2022: o ano em que o Brasil foi enterrado

Desculpe, querida/o leitor/a, mas ao afundar hoje na Copa do Mundo, perdendo para a destemida e determinada Croácia nas quartas de final, fecha-se um ciclo desastroso ao Brasil, que sucumbiu.

RIP 1

O primeiro enterro foi ético/político.

Procedimentos judiciais viciados se iniciaram ainda em 2018, quando bandidos da Lava-Jato foram beneficiados, sob medida, pela abolição da prisão em segunda instância pelo STF. Políticos e magistrados, unidos, temendo a extensão da Lava-Jato e uma mudança de paradigma ético no país, resolveram enterrá-la e quem enterra a ética, enterra a sociedade como um todo.

Em seguida ao primeiro golpe ético, o bandido-mor e chefe da OrCrim (denominação utilizada pelo Ministério Público Federal em audiência pública) viu-se liberado da cadeia por certo militante travestido de ministro supremo que, contrariando séculos de construção doutrinária, jurisprudencial e a lei, anulou processos julgados e conduzidos por mais de dezena de magistrados, em 3 instâncias. 

Tais manobras falsearam a realidade para viciar todo o processo eleitoral de 2022, permitindo ao criminoso ser eleito. O bandido venceu por margem mínima, ainda que beneficiado por maciça campanha em seu favor e fraquíssimo oponente, um dos políticos mais inábeis e obtusos que o Brasil teve em sua curta história democrática.

RIP 2

O segundo enterro veio no dia de hoje, o esportivo.


Há quem acredite na Fênix, a ave mítica que renasce das cinzas.

O Brasil tem muita gente religiosa, supersticiosa. Acreditam que, a despeito de toda a destruição ética, econômica, política e mesmo física (alta taxa de homicídios, além das mortes causadas pela ausência de estado eficiente e competente), o país renascerá sempre, após reiteradamente ser trucidado em vários campos, como nos citados acima.

LADEIRA ABAIXO

Não quero ser cassandra, estraga-prazeres, mas olho um pouco além e percebo maus sinais. A vagabundização brasileira corre a passos largos em todos os âmbitos. 

Não à toa talentos, empreendedores, cérebros e milionários estão fugindo do país, indo instalar-se em outras paragens. E ainda há imbecis que aplaudem tal movimento.

Nem preciso citar - já fiz em outros posts - Tigres Asiáticos que resolveram engatar uma marcha forte nos idos de 1970 e, de medíocres países agrícolas, tornaram-se superpotências industriais mesmo sem recursos naturais ou grande território. Não comparo o Brasil tampouco com a China, que acordou apenas em 1990 e virou a maior potência industrial do planeta.

O Brasil esgotou desculpas por ter perdido o bonde da história várias vezes, em várias frentes.

Lembremos: a Argentina já teve renda per capita maior que da Inglaterra, mais de 100 anos atrás. Hoje é sombra do que foi no passado, vivendo nos escombros do que havia sido construído. O Brasil está no mesmo caminho, pois sempre optou pelo mais fácil, pelo papo bobo, pelos bufões e salafrários.

O Brasil optou, depois da desmilitarização, por ser liderado por chefes de diretórios acadêmicos que confabulavam em botecos e montavam partidos revolucionários, enquanto estudantes dedicados ralavam em sala de aula. Os competentes foram embora, ao exterior, buscando centros de excelência para prosperarem com previsibilidade, sem aceitarem se subordinarem aos mesmos idiotas dos diretórios que virariam reitores e diretores de faculdades... como é o que veio a ocorrer nesses últimos 30 anos.

O Brasil optou por ter bandidos na política, liderando poderes da república, comprometidos apenas em alimentar grupinhos fiéis, organizando-se com maestria na pilhagem do contribuinte e na vitória de eleições que abusam de estratagemas obscuros.

Assim sendo, decreto - sem crença em uma Fênix - o sepultamento solene do Brasil em 2022: na política, na ética, na governança pública e... no futebol.

Sua lápide contém os seguintes dizeres:

Dezembro de 2022 - aqui jaz um país - e seu povo - que um dia foi chamado de "país do futuro". Esse país atraía talentos por seu potencial, mas desperdiçou tantas oportunidades que hoje está jogado a vermes que se alimentarão de sua carcaça, nessa vala-comum em que se une a tantos outros consumidos por parasitas, poe quem nada produz, apenas destrói, consome. Fique em paz até que justos e honestos lhe ressuscitem.






 

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