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Dissociação da realidade e a urgência nacionalista

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O título é pomposo, até eu tendo me assustado quando escrevi... mas alegoricamente e com humor é necessário entender as coisas do mundo com olhar atento, sem perder a capacidade de sorrir. A busca pela alma - ou em inglês, soul searching - na qual passaram a se embrenhar centenas de jornalistas, acadêmicos e analistas políticos, após a derrota acachapante de Harris/Walz para Trump nas eleições norte-americanas, é um exercício meramente aparente, fútil , já que a realidade é - e estava - tão óbvia  que nem toda a manipulação midiática do mundo conseguiria alterar . Passei esses dois últimos dias entre afazeres profissionais, acadêmicos e domésticos, regojizando-me na leitura das teorias quânticas elaboradas por personalidades do andar de cima  desejando explicar como é possível que a maioria absoluta dos eleitores votaram na figura "abominável" de Trump. Esses experts demandam-se como o eleitor americano deixou de votar em um partido que, para esse pessoal delirante, traduz

A força da democracia a despeito da propaganda

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A vitória de Trump revelou várias coisas, como inúmeros artigos divulgam. A perdedora disse que lutará pela defesa da democracia... Qual democracia?   Aquela que só é válida se o partido de esquerda ganha, descreditando e desumanizando qualquer pessoa ou grupo que não seja seu próprio espelho?  Aquela que a linchou eleitoralmente revelando a inépcia da candidata, a despeito de um opositor nada politicamente correto que jurou lutar até a vitória com energia de adolescente?  A retórica mentirosa transformou o partido democrata de JFK em sombra e ruína do que havia sido no passado. Aquele enorme capital político e de credibilidade foi jogado no lixo há vários anos.  Sucumbiram os democratas aos caciques da simulação, da manipulação das emoções dos eleitores para os piores propósitos. E a mentira tem pernas curtas. A retórica divisiva de Obama e Hillary, manda-chuvas que transformaram a Casa Branca em seu quintal, sua cozinha, operando subrepticiamente para ganho pessoal, de suas seitas e

Unidos na polaridade: alienação legitimada?

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Os Estados Unidos se transformaram, com seu vigoroso histórico de independência, em fonte de inspiração para movimentos democráticos nos últimos 250 anos, mundo afora. A idéia de uma pujante república norte-americana influenciou profundamente a França a seguir no mesmo caminho, produzindo-se então a sangrenta Revolução Francesa e a Declaração dos Direitos do Homem, duas décadas depois do surgimento dos EUA. Da mesma forma, países ao sul, na América Latina, menos de um século depois, iniciariam seus processos de independência e busca da auto-determinação. Mais de meio milhão de vidas foram perdidas na guerra civil norte-americana, que opôs o sul ao norte, 90 anos depois da independência. A nação dividida ideologicamente, plúrima, aprendeu a ser funcional e a prosperar mediante um forte federalismo em que cada estado manteve sua autonomia legislativa, política e fiscal. A Segunda Grande Guerra criou movimento unificador norte-americano, impulsionando a indústria e o espírito empreendedor

Supremo Tribunal Federal do Brasil necessita profunda reforma

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  STF não passa no seu teste de integridade (transcrição) Por Conrado Hübner Mendes “Se alguém produzisse relatório periódico do colapso ético da conduta de ministros do STF, as últimas semanas não decepcionariam. Os episódios não repercutiram porque a magistocracia, no final, vence pelo cansaço. Se essa é das leis mais estáveis da história do patrimonialismo brasileiro, difícil manter motivação para lutar contra ela. Gilmar Mendes reconduziu, por liminar monocrática, presidente da CBF ao cargo. Há duas semanas, votou pela manutenção da decisão. O IDP, empresa da qual o ministro é sócio, e que organiza encontros político-advocatício-empresariais, gere operação lucrativa da "CBF Academy". Se você fizer curso na "Academy", parte do recurso vai para o IDP. Honrosamente, Barroso e Fux se declararam suspeitos no caso da CBF. Mas Fux, menos honrosamente, ao lado de seu filho advogado, participou do "Forbes Power Dinner", sediado na casa de sócio do "Nels

