Paradigmas & paradoxos

Paradigmas são condutas que inspiram as pessoas e são repetidas. São exemplos a serem seguidos.

Muita gente se questiona do porquê do Brasil ser tão corrupto, ser um país tão rico, mas não conseguir potencializar toda essa riqueza material, humana, cultural. A gente fica triste ao ver que em meio a tanta fartura, parece que ninguém liga para o que é público, para a administração pública, para a política, permitindo com que a degradação fale mais alto que as virtudes dos brasileiros. Isso causa miséria, direcionamento totalmente equivocado de recursos provenientes dos impostos e tantas outras mazelas que sabemos existir e que a mídia não se cansa de martelar.

Um dos paradigmas existentes está ligado ao salário mínimo, que indexa as aposentadorias e vários salários de servidores públicos. Ao dar aumentos reais acima da inflação, acima de qualquer parâmetro econômico que atinja a economia como um todo, o governo federal veio resgatando o poder de compra do salário mínimo até uns anos atrás, só que esses aumentos foram indiscriminados e não correspondem à capacidade de geração de riqueza do país. O resultado é o agrado a uma parcela específica da população, em especial os aposentados, que recebem pela mão do governo populista, mas cujo dinheiro é tirado pela mão oculta do governo, que é o desconto em folha que Caixa e tantas outras instituições financeiras fazem, a juros extorsivos... Esse bolsa salário mínimo é motivo de popularidade do governo petista, mas a qual custo e qual benefício?

Daí eu cair na questão do paradoxo.

Ouvimos políticos maravilhosos dizerem que buscam justiça social. Os partidos mais à esquerda, então, são os primeiros a falar em igualdade, justiça social, distribuir riqueza, blábláblá.

Só que quando assumem o poder, colocam seus apadrinhados, sem mérito, mas com fidelidade. Se fosse um ou outro cargo, tudo bem. Trata-se, entretanto, de legiões de pessoas incompetentes que apenas servem ao propósito de poder & controle. Quando se fala em aparelhamento do estado promovido pelo PT em todas as esferas federais (talvez o aparelhamento do Supremo Tribunal Federal, com indicações que ultrapassaram a irresponsabilidade, como noticiado à exaustão no passado recente), fica claro não haver igualdade, não haver a justiça social discursada.

O paradoxo do discurso serve para manter os mesmos paradigmas.

O Brasil precisa quebrar paradigmas. Rapidamente. O povo pediu isso em junho de 2013 e continua pedindo, mais silenciosamente, mas é universal a gente conversar com pessoas próximas ou ler blogs onde todo mundo reclama do Brasil. Parece que só há bocas, não há ouvidos...

Uma quebra de paradigmas é a destruição dos oligarcas políticos.

Sei que é difícil. Sei que na política tem que contemporizar....tem que acomodar interesses.

Sei disso tudo. Sou um especialista científico nisso, apesar de péssimo na prática da política, em virtude da sinceridade e transparência de opinião, o que me custa muito, mas que acho não devo mudar em virtude de convicções pessoais.

Voltando aos oligarcas, há sinais de sua existência a todo tempo: Sarney, Collor, Gomes, e tantas outras famílias que ainda refletem as capitanias hereditárias brasileiras.

Sim, a herança histórica é fortíssima, já mencionei isso. Mas mencionei também que história não é doença. Com ela podemos aprender, mas há cura, há mudanças. Há possibilidade de quebra de paradigmas.

Não foram os petistas que quebraram paradigmas. Os piores paradigmas e as piores práticas da política brasileira foram aperfeiçoadas pelo PT. Só que tem mais um problema. O PT prega a ditadura do proletariado, e a gente sabe que a turma veio faminta, sem história, sem passado, sem herança moral... tudo contaminando, tudo roubando, de tudo se apropriando.

As instituições não foram defendidas. As instituições vêm sendo dilapidadas.

Vejamos então mais um item, além das oligarquias: as universidades federais. Sob o manto da ação afirmativa, as quotas foram estabelecidas. As distorções atuais são tamanhas, que está se nivelando por baixo.

É muito bonito dizer que negros e pardos pobres (segundo censos, esses são os mais socialmente discriminados no país) estão tendo a oportunidade de estudar nas melhores escolas (sic) do país, por meio de um mecanismo artificial (quotas). Ocorre que o mérito, mais uma vez, vai para o beleléu, e um país que já produz pouquíssima tecnologia, que cria pouquíssimo (veja-se o ranking raquítico de registro de patentes no INPI, se comparado com China, EUA, Japão e Alemanha, os dois últimos com população muito menor que a brasileira e carentes de matéria prima). Acharam que estavam quebrando um paradigma impondo a ação afirmativa, dizendo que valorizavam os desassistidos permitindo acesso à universidade pública, mas o que vemos é uma corrida ao fundo do poço, e não ao topo do mundo. Dá voto, mas é ruim.

Vejamos se encontraremos gente de oposição que terá a coragem de quebrar paradigmas, de angariar apoio para mudar a forma de gerir e fazer política implantada pelo Brasil-Império e a Primeira República.

Está na hora de mudar paradigmas, acabar com os paradoxos, que nada mais são que tradução da hipocrisia nacional, onde todos falam, mas ninguém realmente ouve e age.

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