Soviéticos: 100 anos de fracasso



Acima: Stálin, Lenin e Kalinin, fundadores (dentre outros) do império soviético.

Nos últimos dias, muito se tem falado do que foi e é a Rússia. 

O projeto soviético visou impor o Materialismo Dialético a milhões de pessoas. O que efetivamente fez foi criar uma máquina industrial de matança e sofrimento, mais perversa que aquela denunciada por Marx e Engels, bons observadores das agruras da Revolução Industrial.

Os anos de 1921 e 1922 marcaram para sempre o fracasso da União Soviética. A poderosa propaganda totalitarista - denunciada por Hannah Arendt e Arthur Koestler - tentou fazer o mundo esquecer que nesse período entre 5 e  10 milhões de ucranianos e soviéticos de outras regiões (os números nunca foram calculados com certeza, seriedade, mas relatos são inúmeros) pereceram de fome. O canibalismo, nessa época, tornou-se praticamente comum naquela terra que passou a ser amaldiçoada desde que a era dos czares acabou, em 1917.

Koestler conta muito bem em sua obra que vários comandantes militares, poucos meses depois de apoiarem a revolução proletária, compreenderam estarem permitindo a assunção do poder por tiranos. Só que era tarde demais: Lenin, Trotsky e Stálin trucidaram ou mandaram matar todos aqueles que apoiaram a revolução em seu início, e que ao enxergarem para onde a coisa ia, passaram ao campo contra-revolucionário. Stálin, ao assumir o poder, tornou-se um dos maiores assassinos em massa que a humanidade conheceu.

A força da maldade, da perversão, aliada a armas e a uma população desorientada e marcada pela opressão, fez com que esse Império do Mal não apenas se mantivesse ativo nas suas fronteiras iniciais, mas se expandisse para muito além delas.

A opressão irresistível causada pelo comunismo soviético vitimou fisica, mental e culturalmente. Os Gulags, ou campos de concentração para trabalhos forçados, situados majoritariamente na Sibéria (região gelada e inóspita, onde a expectativa de vida dos prisioneiros políticos era de alguns meses), são muito comparáveis ao que acontece, exatamente no dia de hoje, na Coréia do Norte. Aleksandr Soljenítsin fugiu daquele lugar e escreveu, quando exilado nos EUA, o Arquipélago Gulag, um testemunho horrendo da opressão causada por um regime que se dizia popular.

A apropriação do discurso em prol das causas sociais por ditadores comunistas (soviéticos e alhures) perverteu qualquer iniciativa inclusiva até 1991 (falência do modelo soviético e do seu domínio territorial). A América Latina conheceu o lado perverso dessa apropriação, que descambou ao populismo totalitário representado pelos irmãos Castro, mal copiado por Chavez na Venezuela, Lula no Brasil e Cristina na Argentina.

A herança da Revolução Russa não poderia ter sido pior para seu próprio povo: atualmente, a Rússia é um antro de mafiosos e oligarcas ligados a um novo imperador auto-denominado, Vladimir Putin, que exerce com mão de ferro seu poder absoluto.

O bebum Boris Yeltsin sucedeu Mikhail Gorbachev como chefe do Partido Comunista - em um erro estratégico fundamental do Departamento de Estado dos EUA e da OTAN - criando dois monstros dos quais o mundo não consegue se livrar: 

1 - No lugar do estado opressor, assumiu a máfia, única organização minimamente estruturada antes da falência do sistema comunista. Diante de um vácuo de poder e autoridade (assim como ocorre atualmente nos morros e favelas brasileiros, que esquerdopatas adoram chamar de comunidades...), a máfia russa organizou a festa e impôs sua lei e ordem em diversas partes do país, lucrando com o crime e o tráfico de armas estocadas durante a Guerra Fria.

2- No lugar do bebum Yeltsin, entrou o ambicioso Putin. Burocrata qualificado e inescrupuloso, Putin trouxe amigos ao poder e estabeleceu uma oligarquia bilionária em que pouquíssimas pessoas detêm a maioria das riquezas do país, notadamente seus recursos naturais. Assassino de dissidentes e jornalistas, seu governo oprime a população e impõe o regime do medo, fazendo com que aquele seja um dos países (mata menos que o Brasil, entretanto) em que menos vale o estado de direito, havendo abusos de toda sorte.

Criador de instabilidade na Eurásia, a Rússia de Putin tem ambições territoriais, políticas e econômicas, mantendo estratégia expansionista que lembra em muito os velhos sonhos e métodos do sanguinário Stálin. 



O talento e a criatividade russos são majoritariamente usados para desenvolver armamentos, guerra cibernética e estratagemas para causar medo e tentar ganhar poder, ao invés de investir em sua própria sociedade para elevar o nível de vida, segurança e conforto.

Vítima de seus líderes, oprimido, o povo russo segue na 4a geração de pobres-coitados assediados por oligarcas, constatando que a coisa piorou muito após os comunistas terem, 100 anos atrás, assassinado Nicolau 2 e depois toda a família Romanov.



De história e destino trágico, a Rússia e seus vizinhos pagam o preço de uma revolução fracassada, que impos a fome, o medo, tiranos e a morte.

Esse espectro de país, detentor de riquezas naturais excepcionais e herdeiro de uma cultura outrora invejada, nada tem a comemorar nesses 100 anos da Revolução Russa. 

Deu péssimo exemplo ao mundo e o legado desolador ainda continua, mesmo que piorado, ainda que limitado pela própria incapacidade de seu líder, que despende energia, esforços e dinheiro em frivolidades, ao invés de engrandecer um povo que merecia algo bem melhor.

Rússia: em Requiem eterno.

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