J&F, JBS, medo, impunidade e um enorme silêncio

Dez anos atrás cheguei à conclusão que minha geração não vai fazer o país subir de andar... Na verdade, segundo ouço, vejo e sinto, o país desceu um andar... ou alguns andares nos anos petistas-pemedebistas.

Eu não estou perseguindo o Henrique Meirelles. Quero deixar isso bem claro.

Sou um zero à esquerda no cenário político brasileiro. Sou atento, mas uma voz independente e isolada que de vez em quando tenta emitir opiniões  para melhorar a reflexão à partir do Canadá e das minhas andanças brasileiras. 

Choro pelas mazelas que acometem esse país que acolheu, de braços abertos, meus antepassados imigrantes (como quase todo mundo que lá mora, fora o povo indígena).

Mas voltando ao Henrique: acho que ele tem atributos e qualidades incríveis, só que sinto-me obrigado a desconfiar demais.

Já escrevi isso com todas as letras nesse post.

Por quê não devo confiar nele?

Os irmãos donos da JBS estão presos e ameaçando delatar, fazer qualquer coisa prá abraçar de novo seus bilhões, voar em seus jatinhos e influenciar políticos e gente de toda sorte, exercendo seu imenso poder econômico e chantagem política.

Os jornais que li nos últimos dias dão conta de que abrirão a caixinha preta da J&F e da JBS... enfim, mantëm-se protagonistas dessa novela criminal que passou a ser a República Federativa do Brasil.

Chama a minha atenção como Henrique Meirelles se mantém intocado. Você, leitor, não acha estranho demais?

Imagino que o mercado e os políticos o mantenham intocado porque por detrás de sua postura séria e de profissional competente esconde-se talvez um volume imenso de segredos inconfessáveis. Já afirmei achar que ele tem atributos incríveis, é um vencedor saído de Goiás. Chegou a presidente mundial de uma instituição financeira norte-americana, sabendo jogar o jogo corporativo, das finanças globais, enfim, é um valor nacional de monta. Só que bandeou para a colusão com criminosos lesa-pátrias.

O atual Ministro da Fazenda foi presidente do conselho da J&F pelos 4 anos que antecederam sua indicação para ser o Czar da economia nacional, representando os interesses maiores dos maiores inimigos atuais da República. Essa J&F esteve envolvida em um esquema imenso de tomada de poder político e econômico que abarca os principais partidos do país. 

Como não devemos ser inocentes, causa espanto a tranquilidade com que toda a lama gira em torno das organizações J&F, JBS e do Henrique Meirelles, que foi seu coordenador técnicoe tudo permaneça absolutamente intocado. Nenhum político (situação ou oposição), procurador, juiz, reporter, absolutamente "ninguém bole com ele". Coisa estranha...

Além disso, o Ministro declarou, já em tal posição, ter recebido no ano anterior à sua indicação por Temer, meros 217 milhões de reais em consultoria exercida apenas por ele... como indicado nessa reportagem. E sua verdade valeu como palavra final, inquestionada. Caso fechado. Caramba! Até eu que sou um bobo inocente perto dele, acho estranho não se questionar, nem ninguém falar nada, já que há aparente legalidade... que dinheiro é esse? Consultoria?...

Nada tenho contra o Ministro, pessoa que admirei muito no passado. Optei por trabalhar no mercado financeiro desde que me formei e sei como deve ser difícil a um menino do interior de Goiás, cheio de complexos, mas inteligentíssimo, superar dificuldades e vencer tantas adversidades, como ele venceu. Merece admiração pelos anos difíceis. Só que depois dos anos difíceis, ao ascender ao topo da cadeia alimentar, parece ter esquecido de onde veio, do interesse público e serviu ou aliou-se a bandidos para participar de um dos piores crimes perpetrados contra o povo brasileiro.

Por isso, manifesto meu desânimo renovado com Henrique e o que ele representa ao Brasil.

E ele cogita ser presidente do Brasil.

O mercado o trata como grande ator na cena política e econômica nacional.

Em 2012, ele virou o coordenador estratégico do grupo JBS, ocupando nada menos que a presidência da instituição controladora.

Como disse acima, ele foi orientado a limpar sua ficha em 2016, declarando duas centenas de milhões faturados no exterior por consultoria prestada apenas por si  mesmo. Não teve nenhum colaborador, nenhuma equipe de centena de analistas financeiros, ou seja, representa o exército de um soldado só, um super-herói lucrativo, que ganhou esse Everest de dinheiro no período compreendido entre assumir e deixar a presidência do grupo JBS. E jamais havia declarado isso ao fisco brasileiro... que coisa.

Imagino o constrangimento de seus colaboradores atuais no governo - grandes profissionais aliás, alguns dos quais conheço pessoalmente e reconheço sua genialidade, esforço, capacidade intelectual e integridade moral - ao estarem diante do Czar que silencia sobre seu passado recente e garante o pacto do silêncio de todos os atores da cena nacional. Deve ser estranho "contracenar" com alguém com tanta coisa importante misteriosa, de ares criminosos.

Um dos silêncios mais importantes reside na Rede Globo, maior plataforma formadora de opinião do país. Ela jamais bateu no Ministro. 

Sabe-se hoje que a JBS aliou-se a Janot almejando destruir o PSDB em Minas Gerais (que, aliás, não precisa de ajuda para se esfacelar) e abre caminho para o enclave petista se eternizar naquele estado destroçado (Pimentel reeleito e Dilma senadora...).



Assim como o motorista se torna insensível ao menino maltrapilho que lhe pede dinheiro no sinal de trânsito, os que cercam tais pessoas, como ao Henrique, tornam-se cegos quanto a seriíssimas questões sobre a integridade moral de seus líderes.

Silenciam.

Colaboram.

Recusam-se a olhar para os lados.

Deixam em casa suas lições de moral, seus valores familiares, dizendo certamente a seus parentes e amigos mais próximos: isso não é da minha conta.

Será mesmo?

Entenda mais lendo AQUI e AQUI também.

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