Geopolítica, teatro do controle

O ser humano parece ter um ímpeto ao controle.

Controle do seu semelhante, do comportamento, das reações e até mesmo do pensamento.

E assim, alguns agem, buscando submeter tudo e todos aos seus desejos, à sua visão parcial das coisas.

Há aqueles que se arvoram mais virtuosos, mais íntegros, mais inteligentes, mais bonitos, perfeitos, sensíveis, enfim superiores aos demais, que precisariam seguir-lhes.

Somos uma das espécies dos animais que habitam o planeta. 

Apesar da nossa pretensão em acharmos que apenas nós mudamos o mundo, transformamos a natureza, somos como os demais do reino animal: como um castor que tomba árvores para mudar o curso dos rios, como as saúvas, que em colônias destróem vegetações e plantações inteiras, somos como tubarões, que se alimentam de lindas e brincalhonas foquinhas, ou como minhocas, que oxigenam o solo e permitem florescimento e que raízes de árvores se espalhem, segurando o solo enquanto invadem o espaço com galhos, folhas e vida. 

Temos impulsos animalescos.

Podemos nos comportar, em certas circunstâncias, como qualquer animal: selvagemente.


Podemos também entender nosso comportamento animal e contê-lo. 

Temos consciência de nós próprios.

Poucos milênios atrás, o ímpeto animal de seres humanos, suas pulsões, passaram a ser melhor conhecidas e controladas. 

Os egípcios edificaram não só pirâmides, mas organizaram uma sociedade altamente sofisticada. Permitiram a convivência razoavelmente controlada em cidades, em espaços concentrados, forçando a criação de regras.

A selvageria, que reside em cada ser humano, passou a ser orientada, direcionada. Por vezes ela o faz por valores intrínsecos a cada indivíduo. Outras vezes, é direcionada pela necessidade da existência, pelo sentimento de pertencimento a um grupo que lhe protege, acolhe e, assim, orienta ações. E assim o indivíduo, livre em sua escolha, pode resolver anular-se, em prol de um grupo, para dele fazer parte já que sua existência como indivíduo lhe é menos relevante.

Os  Gregos racionalizaram a sociedade e sua organização. Aqueles modelos são até hoje usados por nós, no Ocidente. 

Grandes filósofos como Platão, autor da fenomenal A República, Sócrates, de quem herdamos o pensamento ocidental, Aristóteles, profundo conhecedor do poder e tutor de um dos maiores estadistas que existiu, Alexandre, o Grande, criaram pilares de convivência em sociedade. Esses foram imperfeitos e no tempo, foram aperfeiçoados pelos que lhes sucederam, sobretudo os Romanos.

O Império Romano teve capacidade bélica para conquistar diversos povos, subjugando-os contra a própria vontade, pela espada, assimilação ou escravidão. Tal império se estendeu da Inglaterra à Síria. O modelo de governança tinha instituições sólidas, organizadas, permitindo, após conquistas, administrar territórios e povos no que se chamava de Pax Romana. Esse império que mais influenciou nosso mundo atual durou 5 séculos e foi fonte de inspiração a vários que se seguiram, como o Bizantino e, posteriormente, o Otomano (que encerrou-se em 1923).

Outros impérios existiram e colidiram com impérios do Ocidente, como o Persa, a Dinastia chinesa Han (que durou também quase 5 séculos), o Mongol (do famoso Genghis Khan) e o Califado, que teve em Maomé seu expoente de poder e influência.

O traço comum desses impérios foi o direcionamento utilitário da violência, orientando a conquista, a imposição de regras, modos de vida sobre membros internos e povos conquistados (unicamente aqueles que receberam o benefício de não serem massacrados, vários deles assimilando-se). 

Impérios só existem pois são desenvolvidos em matéria de organização. Não são necessariamente sinais de avanço humano. Se tentarmos aplicar a ótica atual do que seriam conceitos de direitos humanos e diversidade, nenhum império será visto como positivo, mas é claro que há benefícios quando significam evolução, sobrepondo-se a sociedades bárbaras após lutas sangrentas, como vimos na luta dos Aliados contra o Eixo do Mal na Segunda Grande Guerra e como estamos vendo agora na aliança ocidental com Ucrânia e Israel contra a barbárie e bestialidade russa e palestina. 

Note-se que, após a submissão, povos nesses impérios tiveram períodos de criatividade e harmonia. É o que se constata nas artes, filosofia, arquitetura e herança cultural que deixaram e que admiramos até hoje, demonstrando haver lado positivo em tudo. Foi inclusive o que vi esse ano em Alhambra:


É evidente que, desde a primeira tribo organizada humana, da mesma forma que ocorre em matilhas, o ímpeto da conquista e da submissão sobre outro grupo raramente é contido, gerando conflitos, batalhas sangrentas.

As guerras de conquista, diferentemente daquelas de pura defesa, são muito mais brutais, pois os invasores não tem nada a perder, só a ganhar. Igual ao que os palestinos em territórios vizinhos fazem, há décadas, com Israel. Ao invés de copiarem o vizinho e edificarem algo para sua própria prosperidade e de seus filhos, desejam apenas e invejosamente destruir o que não conseguem conquistar pois encontram determinação feroz daqueles que são os herdeiros históricos de um povo sempre explorado e conquistado, o povo judeu. 

