Falácias da Falsa Dicotomia: insistente

Políticos são excelentes em criarem mentiras. Eles vivem de criarem expectativas para seduzirem o eleitor e receberem, a cada 4 anos em geral, um risco numa folha de papel ou, no Brasil, o aperto em uma tecla CONFIRMANDO o voto.

Depois disso, esquecem-se das promessas, fazem o que querem e tudo se inicia novamente na época da grande sedução (época eleitoral).

Todos os que se projetam na cena política fazem isso, inclusive aqueles que não precisam aparentemente de votos, mas que na verdade precisam de algo além do apoio e proteção dos poderosos, que lhes garantem o título de nobreza, no íntimo da Corte, de certa popularidade para se sustentarem fora do mundo que criam para si e seus grupelhos.

Aí entra um erro lógico fundamental: a falácia da falsa dicotomia, já abordada por mim alhures.

Veja bem: alguns luminares da República Federativa das Ban..., desculpe, da República Federativa do Brasil, notadamente juízes da mais alta corte, compraram ou criaram, mas certamente vendem e alimentam alucinadamente a Falácia da Falsa Dicotomia.

Afinal, eles dizem que a ditadura da toga é melhor do que a pretensa e imaginária ditadura de políticos eleitos por dezenas de milhões de votos do povo... tanto que trouxeram um bandido encarcerado que teve a pena de 9 anos interrompida para... salvar o país?... 

Por quê estou falando isso?

Incorri em um erro ontem, quando aceitei um convite para estar presente à seguinte conferência:


O nome pomposo anunciava uma conferência sobre civilidade e debate democrático. É claro que eu atentei para a palavra "liberal democracy", ou seja, "democracia liberal" que não é, de forma alguma, o que talvez você, leitor liberal, imagina.

Se escreveram assim, é prá dizer: democracia deles, dos progressistas, que adoram chamar de liberal, mas que na verdade só serve como democracia se você se subordinar aos mandamentos, à visão de mundo desse pessoal dogmático, mas que possui fala mansa, discurso inclusivo, lobos em pele de cordeiro.

Enfim, ao invés de ficar confortavelmente em casa para assistir pelo Youtube (e rapidamente desligar se abominável, como efetivamente foi e você poderá conferir no vídeo acima, se sua dose de masoquismo estiver no fim), resolvi me deslocar para ver o que seria apresentado, discutido, sem saber, sem idéia alguma de quem seriam os palestrantes.

Eu preferia ter ficado em casa.

Eu preferia ter me mantido em minha mais profunda e inocente ignorância.

Enfim, fui e para minha surpresa, estava lá o Presidente atual do STF, aquele que julgou a Lava-Jato dando razão a todas as conclusões das instâncias inferiores, denunciando a corrupção absoluta, como se vê nesse vídeo:


O problema é que o Ministro do Supremo do vídeo acima não existe mais. 

Imagino tenha sido cooptado pela carreira de político por gente vingativa, sobretudo por um bandido eleito presidente. 

Ele poderia ter feito como Joaquim Barbosa, que ao invés de ceder às chantagens para manter-se ministro, renunciou. 

Mas só que não: a vaidade mostra-se, como se vê no vídeo lá encima, sua marca suprema e, obviamente, ele apenas sairá de baixo dos holofotes quando for por aposentadoria compulsória. Ele adora estar no centro do palco...delira.

E desta forma, o tal Ministro virou politico. 

Assumiu-se porta-voz da democracia (???, bem, sob sua ótica bem particular...) passando a perseguir quem entende danoso ao seu sonho de sociedade, sobretudo opositores do regime que lhe exige fidelidade canina e contra um ex-presidente do qual não gosta (o que inclusive não deveria ter importância alguma, pois se gosta ou não de Zé ou João, nada disso deveria influenciar no exercício do cargo que precisa honrar). 

Assim, o palestrante ilustre deixou de dizer novamente: "Perdeu, Mané", mas continua a olhar, de cima para baixo, mais de metade dos brasileiros que considera, isso mesmo, Manés, idiotas, imbecis, pobres-coitados, que não conseguiram atingir o conhecimento supremo, sublime, de quem enxerga as coisas em um mar de cegos...

O evento foi lamentável sobretudo para mim. Descobri que Rosalie Abella, ex-ministra da Suprema Corte do Canadá, uma figura que eu admirava à distância, demonstrou compartilhar do mesmo "supremacismo" ideológico que o Min. Barroso expôs. Ela demonstrou pretensão e ignorância no minuto 1:24:00 de sua fala quando diz que a cláusula democrática não é implementada em lugar nenhum. Pelo contrário. Tanto Venezuela, quanto Paraguai foram suspensos do Mercosul por violação do Protocolo de Ushuaia. O problema de sumidades celebradas sobre um palco é a liberdade com que confundem a atenção do público com as limitações de seu conhecimento; deveriam limitar-se a falar sobre o que sabem e conhecem realmente...

Assim, Abella e Barroso declararam-se acima do bem e do mal para dizerem qual engenharia social desejam, qual regulação das mídias sociais defendem, implantando a censura quando não se tratar da vertente ideológica e da narrativa que criaram e defendem com unhas e dentes, com os recursos do contribuinte. Declaram-se democratas, mas na verdade, querem impôr sua fórmula que, a despeito do belo discurso, não é inclusiva. Infelizmente, pregam o oposto (e reluto a acreditar que seja em má-fé, mas uma crença dogmática presa a idéias petrificadas de um tempo já extinto).

No palco, não havia sequer um empresário, sequer alguém que não é funcionário público de carreira, sequer alguém que conhece haver outros mundos fora das bolhas de salamaleques e privilégios com que se acostumaram. Nenhum "criador de empregos" estava no palco para ensinar aos Illuminati que eles estavam falando imensas bobagens, propagando-as... a um público inerte, passivo, talvez lobotomizado.

Tudo ocorreu sob aplausos da pouco numerosa platéia, majoritariamente de cabeça branca, e diante de representantes da notória mídia comprada pelo atual primeiro ministro do Canadá, como denunciado ad nauseam por analistas competentes e preparados como Jordan Peterson e Gad Saad, sobretudo no X. Afinal, precisam "criar conteúdo" para alimentarem a narrativa que mantém seus privilégios.

Abaixo, a arte de Francisco de Goya, Saturno devorando um filho, que bem traduz a imprensa chapa-branca devorando os contribuintes.



Foi uma lástima eu ter-me deslocado para essa conferência, entretanto a temperatura estava deliciosa.

O dia havia sido marcado por uma eclipse solar total, incrível, que vi do meu jardim.


E assim, corrigi rapidamente meu erro: após 15 minutos de iniciada a tal conferência, parti.

Entendi que se tratava de mais um capítulo do culto dos puxa-sacos progressistas, que insistem, ainda, em ignorar que metade ou mais do mundo ocidental não compartilha da visão que possuem (e sou um desses, que não cedo à falsa dicotomia que tentam stalinisticamente impôr sugerindo que se eu não lhes apóio, sou isso ou aquilo). Quem rotula demais os outros também está rotulado.

Assustador: jamais vi, para uma conferência de magistrados no Canadá, tantos seguranças e carros enormes pretos (blindados?). Achei exagerado, mas isso demonstra o quão esses seres são antipatizados atualmente...



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