Swing político: o tango libertário

Hoje é o dia seguinte à vitória de Javier Milei nas urnas da Argentina.

O enorme significado disso não pode ser menosprezado, pois reinaugura um capítulo na América Latina, iniciado com a inesperada eleição de Jair Bolsonaro no Brasil, em 2018.

Denominações

Como o extremismo dos criadores de narrativas da imprensa e da academia continua sendo martelado na cabeça das populações, consegui recensear as seguintes expressões dos auto-denominados sinalizadores de virtude descrevendo o eleito argentino: ultraliberal, ultra-libertário, extrema-direita, ultra-direita, etc. 

É triste ver como faltam cérebros e censo de auto-crítica à imprensa que se afunda cada dia mais em suas próprias criações mentirosas, ainda que certos governos, como o atual canadense, passem leis para criar privilégios aos que ainda parasitam a população achando estarem exercendo algo próximo do que seria o jornalismo.

Economia

O Wall Street Journal de hoje traz gráficos chocantes sobre a economia argentina, destruída pelo populismo de esquerda kirchnerista, da mesma forma com que o PT está repetindo no Brasil.

Inflação na Argentina:

Dinheiro no exterior (não utilizando para financiar o país, por medo dos abusos políticos)

Comércio exterior de quem foi o campeão em exportações no passado:


Atração de capitais externos (medida de credibilidade da governança pública)

A importância geopolítica de Milei eleito

Menos ainda que Bolsonaro, Milei não era bem conhecido dos argentinos, sendo um outsider. Sua agenda de libertação do país do jugo do sindicalismo público e privado, que inchou um estado corrupto e ineficiente, foi a maior atração aos eleitores. 

Sua eleição é fruto da absoluta falência da ideologia e dos governos de esquerda latino-americanos. As autocracias de esquerda, travestidas de democracias na região (conquistadas mediante aparelhamento do estado e sobretudo do poder judiciário), começam a ruir pouco a pouco, ainda que seu desmantelamento seja lento e gradual, em vista da multidão de militantes infiltrados no estado em todas as hierarquias, sabotando governantes que, escolhidos pelo povo, pouco podem fazer para a máquina alinhar-se ao que este povo deseja e pede.

Utilizando-se de uma capacidade de comunicação ímpar, sensacionalista e dramática, sensibilizando a todos e tornando-se notícia constante, Milei conquistou a presidência argentina.

No Brasil, Collor de Mello havia sido eleito em 1989 com o discurso moralizador. Mentiroso e corrupto, foi impedido em 1992, antes destruindo a economia e promovendo um confisco de depósitos e investimentos que levou anos para ser digerido pelos prejudicados. O rastro destrutivo não foi ainda esquecido pelos tribunais.

Ainda no Brasil, Jair Bolsonaro foi eleito em 2018 na esteira da falência absoluta do PT e do esquema da corrupção epidêmica na qual o partido se estruturou (e que a Operação Lava-Jato revelou integralmente). Bolsonaro é popular, mas diferentemente de Milei, sua limitada capacidade intelectual e a dependência de esquemas políticos o diferenciam do argentino. 

O argentino tem envergadura superior para implementar políticas que, se bem sucedidas no curto prazo, poderão lhe garantir a reeleição. Tal fator é necessário para evitar que o aparelhamento argentino prevaleça, evitando o que ocorreu no Brasil, onde o MECANISMO (aparelho da corrupção) triunfou, gerando um país de 200 milhões de Manés, na denominação cunhada por um dos integrantes da atual Junta

Milei precisará de imenso apoio institucional interno para, com moderação, implementar as mudanças que prometeu aos eleitores. Sua situação é melhor que a de Bolsonaro para ter maior legitimidade, já que assumirá um país absolutamente quebrado e desesperançoso. Bolsonaro foi beneficiado por seu antecessor, o vice de Dilma, Michel Temer, que havia começado tímida caminhada de retomada da eficiência da administração pública federal e que permitiu com que as eleições não fossem manipuladas por um MECANISMO, à época, combalido (mas hoje plenamente recuperado). 

Temer e Bolsonaro, tomando rumo oposto ao populismo de esquerda que atualmente desgraça o Brasil, sofriam dos mesmos ranços políticos dos quais apenas um outsider como Milei - ou seu paralelo modesto e moderado mineiro, Romeu Zema - não sofre. Este ponto positivo em seu favor poderá aglutinar forças institucionais que conheceram a falência da ideologia nacional e regional dos kirchneristas.

Um futuro brilhante

A liberdade econômica proposta por Milei pode ser radical no discurso, mas será gradual e moderada na prática, pois a perniciosa cultura criada por várias gerações de peronistas não se desfaz do dia para a noite, sob pena de ele criar tanto conflito que perderá de vista o objetivo maior: salvar a Argentina do rumo ao abismo.

O estado argentino deverá ser reduzido imediatamente, o que certamente requer mudanças constitucionais. Serão o primeiro teste do eleito, em um legislativo ainda dominado por inimigos ideológicos, por parasitas do estado organizados em quadrilhas.

Por esta razão, além do recado das urnas, Milei precisará arregimentar apoios além dos prédios públicos, fora deles, para ter pleno êxito.

Ele precisará traçar brilhante estratégia de comunicação, identificando inimigos nas mídias, os manipuladores de sempre. Deverá ser muito mais efetivo do que Bolsonaro foi no combate à narrativa falsa e que tanto prejudicou aos brasileiros a conhecerem a realidade. Se necessário intervir, fechar jornais bancados por grupos contrários aos interesses nacionais, que o faça sem pestanejar, já que se conhecem bem os efeitos destrutivos de uma mídia destrutiva, como ocorreu no Brasil de 2019 a 2022.

Caso o governo Milei consiga evoluir e apresentar resultados no primeiro ano de governo, dará um recado importante aos povos da  região. As ideologias atrasadas, tocadas por ladrões travestidos de políticos, apoiados por uma mídia tradicional acostumada na corrupção e na manipulação, estarão com seus dias contados. 

Destruir, desinstrumentalizar o Foro de São Paulo é ação fundamental a ser iniciada por Milei e seus apoiadores institucionais.

A América Latina poderá reinaugurar um rumo positivo, não condenando novas gerações a serem bonecos do populismo do atraso, dos que prometem acabar com a pobreza, mas que dela apenas se beneficiam por meio de bolsa isso e aquilo, quando se sabe que o melhor auxílio é a dignidade do trabalho e da manutenção do poder de compra, com um estado que serve ao cidadão.

Se Milei é uma incógnita, ao menos sabe-se que o que lhe antecedeu é uma tragédia. 



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