Os palestinos e os islamistas sabem que não subjugarão os judeus, não lhes assimilarão, por isso só lhes resta uma agenda: a destruição total. Já fizeram isso em todos os países árabes após 1948, onde centenas de milhares de judeus foram assassinados ou simplesmente condenados a fugirem (mas a narrativa preferida da coitadice e da mídia oculta esse fato).

Não se tem histórico confirmado de um império judaico da era moderna ou de guerras de conquista do povo judeu, como foi o Califado que matou milhões de pessoas na África e nas Arábias (cujo sonho genocida de conquista inspira alguns malucos por lá e mundo afora, como Hamas, ISIS, etc.). Israel não coloniza nada, apenas é resultado do resgate territorial por um povo nativo, que jamais negou a existência de outros povos locais, e apenas lhes propõe a convivência pacífica, em segurança, com vigilância, como qualquer um que visitou Israel teve o prazer de constatar.

Se o alcance dos conflitos era antes limitado a certas regiões, o ser humano, com sua genialidade criativa, conseguiu levar conflitos a regiões remotas. Grandes impérios e conquistadores sonham em dominar o mundo, impondo-lhe sua visão ao maior número de seres vivos e territórios, destruindo toda resistência em seu caminho. A terra ficou pequena para tais animais conquistadores selvagens.

Daí a pertinência da geopolítica, o estudo da política e da força usada entre países, aquela em que o impacto do relacionamento entre grupos formais ou informais sobre o mundo se faz sentir, podendo gerar profundo sofrimento e discórdia. 

No fundo, a geopolítica nada mais é do que estudo do controle real ou tentativo do maior número de pessoas, por grupos.

O que estamos assistindo atualmente, onde certos palestinos apóiam atos bárbaros de seu grupo e gente horrível no ocidente manifesta apoio às atrocidades cometidas e prometidas contra judeus de Israel e do resto do mundo, nada mais é que a tentativa da imposição da barbárie por meio do terror e, posteriormente, da execução de atos abomináveis como aqueles amplamente documentados ocorridos em 7 de outubro de 2023. Vale tentar entender como isso ocorre e sua razão de ser.

Em 2000, a ONU lançou uma iniciativa versando sobre crimes transnacionais, que você pode conferir aqui. No ano seguinte, ocorreu o 11 de setembro, ataque mais letal em território americano desde Pearl Harbour. 

O importante a reter é que o mundo hiperconectado permite com que redes transnacionais criminosas operem agilmente, utilizando-se de subterfúgios para atingirem seus objetivos que, muitas vezes, importam em golpes de estado, atentados terroristas, roubo de segredos industriais e circulação descontrolada de armamento e narcóticos.

O que é um crime? 

Para ele existir, precisa ser definido. 

Precisa haver um grupo, uma massa social crítica mínima que entenda ser uma conduta condenável, transformando-a em crime, proibindo-a e punindo quem a execute. 

E é aí que a coisa se complica, já que constatamos haver povos ou grupos com visão de mundo e valores absolutamente incompatíveis no mesmo tempo e espaço. Um deles prevalecerá. Muitas vezes, não é o mais numeroso que prevalece, mas o mais violento, agressivo e bestial.

Assim, é impossível um antisemita, como todos esses que estão gritando em campi universitários e ruas do ocidente morte aos judeus! e pregando o fim de Israel, sob a bandeira genocida da Palestina Livre do Rio Jordão ao Mar, conviverem com a maioria dos povos ocidentais. A maioria dos ocidentais, sobretudo aqueles que não se manifestam, que ficam em casa ou no trabalho cuidando de suas vidas, não relativiza a violência e entende o que é uma guerra de conquista, boçal e bárbara. Essa maioria sabe que a destruição da infraestrutura do terror do Hamas, por uma nação que sonha com a paz com os vizinhos, como Israel, é ato necessário que não precisa de mais justificativas.

A maioria do ocidente sabe que o simples questionamento ao direito de Israel defender-se contra o Império do Mal, e lhe negar legitimidade em suas ações militares visando erradicar quem lhe ameaça a existência, constitui desumanização clara de um grupo social. Sabemos da impossibilidade da coexistência do bem com o terror.  

Isso não quer dizer que não conseguimos conviver com agrupamentos distintos, heterogêneos. É difícil, exige esforço diário, precisa tornar-se hábito, demanda negar o espírito selvagem dos animais onde ódio necessariamente gera ódio. 

As manifestações pró-palestinas, por exemplo, na verdade não passam de incitação ao ódio, já que sob seu manto aparente pregam o genocídio, convidando todos os que lhes vêem ao desprezo e ao ódio. O ocidente não pode virar odioso apenas porque um punhado de idiotas-úteis, de parasitas sociais, de desviados moralmente ou fanáticos dá gritos de ódio em nossas ruas, sem cessar. 

