Postagens

A preguiça em ler

Imagem
 Vivemos um fenômeno interessante.  Estamos na era gráfica, em que mensagens instantâneas, clips, tweets estão moldando o pensamento dessa geração, (des)norteando as gerações anteriores, que buscam manter-se atualizadas com base em platitudes. Mesmo acadêmicos sucumbem à síntese precária representada pelos livros-fórmula que visam vulgarizar a ciência, em representações gráficas de teses, reduzindo pensamentos, sacrificando essência e lógica, para que se encaixem no modismo da linguagem corrente. Um erro bem empacotado, popular, continua sendo um erro. A preguiça em ler se encontra em todo lugar.  Vai desde o entregador da Amazon, com má-vontade para ler as instruções e  entregar na porta certa, às mídias sociais e tradicionais, que induzem a enganos baseados na falta de paciência dos espectadores (não podem ser chamados de leitores) em tomarem tempo e digerirem informações completas e complexas. Assim, espectatores caem vítima da tentação da espetacularização de tudo e todos. As notíc

Carreata canadense contra medidas restritivas de direitos

Imagem
Ele está sendo chamado de comboio ou caravana da liberdade . O movimento foi iniciado a partir de quando o governo atual passou a impôr o passaporte vacinal aos caminhoneiros na fronteira. Note-se que o Canadá já vem sofrendo com algum desabastecimento causado pela ruptura das cadeias logísticas globais, exacerbado pelo encalhamento de um grande navio no Canal de Suez em 2021. O custo do frete multiplicou-se várias vezes, sendo uma das raízes da inflação agora constatada, além de diversas outras razões, como os gastos públicos excepcionais necessários ao combate à pandemia e a brutal redução no volume da atividade econômica. Políticos da situação e as mídias (corrompidas ou de má-fé, em sua grande maioria) dizem que se trata de caminhoneiros anti-vacina, um grupo anarquista, que não representa a população canadense. Esse é um enorme erro, tanto da parte dos políticos da situação, quanto das mídias mainstream.  Essa tática parece comum no mundo atual, onde a unanimidade parece buscar-se

A grande desorientação nos direitos individuais

Imagem
É incrível como o evento da Covid fez agravar o cenário global já confuso, sobretudo desde 9/11. Não obtive qualquer dado ou prova de que o desastre em Wuhan tenha sido proposital. Ou que tenha sido um movimento intencional no tabuleiro da guerra pela hegemonia planetária por parte do PCC. Ou mesmo qualquer outro enredo que se encaixe em teorias conspiratórias, estas muito atrativas, românticas, interessantes mas, salvo raras exceções, incapazes de resistir a rigorosas análises dos fatos e relações de causa e efeito. Sou daqueles que acredita que o vírus foi desenvolvido em laboratório puramente para fins de pesquisa (inclusive com colaboração canadense e norte-americana), mas que numa sequência trágica de acidente combinado à incompetência, transformou-se em praga planetária.  Tenho para mim que a ditadura comunista chinesa, assim como aconteceu na Chernobil soviética (sugiro fortemente assistir ao seriado da HBO ), com todas as suas estruturas arcaicas e ineficientes de comando,  res

Texto e contexto: aqui, acolá e a censura.

Imagem
Como meus fiéis leitores sabem, desde 1998 passei a escrever regularmente no jornal O Estado de Minas , abordando todos os assuntos da hora, jurídicos, econômicos, das relações internacionais e políticos (política brasileira e mundial). Usando alegorias, humor e crítica, tenho dado minha contribuição ao pensamento coletivo e tive sempre excelente receptividade de quem aprecia cacoalhadas mentais. O saudoso jornalista Dídimo Paiva foi meu guia  e guru na jornada inicial de articulista, tendo-me motivado e convidado a contribuir semanalmente à Editoria de Opinião do jornal.  Dídimo reconheceu meu pertencimento a uma geração que valoriza profundamente a liberdade de opinião, geração saída da época negra do regime militar brasileiro onde a censura existia e era praticada com violência física, social ou psicológica. Ele dizia: transforme seu conhecimento em reflexão a nossos leitores ! A desmaterialização do jornal, que já teve a maior circulação nesse estado de mais de 21 milhões de habi

