Nonsense Brasil

NONSENSE



Nonsense Brasil
O que está acontecendo agora estava anunciado
Por Dan Kraft[1]

FATOS
Em 2005, anunciaram o Mensalão. Todos ficaram chocados, cuecas com dinheiro foram exibidas, manchetes graves fizeram uma boa parcela da população se indignar, mas como estávamos em meio ao pleno movimento das bolsas assistencialistas do governo petista, deixamos passar.
As políticas populistas silenciaram bocas famintas, que geralmente se manifestam por comida, não por ética.
As bocas não famintas acabaram também por se saciar na prosperidade econômica. Assim, perpetuou-se o dilema ético tropical do “rouba, mas faz”. Nunca os ricos enriqueceram tanto como nos últimos 10 anos...
Todos pareciam contentes, mas...
As commodities caras nos enriqueceram, o real se valorizou vertiginosamente, juros altos atraíram investimentos estrangeiros, a arrecadação estourou as metas, o Brasil virou fashion. Até botaram nossas prostitutas a serviço da FIFA e do COI, conseguindo nos conquistar a Copa e as Olimpíadas... enfim, viramos um país de vitoriosos, modelo exemplar até ao FMI!
O subdesenvolvimento virou coisa do passado. Coisa das elites passadas...
Alteraram-se os critérios para se classificar a classe média, contabilizaram-se 40 milhões de novos consumidores, ampliou-se o acesso ao crédito e toda uma vida selvagem se converteu à civilização, alimentando ainda mais o ufanismo.
Mas os ventos começaram a virar esse ano.
A ética, mais uma vez, foi testada. Os condenados do Mensalão não apenas não foram presos, mas continuam gabando-se da própria impunidade. Nem o chefe do poder judiciário parece contentar-se com tal impunidade...
Aí deu o clique: os brasileiros entenderam que os ladrões do Mensalão se identificam totalmente com Dilma, Lula, Renan, Sarney e todos os políticos brasileiros.
A transposição foi automática. Os mensaleiros são os que possuem poder político e econômico.
Bingo!
Não fui eu quem disse. Essa constatação resulta da ruminação do caso por qualquer um que tenha alguns neurônios sobrando...
Vixe... o caldo entornou.
O que era colorido, virou preto-e-branco. Esse Brasil lindo e maravilhoso passou a levantar o próprio tapete, descobrindo a sujeira escondida.

DIAGNÓSTICO
Nós já sabíamos.
Aliás, somos o melhor país do mundo em matéria de diagnóstico. Somos pós-doutores em saber o que está errado. Em roda de boteco, então, damos detalhes de nossa desgraça, enquanto saboreamos torresmo, cerveja e um sambinha.
Só que, até esses dias de junho de 2013, não sabíamos que havia cura, e que ela poderia vir da mobilização nas redes sociais.
A violência é apenas um ponto fora da curva. O movimento está acontecendo, é crescente e precisará de respostas.
Pertencemos a um grupo privilegiado de gente um pouco mais informada que a média brasileira (que não teve e continua a não ter acesso a uma educação minimamente séria e razoável, em virtude do sindicalismo que invadiu a escola pública, banindo a meritocracia, inclusive com quotas).
Sabíamos que o Brasil significa:
- 50 mil assassinatos por ano (http://www.mapadaviolencia.org.br/), mais que qualquer outra guerra civil ou Vietnã. Síria é nada, perto disso aqui. Alie-se à nossa violência a impunidade, rebote da violência, também inigualável em outras partes do mundo...
- Um entulho de deputados e senadores que não representa seus distritos ou eleitores, mas apenas compadres que se auto-ajudam, usurpando dinheiro de nosso imposto.
- Governos que priorizam projetos megalômanos (transposição do São Francisco, estádios faraônicos, Belo Monte, Cidade Administrativa em MG, etc.), sem qualquer consulta popular ou análise real das necessidades para aplicação racional e sustentável do dinheiro público. Eles fazem e refazem obras apenas para alimentar seu ego ou suas contas ocultas, aprovando-as em tribunais de contas que são mecas da troca de favores a preço régio.
- Autopromoção: como é possível se gastarem tantos bilhões por ano com propaganda pública anunciando o que cada prefeito, governador ou presidente faz? País decente não gasta dinheiro público com anúncio promocional.
- Desvalorização da profissão médica (importar médicos é apenas mais uma ofensa que esse governo nos impõe), digna de nota, pois foi até objeto de pronunciamento em rede nacional pela Presidente Dilma...
- Serviços públicos abaixo da crítica (sem comentários, basta ir a qualquer repartição e ver como é tratado e como são remunerados os terceirizados que realizam, efetivamente, o serviço).
- Medidas populistas para fazer quantidade superar a qualidade. O governo brasileiro, desde Lula, nos joga sempre na cara que os mais bem formados são uma elite que não precisa de governo. Assim, compram voto com nosso imposto, mediante assistencialismo barato e corrupção. Temos voz. Usemo-la.
 Agora a inflação vem galopante...
Conheço pouca gente que consegue comprar apartamento sem se endividar por décadas. A dívida média brasileira se multiplicou exponencialmente. Tudo inflacionou. Aposentados se endividaram, vendendo almoço para comprar a janta...
Viver no Brasil está caro, inviável. Não apenas o brasileiro diz isso, mas os estrangeiros. O Brasil é país para rico... o que é uma mentira. Somos a nova Grécia, Portugal, se nada for feito.
Quebramos. É hora de chamar o síndico. Ele não atende por nome de Dilma, definitivamente.E como não se trata de música ou piada, não serve Tim Maia também, não...