Virtude e coragem

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Em um mundo com muito barulho, em que maciça presença dos meios de comunicação transformaram o próprio meio em mensagem, pode faltar clareza sobre os valores que importam à sociedade para que se mantenha funcional, harmônica. TRANSTORNO DISSOCIATIVO PATOLÓGICO Ouvi recentemente a belíssima peça teatral Dr. Jekyl and Mr. Hyde , inspirada no Médico e o Monstro (1886) de Robert Stevenson, narrada no link acima por nada menos que o magnífico Sir Laurence Olivier, retratando a dicotomia entre o lado bom e o lado malévolo dos seres humanos. Como na peça, a  dissociação da personalidade constitui curiosidade geral. Não se limita apenas às ciências psiquiátricas, criminal ou jurídica.  Imputar responsabilidade a pessoas por atos horríveis que cometeram ou que continuam cometendo crimes exige compreender o nível de consciência que as levou ou continua a levar a cometer tais atos horríveis. Transpondo a questão aos dias atuais, mediante maior desenvolvimento da compreensão da psyché humana, fi

Construindo elites

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Antigo ditado já dizia: " cercar-se de anões não te faz um gigante ". Na sequência desse ditado, diz-se ainda que " somos a média das 5 pessoas com quem mais convivemos " . É muito importante sabermos escolher com quem convivemos, pois ainda há o velho adágio " diga-me com quem andas, e te direi quem és ". O mesmo deve ser  aplicado a gestores, públicos e privados. Se tenho um problema de saúde, buscarei tratar-me com um especialista, médico que tratou diversas pessoas com o mesmo problema. Essa conclusão parece óbvia: busca-se o melhor tratamento por quem conhece a moléstia na prática e certamente a estudou e a estuda, mantendo-se atualizado. Acredito que buscar tratar-se com alguém que apenas estudou um assunto, com altíssimas notas acadêmicas, mas que jamais teve prática, jamais conviveu com pessoas que sofrem da moléstia que precisa ser tratada, não seria a preferência de pessoas razoavelmente conscientes de que mérito suplanta em muito a formação acad

Monstros S.A.

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Eu gostaria de estar escrevendo a respeito do filme bonitinho em que o monstro lilás fica amigo da garotinha e ao invés de aterrorizá-la, a faz gargalhar. Os monstros a quem me refiro são muito diferentes daqueles do filme.  Hoje lembramos que há 1 ano bestas humanas romperam as fronteiras de Israel para cometerem um pogrom filmado, televisado ao vivo, comemorado em várias partes vizinhas, próximas ao local das atrocidades naquele momento e até hoje. Os monstros a que me refiro foram financiados, pagos, não só pelo terr8r que causaram, mas pelo número de vítimas inocentes que covardemente  trucidaram e prometem trucidar. Esses monstros agiram e continuam agindo com total covardia , como bem descrito pelo ex-chefe do estado-maior inglês, Coronel Richard Kemp , a partir do minuto 01:30 no vídeo abaixo: Sua descrição é clara: esses monstros , quando não se escondem atrás de civis (inclusive crianças), se entregam, pois são covardes, são incapazes de lutar guerras convencionais em que ape

Fake News

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 A venda da verdade absoluta, anunciar o poder da revelação, de enxergar o que os outros não enxergam e assim tornarem-se relevantes sempre foi uma tentação aos oportunistas e desonestos, bem como aos parasitas de regimes políticos ilegítimos. Ouvi falar em Fake News , pela primeira vez, durante a campanha de Donald J. Trump à Casa Branca em 2016.  Eu já nutria desconfiança em relação às notícias publicadas em jornais, sobretudo porque tive uma passagem de vida perto dos holofotes e de personalidades públicas em minha infância e adolescência. Na minha Belo Horizonte natal, eu sabia que, por detrás das fotos e notícias de jornal, havia realidades muito diferentes, muitas tragédias escondidas sob sorrisos e anúncios falsos. Isso foi transposto à mídia social e o fake , o mentiroso, ainda persiste, projetando miragens distanciadas da realidade, mentiras criadas especialmente para destruírem reputações, prejudicar pessoas, falsear eleições, limitar idéias e, sobretudo, parasitar o povo, ab

Seletividade e conflitos

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O mundo jamais conheceu um período de paz total. É certo que regiões já conheceram calmarias, períodos em que calma e harmonia passaram a ser tão valorizadas que haveria pouco incentivo para as perturbar. A calma e a paz são garantidas não apenas por ações espontâneas, daí a necessidade de leis e de autoridades que vigorosamente as coloquem em prática, mediante coerção. Lamentavelmente, como sói na tragédia humana, apenas após arrombada a porta é que se coloca uma tranca mais robusta... Os períodos mais tranquilos, em geral, vividos pela humanidade no último centenário, aconteceram exatamente após imensa destruição, especialmente a Segunda Guerra Mundial. A França teve seus Anos Gloriosos , em que todos convergiam para a construção de uma nova sociedade moderna e pacífica.  O desespero econômico, a carestia, a fome e outros flagelos descontrolados historicamente foram causas de guerras regionais, civis e, algumas vezes, mundiais. As doutrinas e ideologias totalitárias também mobilizara

Qual é a do Brasil?