Os príncipes

Imagem
 O assunto "liberdade de expressão" está quente no Brasil. Por isso resolvi mudar a bússola e referir-me a algo que aconteceu mais de 5 meses atrás. Quando os ex-reais Harry e Megan deram uma entrevista para levantar fundos à apresentadora Oprah, um jornalista britânico espumou em seu programa, criticando o casal rebelde. O apresentador do Good Morning Britain, Piers Morgan, ex-CNN, questionou a sinceridade da ex-realeza quando esta manifestou ter sofrido pressão psicológica causada pelos parentes do jovem monarca. Esse mês o órgão regulador da imprensa no Reino Unido decidiu que a rede de TV que divulgou o programa não fez nada de errado. Mais do que isso: disse que não poder criticar a (ex)realeza seria apavorante ameaça à liberdade de expressão . Clique aqui para ver a notícia completa. A liberdade de expressão é uma conquista tão importante para sociedades manterem-se livres que Londres tem até mesmo uma "esquina dos falantes", que guarda a tradição em que qual

Insanidade brasileira - emprestada de JRGuzzo

Imagem
 Sem tempo para escrever, mas a leitura permanecendo sagrada, sugiro a quem ainda não leu, que dê uma refletida sobre palavras abaixo: - Primeiro Artigo - Segundo Artigo Àqueles que não querem terceirizar o cérebro, tais textos convidam à reflexão, sobretudo diante da capacidade de contágio da bipolaridade brasileira.  Vacine-se! Avalie! Pense!

Brasil: um país com tempo a perder

Imagem
Confesso não estar acompanhando de perto, ou intensamente, a CPI da COVID instalada no Senado Federal do Brasil. O pouco que vi foi suficiente para fazer-me concluir tratar-se de um espetáculo grotesco, uma cópia mal-feita do macarthismo . À frente da iniciativa, eis um senador bem conhecido por suas nada nobres práticas e métodos. Essa ópera-bufa visa desacreditar um governo cuja legitimidade é disputada (a despeito das urnas) antes mesmo da posse, por uma parcela nada democrática da população brasileira, movida pelas aparências e por mitos andradinos . Os tropeços (alguns grandes) e figuras de linguagem do Pres. Bolsonaro certamente pioraram o ataque à pandemia no Brasil. Poder-se-ia tratar de inépcia administrativa, a tradicional incompetência que marca o DNA da governança nacional desde que os portugueses aqui aportaram. Expressões como "genocídio" e outros exageros indicam, entretanto, o quão os promotores da tal CPI apelam à agressividade para receberem e dar-lhe public

Sai Ford, já estão Mahindra, Valtra e Foton. Agora sim, a realidade.

Imagem
Nostálgicos estão sofrendo diante do anúncio do encerramento da produção da Ford Motor Company no Brasil, presente há um século no país quando se implantou para vender seus modelos T e posteriormente produzir automóveis numa época de baixa competivididade. A Ford integrou um grande lobby para destruir - com pleno êxito - as ferrovias que uniam o país, aliando-se a políticos venais e sem visão. O resultado é desastroso num país agrícola que depende de caminhão para escoar a produção. A discussão politizada informa que a Ford sai porque o governo federal atual é incompetente e está afundando o país, assim espantando investimentos. Ledo engano, pois montadoras de países emergentes como Foton e Valtra acreditam no país com seus produtos totalmente adequados ao mercado tupiniquim. Além disso, a régua da competitividade é igual para todo mundo... resta entender o diferencial de quem fica e de quem vai embora. Diferentemente dos produtos concebidos pelo e para o primeiro mundo, piorados para

Federalismo, enfim

Imagem
     A pandemia está demonstrando, de forma inequívoca, o quão importante são as fronteiras. Estivemos acostumados a viajar rapidamente, por longas distâncias, até recentemente, sem nos preocuparmos muito com aspectos políticos ou sanitários. Vivemos em um país cujas leis são válidas homogeneamente em todo o território, apesar de reconhecermos as imensas diferenças regionais que vão muito além do sotaque, do tempero ou do clima. Chamamos o Brasil de uma República Federativa, mas temos pouca noção do que isso realmente significa.                  Nem sempre foi assim. A memória nacional, ainda que amarelada, nos remete ao tempo em que os estados tinham presidentes e grande autonomia política, fiscal e até mesmo militar. Getúlio Vargas deu o primeiro golpe institucional nesse sentido, concentrando poderes e desmontando a independência dos estados. Vargas inaugurou o início irreversível do distanciamento entre mandatário público e eleitor, sendo aderente de primeira hora da doutrina total