FAZER
O síndico é alguém que protege os credores, protege os contribuintes, cuida para que toda ineficiência seja eliminada, não haja roubos e os roubos feitos, se houve, sejam apurados.
Síndicos podemos ser nós, mas tem uma hora que precisamos delegar...
As redes sociais permitem uma certa democracia semi-direta. Isso está claro, sem necessidade de teses a respeito. Já podemos verbalizar, sem depredação ou partido político, pautas que serão priorizadas na rua e no Parlamento.
Sugiro algumas pautas urgentes. Tem muito mais. Certamente melhores e mais completas, mas resolvi escrever algo provindo do ângulo de minha própria observação:
- Retirar poder de Brasília, voltar poder aos municípios e estados, pois não dá prá ver Ministro em Brasília resolvendo transporte em minha cidade. Esse problema é do meu bairro, da minha cidade. Vamos ver se assim cada vereador, deputado estadual, prefeito ou governador pára de sonhar em virar Presidente... e se compromete com a comunidade local, a quem ele prestará contas. Essa de desumanizar a gestão pública, administrando à distância, parece coisa de drone, onde o sujeito fica sentado diante do computador comandando um avião a milhares de km de distância, para enfim bombardear uma família jantando, que ele pensou serem terroristas...
- Reduzir deputados e senadores. Jogar no lixo 80% deles. Com um novo pacto federativo, o poder estará fora de Brasília, que terá que inventar algo para se sustentar (sugestão: virar parque temático?). Não dá mais para aquela cidade de brincadeira ter o maior PIB do Brasil, sem nenhuma atividade econômica dignamente privada. Xô Brasília.
- Re-implantar a responsabilidade fiscal, impondo meritocracia no serviço público e carreiras a partir do 2º escalão. É necessário parar de nomear milhares de servidores a cada eleição. As políticas públicas precisam ser conduzidas por profissionais da função e não por políticos ou apadrinhados. Só assim haverá continuidade e acabaremos com o desperdício de tantos projetos iniciados, jogados no lixo pelas administrações seguintes. O Brasil é o mestre do desperdício, e esse é um exemplo que pode ser combatido.
- Privatizar todas as estatais que Dilma e Lula criaram e mais outras. Incentivar o investimento por meio da regulação responsável, da fiscalização, não da intervenção. Resgatar o que diz a Constituição Federal quando diz que o estado não atuará como agente econômico. Responsabilizar, direito, o mau gesto público e privado.
- Desmontar a máquina de subsídios e falseamento da indústria, que virou o BNDES. Condicionar empréstimos a dinheiro de bancos privados, fazendo teste se realmente tais projetos merecem dinheiro público. A atuação do BNDES hoje é um mal econômico maior.
- Alterar o ECA, permitindo a prisão a menores infratores de 16 anos.
- Fazer um plebiscito para decidir sobre imposição da pena de morte para crimes hediondos ou reincidência de homicidas. Está muito fácil matar no Brasil. Precisa ser fácil também o Estado matar bandido, dentro da lei. Caso contrário, as polícias continuarão matando inocentes, dentre os bandidos que elimina sem processo legal.
- Simplificar o sistema tributário tendo, no máximo, 10 impostos fáceis de entender, administrar e pagar. Chega desse manicômio fiscal.
- Acabar com aposentadorias diferenciadas, atreladas a salários da ativa. Aposentado, no Brasil, precisa ter o mesmo direito, independentemente se foi funcionário público ou privado. O país hoje é um escândalo em matéria de tratamento desigual ao aposentado. O lobby político dos funcionários públicos e de estatais transformou-os na Aristocracia Brasileira. Isso precisa acabar. Eles não são melhores que os da iniciativa privada, só são mais espertos. Isso não é ético. Não é justo. Precisa tornar-se ilegal.
O movimento de reforma do Brasil impõe reflexões sobre como e o que fazer. As barreiras são imensas, pois tem muita gente que beneficia das falcatruas e ineficiências de hoje.
Dá alento ver que cansamos e agimos. Sabíamos que não dava prá continuar nessa toada.
Mudanças cosméticas não servem. Tem que ser prá valer. O espírito é esse.
Ditadura de esquerda também não vale (de direita tivemos de 64 a 85, mas acredito tenha sido muito mais branda que a imposta por Fidel, a despeito do que andam infiltrando em nossos livros escolares). Cuba é um país falido, horrível de se viver. Venezuela, Bolívia e todos desses amigos da turma petista que só pensa em concentrar poder e botar a mão na cabeça de pobre ignorante, para roubar-lhe um pouco mais. Essa mentalidade atrasada precisa ser substituída pelo governo responsável, dentro e fora de nossas fronteiras.
Abramos as discussões, contribuamos com idéias, e com nomes, projetos.
Cada uma fazendo sua parte (saindo na rua, oferecendo sua ajuda para trabalhar e fiscalizando o que foi proposto e feito), certamente sairemos desse dilema institucional e progrediremos como nação.
Não sou contra políticos, mas contra a atual política e gestão pública brasileira. Esse modelo faliu.
Nesse sentido... (carta aberta) Prezada Presidente Dilma, a Senhora e seu partido representam o passado, o assistencialismo intervencionista que leva ao socialismo distributivista que um dia exaure todos os recursos dos trabalhadores... estamos próximos desse colapso e sua contribuição maior será não tentar reeleger você, seu partido ou suas idéias ano que vem.
Prepare o país para a TRANSIÇÃO, não para sua reeleição, Dilma.


[1] Articulista eventual do jornal Estado de Minas, Advogado.

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