Mensaleiros presos

A farta documentação e ampla argumentação do processo conduzido sob holofote e forte pressão popular, com foi o do Mensalão, culminou finalmente na prisão de diversos envolvidos. Operadores diretos foram presos, alguns com penas severas, criando um precedente que quebra paradigmas.

Um problema sério que vejo é o juízo de exceção. O fato de o STF ser o último tribunal, ser a primeira e última instância em casos envolvendo políticos é um sério problema. Esse tal foro privilegiado na verdade foi uma burrice instituída pelos políticos, e talvez deva ser a primeira vítima de uma reforma constitucional ou PEC. Deve acabar o foro privilegiado. Todos são cidadãos e devem ser julgados conforme todos os cidadãos. Essa de ministro ou político ter foro especial é uma aberração brasileira. Pode inclusive ter causado injustiças no caso do Mensalão...

Mais que a simbólica prisão de quem atuou criminosamente e foi condenado por um colegiado conduzido pelos maiores representantes da magistratura brasileira, a despeito da capacidade financeira dos réus de pagar os melhores advogados do país, tenta-se enviar um sinal de tranquilização à sociedade de que, no Brasil, agora corrupto vai acabar na cadeia.

Os maiores beneficiários do esquema de compra de votos no Congresso e desvio de recursos de instituições públicas ou controladas pelo poder público, o PT e Lula, não responderam pelos seus crimes. Eles saíram impunes, bem como Dilma, beneficiária indireta e condutora de uma política que continua clientelista, na qualidade de Funcionária Número Um do país.

Isso é causa de alerta.

A prisão dos Mensaleiros, sob essa perspectiva, é apenas uma gota de água limpa em um oceano de lama.

Os dedos precisam apontar para PT, Lula e Dilma.

Há outros partidos políticos que também devem contas à justiça. Aliás, o Brasil é campeão de políticos e pessoas ligadas à política com processos de corrupção, peculato e estelionato.

A impunidade ainda reina, a despeito da prisão dos Mensaleiros.

Veja-se o caso da Petrobrás. Veja-se o caso da Infraero. Vejam-se os estádios da Copa. Veja-se o uso político descarado do BNDES, BB, Caixa, obras como Transposição do Rio São Francisco e tantas outras. Veja-se o Programa Mais Médicos.

O uso da máquina, do poder, das empresas públicas, jamais foi tão distorcido em favor de um partido e sua turma na história democrática brasileira.


Alguns comparam a corrupção atual e uso da máquina com o processo de privatização brasileiro. Questiona-se muito a avaliação das empresas vendidas. Muitos falam da Vale, outros falam das empresas de energia e telefonia... Conheço o passado e vejo o presente. Nada era eficiente, o problema era outro, que se repete atualmente, no âmbito econômico puramente. A ideologia foi um pano de fundo, mas não o motivo da reforma do estado brasileiro.

O programa de privatização ocorreu por necessidade urgente de caixa. O país estava quebrado. Além disso, precisava converter sua dívida externa, após calote dos anos 80,  negociada pelo Plano Brady, em ações aos credores externos. Esses lucraram espetacularmente, fruto dos erros da megalomania da ditadura e da incompetência econômica pré-FHC. Dar o cano, como fez a Argentina, não teria sido uma opção válida e o Brasil viu o sucesso da empreitada nas dezenas de bilhões de dólares que atraiu em investimento estrangeiro após meados da década de 90. Após a estabilização da economia.

O PT governa o país há 12 anos. O caixa está piorando rapidamente. O Pré-Sal é a tábua de salvação do país, e o PT, suas lideranças, presas ou não, colam-se a esse favor divino para tentarem financiar sua sobrevivência e dos regimes de exceção latino-americanos e mesmo africanos.

O método petista não inovou, mas sua amplitude, o aproveitamento ignóbil das estruturas política e tributária brasileiras, é sua marca.

O Mensalão é uma gota nesse mar de lama. Passado a limpo, ele não teve efeito sanitário, como os brasileiros gostariam de ter visto. Ele apenas exige, desde 2005, maior eficiência, maior planejamento na roubalheira, que por vezes ou outra é pega.

Lula, Dilma, agora são mais competentes. Os corruptos, independentemente do partido, passaram ao andar de cima da qualidade do esquema. São melhor assessorados. Detêm mais dinheiro e usam habilmente a caneta e o poder para, progressivamente, usurpar direitos dos brasileiros em benefício dessa agremiação que, ao meu ver, como já dito, é marcada pelo desvio de finalidade, não merecendo, portanto sobreviver como agremiação.

O Mensalão precisava ter tido o condão, pela primeira vez no Brasil democrático, de tornar o PT ilegal, em virtude da prática provada e condenada pelos brasileiros e pelo STF.

Esse objetivo, o judiciário não atingiu.

Resta saber se os brasileiros verão esse fato, para em 2014 informarem ao PT que é um partido doente, liderado por dogmáticos delirantes, que apenas enxergam seu próprio umbigo na ânsia de garantirem-se no poder.


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