Só confiança constrói sociedades saudáveis

Você, como eu, também deve ter-se perguntado em algum momento de sua vida: por quê o comunismo dá tanto errado, se o conceito romântico é que todo mundo teria vida digna e tudo seria compartilhado irmanamente, numa harmonia celestial?

A teoria econômica tem uma resposta: a falta de confiança.

Uma sociedade exige confiança entre seus membros para que ela prospere, vença desafios. Se os integrantes de uma comunidade não confiam em si mesmos, como grupo, como podem enfrentar desafios internos e externos com mínimas chances de êxito e longevidade?

Lenin, o grande arquiteto da política comunista genocida, dizia que confiança é bom, mas controle é melhor. Ele preferia ter a informação para controlar as pessoas, sobretudo pelo medo, pelo terror, do que contar com elas pelo puro compartilhamento dos mesmos valores e objetivos de vida. Não à toa ele e sobretudo seu sucessor, Stalin, foram assassinos de ex-aliados, desde a Revolução Russa em 1918 até o fim do regime comunista, que sempre expurgou seus próprios. Ainda hoje vemos Putin matando (ou suicidando) seus aliados mais próximos, gente que confiava no próprio círculo, um erro para quem vive sob a doutrina totalitária. 

O mesmo ocorre na China, onde de vez em quando algum empresário ou membro importante do partido comunista simplesmente desaparece, para depois ser execrado em praça pública quando em seguida, muitas das vezes, é executado sumariamente, com eliminação física, histórica... 

A teoria econômica desenvolvida sobretudo após a década de 1960 (Stigler) diz que a informação tem um preço elevado para ser obtida. Apenas pela criação do elo de confiança os participantes da sociedade (no caso dos economistas, do mercado) ela fluirá, reduzindo os custos de transação e gerando eficiência.

No âmbito pessoal, todos sabemos como é reconfortante a vida em uma família saudável, onde todos confiam entre si, sem joguetes e armadilhas, onde cada um sabe o que é melhor para o outro, querendo-lhe bem. O mesmo ocorre com amigos próximos e sinceros.

Quem assistiu à boa série Chernobyl na HBO entende como o regime comunista era repleto de gente incompetente, que pouco valorizava a confiança e muito menos a qualidade da informação. O conflito atual na Ucrânia é um exemplo importante também: os russos, outrora poderosíssimos (ao menos no imaginário que construíram durante a guerra fria), demonstram ter um exército corrupto, inábil, onde tudo funciona por meio de uma hierarquia rígida, inflexível, permeada pelo medo e não pelo desejo comum de fazer algo bom, positivo (que nem a propaganda barata falando em "libertação" fez acreditar). 

Os ucranianos, pelo contrário, uma nação oprimida, sem tantos recursos, recebe armas ocidentais mas é seu povo que tem resistido bravamente porque sabem como é importante confiarem em si mesmos, tendo também uma boa causa que é a defesa da integridade do território de sua própria nação contra um invasor genocida, bárbaro, sem escrúpulos ou moral.


Não menosprezo a insensibilização e destruição de confiança em outros regimes totalitários, como o nazista ou fascista, onde o denuncismo ajudou a criar profundas divisões e atrasos, demonstrando que apenas um povo unido por razões justas consegue viver em harmonia.

O Brasil atual: na mesma linha russa ou cubana

Desde que a elite brasileira entendeu que precisava subverter a ordem para manter-se no poder eterno, legitimando em 2018 a anulação da prisão após decisão de tribunais de apelação (dita "em segunda instância"), em uma inversão total de tradição jurídica sedimentada (localmente e em países industrializados), com o objetivo único de libertar o atual presidente-sindicalista da cadeia onde estava, para que concorresse e, imagina-se como, vencesse as eleições de 2022, a confiança entre as pessoas e diante das instituições nacionais vê-se profundamente abalada.

Atualmente, esse país que possui uma Constituição - muito imperfeita, mas existente - tem pessoas poderosas que não a observam, impondo censura, prisão política e vários outros abusos. Dividem a população, pois apenas assim a elite política que uniu-se à econômica consegue manter duas centenas de milhões de brasileiros reféns do antigo mecanismo que lhes suga, empobrece e oprime.

A impunidade de quem realmente comete crimes continua garantida, sobretudo se os criminosos são poderosos que protegem-se zelosamente.

A rede de intrigas vai crescendo a cada dia, mantendo-se um grau de desconfiança que desafia qualquer projeto de progresso ou prosperidade nacional. 

O partido dos trabalhadores tem em seu DNA a desunião para conquistar o poder. Assim como fizeram Lenin, Stalin, Mao e tantos outros que causaram enormes tragédias humanitárias, culturais, etc. A esquerda política brasileira vive do conflito, nele se multiplica, fomentando desconfiança, ódio e desunião (inclusive familiar, cultural).

E assim, a imprensa brasileira ecoa a desconfiança e o discurso do ódio e da vingança próprios dos regimes de exceção. A imprensa nacional é em sua maior parte desonesta e vendida aos interesses dos poderosos, que lhes servem em retorno ao proibirem mídias alternativas, censurando-as e impondo o regime do medo e do terror, sob a falsa desculpa de defesa da democracia. Quem possui bom senso, informa-se nas fontes, sabe que o mundo do faz-de-conta da imprensa brasileira é mais falso que uma nota de três reais, sobretudo quando noticia qualquer fato relacionado a política e estado.

O atraso do Brasil sempre esteve na incapacidade de sua elite em envolver a população para um projeto de país. A realidade demonstra haver um Brasil fictício, vendido e gerido pelo estado-corrupto, e o Brasil real, o daqueles que empreendem, trabalham e vivem como se não existisse estado (e na verdade com ele quase nada contam).

Lula, o pelego eterno que sempre serviu e servirá a elite (as principais famílias, os principais banqueiros locais, os donos de sindicatos e de movimentos sociais com bandeiras ilusórias), é a ponte para o atraso eterno. Para isso foi tirado da prisão, mudando-se jurisprudência, leis e o direito para voltar a bem servir seus senhores. Seu discurso de ódio e vingança constantemente reitera o desejo de que impere a desconfiança entre os brasileiros, que deseja choquem-se entre si, pois só assim ele e seus comparsas conseguem ter algum relevo no cenário local, já que por mérito não conseguiriam sobreviver em um país próspero e ético.

O resgate da confiança é um mandamento histórico obrigatório.

Nações extinguem-se onde inexiste confiança entre seus membros e em relação a suas instituições.

Pode-se impor o terror, o controle, como o faz a República Islâmica do Irã, que mata e silencia quem discorda dos malucos que oprimem seu povo. Conheci vários que de lá fugiram para o Canadá, onde encontram o paraíso na terra, com liberdade, livre-arbítrio, felicidade e relações de confiança. Contam-me, sobretudo as mulheres, coisas horríveis do que acontece naquele país.

Regimes de controle e terror não prosperam por muito tempo, mas causam fraturas e sofrimento por gerações.

Espero apenas que, em um mundo tão conectado, o mal impere menos, já que é possível fazer circular, a custo muito baixo, a informação (a despeito das iniciativas globais de silenciarem-se os não-conformistas).

E só assim as relações de confiança - sem manipulação das mídias tradicionais e os poderosos - prosperarão livremente.




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