teria mudado. Mas não, nada mudou com aqueles que arvoram-se salvadores da pátria. 

Ver e aceitar fatos como são não inferioriza região nenhuma, mas ver os fatos permite abordar mazelas, problemas e vislumbrar soluções, inclusive políticas.

A política divisiva petista sempre me pareceu intencional e baseada no mesmo estratagema romano, inglês, comunista: destruir o esteio social para conquistar, dominar e subjugar. No caso petista, o projeto é regional, já que Argentina, Chile, Venezuela, Peru, Colômbia, Nicarágua e outros vizinhos possuem governantes radicais que, desde que tomaram posse, desagregaram suas sociedades, impondo-se sob o discurso de reformas sociais e outras balelas enganosas (como se constata em seus IDHs, números da economia e etc.). Ou será que seu projeto seria... mundial? Talvez, mas aí serei chamado de complotista, terraplanista e outros nomes horríveis...

Bolsonaro, pouco sofisticado e até mesmo tosco, não teve tal intenção. Tanto que seu sucesso eleitoral não decorre unicamente de mérito próprio. Ele foi, em 2018, a resposta à corrupção escandalosa promovida por Lula e seus comparsas no crime. Em 2022, tenho certeza que o mesmo se confirma: grande parte de seus eleitores não se alinha integralmente com suas idéias, mas cientes do que está por detrás de um projeto petista de poder, levantam-se e votam 22 para evitar mais divisão em um país que tem parecido estar condenado ao atraso, ao tribalismo e à corrupção.

Seja como Asterix. Tome sua poção mágica.



Se você não aceita a idéia de ser governado por um criminoso condenado, libertado por amigos importantes que ele mesmo colocou no olimpo judiciário brasileiro, sinta-se um próprio gaulês. Veja ao seu redor como Lula e o PT conseguiram criar tanta desunião, tanta divisão, tanto ódio e suspeita.

Não é normal alguém gritar o tempo todo ELES x NÓS. Enxergue o que se passa ao seu redor e, civilizadamente, tente mostrar ângulos novos aos que têm sucumbido à mais antiga estratégia de guerra da humanidade. O Brasil precisa de união e de projeto de país, não de submeter-se ao populismo criminoso lulista.


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