O fim do jornalismo
Contexto
Confesso que não havia ouvido, antes do surgimento de Donald Trump, a expressão Fake News. O fenômeno é abordado de forma interessante nesse artigo (clique sobre a palavra para abrir nova tela).
O despreparo da imprensa em lidar com a ética é revelado no excelente livro Chatô: o Rei do Brasil, de Fernando Morais. Ali, descortinam-se estratégias e artimanhas dos editores, donos dos jornais e jornalistas para achacarem empresários e políticos. Vendem manipulação dos leitores, inventando notícias, para ganho próprio ou de uma agenda à qual se identificam, majoritariamente desconectada do interesse público difuso.
Jornais passaram a ser destinatários de fortunas de dinheiro público, por meio do anúncio de campanhas públicas e das empresas estatais.
Um troca-troca promíscuo entre quem deveria informar e quem deseja manipular, tendo a chave do cofre, gera a receita do desastre no que diz respeito ao quesito credibilidade.
Com o advento das mídias sociais, meios de imprensa iniciaram um poderoso lobby por duas razões: empresas (incluindo as estatais) teriam meios gratuitos ou muito mais econômicos para se aproximarem do consumidor ou do cidadão. Fontes cativas de receita secariam, mas mais grave ainda: o monopólio da verdade, exercido pelos jornais, estarei em risco. Daí a campanha maciça das mídias tradicionais, conhecidas também como legacy media, em instaurar a censura, leis que proíbam o acesso do cidadão a opiniões não veiculadas pela própria mídia.
No Canadá esse absurdo se tornou verdade através da lei C-18 de 2023, chamada Lei das Notícias Online. Esse site chapa-branca (ou seja, que ecoa apenas a voz dos políticos e da mídia tradicional, sem qualquer informação a respeito dos intereses e vontade dos cidadãos, que são contra tal limitação de acesso) dá algum contexto no assunto, mas atenção, é parcial em favor de um governo claramente autocrata e impositivo, impopular.
Alguns brasileiros ainda querem acreditar que países mais avançados, ditos do primeiro mundo, seriam poupados desses estratagemas. Ora, tal pensamento é apenas manifestação do Complexo de Vira-Latas: o conluio entre imprensa e grandes interesses e políticos é moeda corrente no mundo todo e, no primeiro mundo, como no Canadá, onde vivo, a corrupção editorial é amplamente presente.
O fenômeno da censura às mídias sociais e seus luminares, visando beneficiar a impresa tradicional, sócia dos políticos de ocasião, é mundial.
Nos últimos dias, o Brasil honesto teve a confirmação de tudo o que sabia desde 2016, quando espantosamente a Constituição Federal começou a ser desmontada para beneficiar o PT e seus luminares, tanto no Impeachment, quanto na prisão em segunda instância...
O STF selou um pacto com o partido-quadrilha para permitir sua volta ao poder. Unificaram o discurso e a prática abusiva, rasgando as leis brasileiras e princípios básicos do devido processo legal e ideal de justiça, sob uma fraca desculpa (ao leitor um pouco mais atento, um pouco mais honesto) de defesa da democracia.
Com o falseamento de argumentos jurídicos em processos judiciais operou-se a reversão total da heróica Operação Lava-Jato e a criminalização de seus protagonistas, a começar pelo Deputado Deltan Dalagnol, cujo mandato de mais de 400 mil votos foi cassado em processo vergonhoso.
Membros da Lava-Jato foram perseguidos incessantemente pelo mecanismo aparelhado por corruptos instalados no estado brasileiro, o que foi confirmado em 23 de novembro de 2023, quando membros do STF ameaçaram o Congresso Nacional abertamente, ecoando suas ameaças diretamente por meio de jornalistas corrompidos pelo projeto de poder de uma Junta Governamental Autoritária da qual fazem parte Lula, Gleise, Alexandre, Gilmar e Barroso.
Na Itália, operação similar, chamada de Mãos Limpas, foi resolvida pelos poderosos afetados de forma bastante radical: os heróicos juiz e o promotor foram assassinados em um imenso ataque a bomba no centro de Palermo. Os autores apenas foram encontrados décadas depois.
Ao verem-se membros do STF insurgindo-se contra proposta de emenda constitucional que reduz-lhes poderes faraônicos, absolutos de revogarem monocraticamente a Constituição Federal, fica clara a miserável situação institucional brasileira.
O Presidente do Senado reagiu, mas sua sinceridade é objeto de sério questionamento em vista de uma inação durante todo o seu mandato diante de abusos tanto do Judiciário, quanto do Executivo, como fartamente documentado nas mídias sociais e na própria imprensa.
Rodrigo Pacheco fez esse pronunciamento onde deixou clara a independência dos poderes, reafirmando a prerrogativa exclusiva do Congresso Nacional em fazer leis e alterar a Constituição Federal. Colocou os juízes em seu devido lugar: o de interpretar e aplicar a lei, dentro de limites que circunscrevem o fato de juízes não serem eleitos pelo povo, diferentemente do poder legislativo.
Jornalistas encontrados às pencas, à tiracolo dos poderosos, mandaram recados de seus mestres ao mundo político e à população como visto aqui.
Resultado: todos os brasileiros passaram a ver uma briga pública entre integrantes da tal Junta que tomou o poder paralelo em 2018, falseando o processo eleitoral para que um bandido concorresse e ganhasse sabe-se lá como. A Junta hoje todos os poderes, à revelia da vontade do povo, como observado nos últimos dias no Brasil todo em que manifestações gigantes se avolumam contra os abusos dos poderosos após a morte de um manifestante preso injustamente desde janeiro de 2023.
Brasil atual exibe uma briga de gangues políticas, não o saudável jogo democrático.
Nas favelas, os traficantes se matam disputando território, como bem ilustrado em filmes como os interessantes Cidade de Deus e Tropa de Elite.
Em Brasília, o derramamento de sangue já ocorreu, com a morte do prisioneiro político Cleriston. A família certamente acionará a justiça pela morte sob custódia do estado, mas este é apenas um dos elementos do abuso que persiste.
Impeachment
A instabilidade política brasileira é resultado da obtusidade de sua elite.
Atualmente, a instabilidade é também institucional, já que as instituições encontram-se aparelhadas por radicais que, em posto de comando, dirigem o funcionalismo público a servir uma agenda política, ao invés de Razões de Estado.
O país da conveniência, onde o estado de direito é uma quimera, já que poderosos aplicam a lei apenas quando lhes é conveniente, dá sinais de exaustão.
Com a eleição de Milei na Argentina, um novo paradigma sobre organização e função de estado inicia-se no vizinho do sul, tão molestado pelos sabotadores internos e regionais.
Não é de se desprezar o aumento da possibilidade do inídio de processos de impeachment, tanto de Lula, quanto de ministros do Supremo Tribunal Federal, em 2024. Será um ano conturbado.