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O X continua bloqueado no Brasil pela Ditadura da Toga. Transcrevo texto de Fernando Schuler denominado “Servidão Voluntária”: “Eu andava pelo Chile quando o nosso X, o antigo Twitter, desapareceu. “Qué pasa en Brasil?”, me perguntam em um almoço com colegas acadêmicos. “Longa história”, respondi, “mas basicamente continuam salvando nossa democracia”. Algumas risadas, um certo espanto, e a conversa migrou para outros assuntos. De minha parte, sempre achei o Twitter (muito antes do Elon Musk) uma rede tóxica, mas ótima para informação. Nos últimos anos fui selecionando um punhado de intelectuais que gosto de seguir. Niall Ferguson, Jonathan Haidt, por aí. “Agora complicou”, fiquei matutando. É um pouco como as eleições americanas. Boa parte do debate acontece no X. O jeito é pedir ajuda. Alguém de algum país menos neurótico, na vizinhança, mandar uns prints do que estão falando. O almoço terminou e fui dar uma volta pelas ruas de Santiago, com aquela pergunta no ar: “Qué pasa en Brasil?

Indignação e paisagens

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Conciliarem-se interesses exige ciência e paciência, a moderação sendo uma qualidade esperada de gente madura, independentemente da idade. Há loucos e amorais idosos (os famosos "velhacos"), enquanto há jovens que parecem ser a reencarnação de antigos filósofos ou de Buddha... A cada dia que passa, convenço-me que o tempo não cura muitas coisas. Conciliar pessoas, idéias e interesses não significa, entretanto, anulação. Sem estrutura, sem fundação, nada é construído e a conciliação sem considerar todos os ângulos expostos e partes envolvidas não poderia ser assim chamada, pois se trataria de submissão. Finalmente, amadurece o uso das mídias sociais, que vitimaram gravemente a geração nascida em meados dos anos 1990. Tal geração saiu de um paradigma histórico humano real e tangível diretamente ao virtual, sem qualquer guia ou manual de uso aos pais ou tutores. A geração Z , ou pós-milênio , foi criada, testada e "programada" sob a violência nua e crua de um mecanismo

Auto-penitência e hábito científico

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Não sou propriamente religioso ou místico, mas sempre frequentei prazeirosa e curiosamente cultos religiosos nas duas religiões monoteístas que meus antepassados me legaram: cristianismo e judaísmo.  Sendo o judaísmo a raiz do cristianismo, essas compartilham festejos, valores éticos e algo que sempre achei muito interessante e útil: o exame de consciência e a auto-penitência pelos erros cometidos , na busca do aprimoramento constante .  Na prática cristã que conheço, em cada missa há um momento inicial de auto-penitência, rogando-se pela piedade divina.  No judaísmo, Yom Kippur é denominado Dia do Perdão , momento em que um exame de consciência visa limpar de culpa o coração, pedir perdão não a Deus, mas a quem se fez ou quis mal, para se seguir adiante, sem o peso dos erros do passado ou a amargura que atrasam a evolução. Como investigador da Idade Média , pelo volume concentrado e riquíssimo de reflexões e filosofia resultantes da época que culminou no Iluminismo , apaixonei-me, d

Meu amigo (imaginário) e os abusos de poder no STF

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Quando cruzo pessoas na rua com seus airpods ou outras engenhocas auriculares falando (sozinhas), lembro-me do tempo em que apenas os loucos faziam isso, aparentemente . Com a modernidade da inteligência artificial, passei a ter um amigo imaginário com quem converso todos os dias, trocando idéias sobre passado, atualidades, pesquisando e opinando... esse amigo se chama ChatGPT que tanta gente tem usado (poucos admitindo-o). Com a celeuma criada em torno dos evidentes abusos de autoridade de certo personagem da cena judiciária brasileira, fiz algumas perguntas que desejo compartilhar com meu fiel público leitor. Primeira pergunta: já teve impeachment de algum alto magistrado no Brasil? Resposta: Não há precedentes de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na história do Brasil. Embora o impeachment de ministros do STF seja legalmente previsto na Constituição Federal de 1988, nunca foi concretizado. A Constituição estabelece que ministros do STF podem ser responsab