Eleições Brasil: aberta a temporada de caça

Está aberta a temporada de caça, onde você, eleitor(a) é a caça e o caçador é o político que a cada 4 anos se lembra que você existe.

No dia 2 de outubro dezenas de milhões de brasileiros irão às urnas (e outros milhões se absterão, por ojeriza ao processo eleitoral, à política e a tudo o que ela representa). Eles terão que escolher quem governará o país nos 4 anos seguintes, não apenas nos executivos federal (Presidente e Vice-Presidente) e estadual (Governadores e seus Vices), mas também membros do legislativo federal (Senadores e Deputados Federais) e estadual (Deputados Estaduais).

No total, será uma votação cansativa: cada eleitor terá que apertar teclas de escolha e confirmação (ou apenas anulação do voto) com 5 nomes. O eleitor mais rápido já chegará com o voto memorizado e os 5 políticos escolhidos, mas gastará no mínimo 3 minutos dentro da baia onde a urna eletrônica se encontrará para validamente exercer seu direito (no caso brasileiro, também um dever).

Os residentes no exterior votarão apenas para Presidente, já que não possuem vínculo com nenhum estado federado brasileiro. Nem mesmo votarão para Senador ou Deputado Federal. É o meu caso: preciso escolher apenas o próximo Presidente do Brasil.


Essa é a época em que todos os políticos vestem sua melhor fantasia, selecionam o discurso "adequado", ocultando defeitos e circundando-se de puxa-sacos e baba-ovos (é impossível ao Google Translate entender expressões brasileiras. O leitor não-brasileiro realmente fica prejudicado por não dominar o idioma... sugiro que consulte um brasileiro para entender o que escrevo...).

Infelizmente (ou não), o Brasil está confrontado, novamente, com a dicotomia eleitoral. Nenhuma terceira-via conseguiu romper a barreira mínima da viabilidade. Assim sendo, quase todo cidadão brasileiro confronta-se com o dilema: Bolsonaro ou Lula? 

Há alguns eleitores que no primeiro turno votarão em outros candidatos, anularão seu voto ou apenas se absterão de votar (ainda que o voto seja obrigatório, segundo a Constituição Federal). Se houver segundo turno, será Bolsonaro, Lula ou ANULA (ou apenas não apresentar-se em sua seção eleitoral).

Nos estados federados a coisa é ainda pior. A disputa pelo tempo eleitoral de TV e rádio obriga opositores políticos a por vezes aliarem-se, contrariando posições assumidas nacionalmente. Isso gera uma grande incoerência ideológica e desorientação dos cidadãos. Políticos e seus partidos lutam para conseguirem atingir audiência estadual perante um eleitorado apático e sobretudo ignorante sobre candidato, partido e reais necessidades. É a receita do desastre e do falseamento da democracia...

A maioria das decisões eleitorais no Brasil acontece de última hora. Assim, leva mais voto a celebridade de maior impacto, avantajada pela exposição midiática, independentemente de plataforma, idéias, valores, companhias ou passado. Isso induz (com as raras exceções dos trabalhos de base efetuados por políticos-raiz) a escolhas ruins, como se vê pela eterna má representação popular no Congresso Nacional.

A democracia brasileira é extremamente falha. É o mínimo que se pode dizer. Isso se deve à Constituição de 1967 (e à de 1988) e ao fim do voto distrital, que alijaram o poder do cidadão, levando para longe do eleitor o político, a política e as decisões importantes. No momento em que a política passou a distanciar-se do cidadão, tudo piorou no Brasil. Poucos brasileiros já conversaram com seus representantes eleitos. O distanciamento é a fórmula do fracasso e isso explica muita coisa... inclusive a corrupção e a absoluta ausência de comprometimento do político perante seu eleitorado.

Resta torcer para que o desastre seja minimizado.

Este curioso brasilianista sediado em terras frias estará atentamente acompanhando uma eleição que certamente será judicializada ao extremo.

Como assim, judicializada?

Ora, com um STF histriônico, onde juízes recusam-se a conterem-se e a resignar-se às suas escrivaninhas e livros, tomando o palco e o protagonismo político, é de se esperar que candidatos ataquem-se no discurso, na rua, na TV, no rádio e nos tribunais...


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