Paulo Guedes: possivelmente o Ministro da Economia mais coerente que o Brasil já teve

 Não fiquei surpreso com a clareza didática com que o cidadão Paulo Guedes expôs suas idéias e conceitos econômicos no programa Flow, ontem à noite:


Relatou os esforços que tem feito desde que aceitou assumir o cargo com maior taxa de queimação entre economistas brasileiros: o de Ministro da Economia. Expôs algumas divergências que possui com o Presidente Bolsonaro, que converteu de estatista em liberal econômico, à vista das evidências de que estado grande apenas aumenta oportunidades para a corrupção florescer.

A distinção entre política partidária e política econômica ficou patente no diálogo com esse economista de estirpe, banqueiro e empresário de sucesso. 

Guedes deixa marcas boas em diversos setores, sendo um deles o da educação nos últimos 30 anos ou mais. Entre fins dos anos 90 e início dos anos 2000, fui professor e coordenador do MBA do IBMEC . Sou testemunha do quanto Guedes e sua equipe se esforçaram para criar uma escola de negócios de ponta, transformada posteriormente em faculdade. A cisão do IBMEC criou o Insper em SP, que ficou com seu ex-sócio e também brilhante economista, Cláudio Haddad.

Sua visão liberal da organização econômica é, como ele mesmo diz, sujeita a ajustes por parte das forças políticas. Ele deixou claro ser a favor da privatização de 100% de estatais nacionais, admitindo que tal posição radical precisa de contra-ponto por parte daqueles que não pensam assim, dando oportunidade a que o jogo democrático ocorra, vencendo o melhor argumento. Não querer impor sua visão e ter amadurecido como ministro são marcas de sua gestão.

O preparo e erudição de Guedes são um assombro. Bem como sua lucidez em entender o mundo à sua volta. Sua leitura de Henrique Meirelles, ex-guru econômico de Lula que tratei em dois posts aqui e aqui, foi direto ao ponto. Segundo disse, "Meirelles não é nem economista e trabalha para qualquer um!". Isso é comprovado por seu envolvimento com pessoas ligadas aos maiores escândalos de corrupção da história brasileira, como indicado nos links dos posts  acima.


(extrato Flow Youtube de 27/09/2022)

Discordo de Guedes em relação à adesão do Brasil à OCDE, tendo escrito esse post a respeito. 

Não me surpreendi quando, em sua entrevista no Flow, reafirmou a soberania brasileira no caso do FMI que, segundo seu relato, leu tudo errado e foi embora do país, pois sua equipe técnica demonstrou pouco entender do Brasil (estavam mais interessados nas praias e na culinária nacional do que em ajudar a pensar e resolver seus reais problemas). 

No caso da OCDE, a subordinação ao clube de Paris me parece um equívoco profundo. Tenho conhecimento suficiente sobre os riscos e gostaria muito de debater com Guedes - ele na Economia, eu no Direito - a inconveniência de orientar o Brasil para prioridades dos países ricos e subordinar a confecção de regras a gente de fora (igual ao FMI)... Quem sabe, um dia, conseguirei papear com ele a respeito desse equívoco monstruoso ao qual o Brasil se dirige aderindo à OCDE?

Enfim, espero que Paulo Guedes possa continuar, nos próximos 4 anos, Ministro da Economia dando sua contribuição a uma inclusão social responsável, em um ambiente ditado por meritocracia e mais competitividade dos setores econômicos brasileiros.

Caso os brasileiros optem (ou coisa pior) por retornar bandidos à cena do crime no Planalto, PG terá deixado um legado de organização e disciplina. Se ele sair, possivelmente o país seguirá o caminho da Venezuela, Argentina, Chile e tantos outros vizinhos, cujas economias e tecidos sociais foram destruídos em poucas semanas.

Boa sorte, Brasil!



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