É certo que o Ocidente tem culpa. Tem menosprezado a convivência com a diferença há décadas. 

Destruir a diversidade em todos os campos tem sido ensinado nas escolas, nas universidades e sobretudo no campo político e social. O marxismo jamais esteve tão presente no Ocidente quanto hoje, pois o método destrutivo é o mesmo, calando o dissenso e a crítica, gerando auto-ódio, auto-destruição por jovens que se dizem bem intencionados, mas incapazes de raciocinar logicamente, estudar a história e reorientar seu ódio a quem realmente o mereceria (se não conseguirem transformar tal energia em algo produtivo, positivo).

É inclusive o que já havia escrito nesse post.

Ao criminalizarem apoiadores (os moderados, obviamente, pois os radicais existirão em qualquer espectro político) de Trump ou Bolsonaro, ao invés de admitir sua existência, a compreensão de suas pautas, na busca de pontos comuns para povos prosperarem juntos ao invés de despenderem energia na tentativa de imporem visões uns sobre os outros, como se água e óleo, a academia e a imprensa abriram a porta do ocidente ao ódio hoje tão presente nas manifestações anti-Israel e antisemitas. 

Isso ocorre em um momento em que o ocidente precisa fortalecer-se para impedir a ascensão de um novo Eixo do Mal razoavelmente identificado.

Vivo no Ocidente, desejo que o Ocidente continue existindo com suas liberdades e conquistas do Iluminismo, em diversidade e tolerância dentro de limites razoáveis. Não à toa tanta gente quer fugir dos países integrantes do Eixo do Mal, vindo refugiar-se no Ocidente, para gozar de liberdades que lá não possuem. 

Pessoalmente, não desejo conquistar território nenhum, pois creio que o comércio é estímulo muito melhor para relacionamento entre povos. Não vejo meus concidadãos interessados em subjugar povo algum, mas se alguém quiser nos destruir, ameaçar destruir nosso modo de vida, o sonho de civilização que nossos antepassados arduamente construíram com suor e sangue, é claro que a reação deve acontecer, de forma definitiva e feroz.

Para tanto, expurgar intolerantes de nossas sociedades ocidentais, aqueles que desejam parasitar nosso sistema, nossa bondade e generosidade, para nos destruírem, é necessário. Não se trata de ataque, mas apenas defesa. Desejam eliminar a paz nas escolas, nas universidades, destruir grupos e minorias, matar idéias? 

Ora, que saiam de nossos países ou abandonem suas agendas autoritárias e odiosas.

Lembremos que muitos dos grupos que rastejaram para fora do seu esgoto moral, encontrando parceiros para protestar em escolas, universidades, instituições políticas e ruas, assim como grupos terroristas do tipo Hamas, não se vinculam a regra alguma.

Como apontado acima sobre redes transnacionais do crime, a ponte entre esses grupos com estados como o Irã, permite-lhes exercer atividades ilícitas indetectáveis, pois parece que o bem sempre chega atrasado, sempre corre atrás de quem comete o mau.

Vivemos um tempo de vigilância.

A Segunda Guerra Mundial nos ensinou a estarmos em constante estado de alerta. França e Inglaterra acreditaram piamente no pacifismo oriundo do sofrimento da Primeira Guerra, na diplomacia, nas boas-maneiras com gente que intencionava apenas a conquista, a vingança, o ódio e a destruição, como eram os nazistas. Erraram feio e pagaram caríssimo.

Não à toa, os romanos já diziam: se queres a paz, prepare-se para a guerra.

Ci vis pacem, para bellum (a mesma frase, no original, latim)

Assim como jovens hippies, pacifistas, resolveram fazer uma rave na divisa de Israel com Gaza, acreditando no voluntarismo e que seus corações cheios de boas intenções venceriam o mal absoluto, predominariam sobre o culto da morte palestino, não acho aceitável o mundo ignorar o que está acontecendo em nossas ruas, em nossas escolas e universidades. O ódio travestido de ativismo ou antisemitismo puro está sendo admitido como direito de "manifestar". Isso não é livre manifestação de se expressar: isso é ódio puro, intimidação de minorias, é um abuso de direitos feitos para gerar diversidade de opiniões e não para permitir a tomada das ruas pela violência por discursos e atos.

Felizmente, autoridades constituídas em nossos países estão afirmando que mesmo a tolerância e a paciência precisam de limites, diante do horrível, diante do terror, diante da desumanização. 

A ninguém pode ser assegurado o direito de aterrorizar pessoas, muito menos minorias que conhecem muito bem o que é ser atacado, destruído e desumanizado, como comprovado nos horrores do Holocausto, no passado, e em Bucha, na Ucrânia, Karm al-Zeitoun e Darayya na Síria e no Sul de Israel, em nosso tempo presente.

O império do mal não prosperará, mas isso não acontecerá sozinho.

Pessoas de bem precisam FALAR, DIVULGAR, espalhar informação confiável de quem está combatendo o mal, e não espalhar notícias falsas produzidas por quem deseja a destruição e sonha com o caos, com ele contribuindo.

 


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