2018 em retrospectiva: o ano em que aprendemos a usar mídia social

Acho que daqui a 10 ou 15 anos, olhando para 2018, terá sido o ano em que teremos finalmente aprendido a usar mídia social.

Isso mesmo: o ano de 2018, pois 2017 foi um ano perdido nesse sentido, onde a manipulação de notícias nos deu a exata dimensão de como é fácil enganar milhões de pessoas num só click. A dimensão de como a informação é produzida e circula se revelou no ano que passou e será melhor administrada em 2018.



Quem é o catalisador dessa mudança de paradigma?

Alguns dirão Donald Trump, o presidente odiado pela maioria das pessoas do planeta. Essa maioria o acha antipático e desagradável, sendo estimulada ao ódio por uma mídia extremamente manipuladora. E ele não está nem aí.

Acho que seria um exagero, como tudo o que tem sido imputado ao demônio laranja... ele não tem o condão de ter reinventado a América, nem de estar subvertendo a ordem mundial, como já explorei em outros posts, em meu humilde entendimento...

Em todos os lugares do planeta está havendo a desintermediação da informação. Só que isso é feito sem técnica alguma. Fatos acontecem e eles são partilhados em inúmeras plataformas virtuais. Quem os vê precisa ter muita técnica para lidar com fontes variadas, filtrar e chegar a conclusões corretas. A maioria das pessoas se fia apenas em 2 ou 3 linhas de notícia e daí fazem sua sentença, condenado gente, povos, situações, sem profundidade ou elaboração alguma.

Décadas atrás, a profissão de jornalista ou comunicador foi regulamentada e universidades criaram cursos para formar gente que seria absorvida pelo crescente mercado do noticiário. Só que isso parece ser coisa de um passado longínquo. O monopólio da informação e seu empacotamento para consumo público está de paradigma novo.

Os atuais meios de comunicação permitem que fatos não mais passem necessariamente por intermediários para virarem notícia.

Em sociedades abertas, onde o acesso aos aplicativos da mídia social é livre, a informação circula descontroladamente, mas ao menos é permitido ao cidadão conferir fatos em várias fontes, instantaneamente. Uma pessoa poderá, com razoável certeza, saber se o meio de comunicação noticiou algo que tem nexo com a realidade ou o fato reportado.

É interessante constatar que, além disso, a indústria da mídia cria fronts, movida por razões puramente comerciais, políticas ou ideológicas, resultando na manipulação organizada de fatos e tendências. A massificação induz pessoas a certos atos e não é à toa que, no início dessa indústria massificada muita gente duvidava que o homem tivesse ido à lua, estando convicta de que era tudo manipulação e que as imagens transmitidas pela TV tinham sido feitas em estúdio (foram necessárias diversas provas científicas para afirmar que, efetivamente, pisou-se na lua).

Vou usar o exemplo brasileiro, para não acharem que a terra foi inventada (ou está sendo destruída) por um só ser: Trump (como CNN, NYT e tantos outros canais com tendências libertárias, alinhados com a agenda democrata e auto-odiosa, desejam demonstrar em vão).

Lula foi condenado por uma parte da opinião pública brasileira - no Brasil e no exterior.

Foi condenado por aqueles que lêem e se informam, a despeito de uma mídia altamente tendenciosa em seu favor e da Dilma, que apenas começou a divulgar fatos contra o líder petista após provas irrefutáveis de benefício próprio, além de todos aqueles que integravam o projeto de poder petista.

A popularidade do presidenciável sempre aterrorizou a mídia tradicional. Foi necessário um movimento judicial, assentado em fatos irrefutáveis, para que formadores de opinião das classes informadas aderissem à sua condenação a despeito de uma mídia manipuladora. Hoje em dia, só quem quer se manter cego acha que Carta Capital, IstoÉ e Globo noticiam a realidade... elas nada mais fazem do que agradar a mão e o ideário que lhes alimenta. A Veja, canal de comunicação que perdeu imenso espaço nos anos petistas, tem sua própria agenda, sensacionalizando notícias e opiniões, mas normalmente destaca-se diante das outras mídias por não temer em identificar mal-feitos e divulgar fatos fundamentais para a evolução da sociedade brasileira.

Voltando ao molusco - ou jararaca, como se auto-denomina -, Lula é réu em diversos processos e provavelmente, em fins de janeiro, estará encarcerado, caso seu recurso seja negado e seja condenado em segunda instância. Dia 25 de janeiro será o ano da ressaca para petistas ou brasileiros... dependendo de como os juízes votarão.

Este fato coincidirá com ativistas na mídia social agindo. Aqueles que conseguem fazer conta, somar um mais um, e que não se vendem por um prato de comida ou cartão recheado do Bolsa Família, conseguirão reunir elementos para entender o que se passa.

A carreira de Lula, ainda que encarcerado, assim como a do Fernandinho Beira-Mar, nem de outros grande criminosos, não terá, entretanto, se encerrado.



A manipulação das informações fará com que Lula encarcerado se torne um mártir da causa popular, como petistas gostam de se arvorar,  e não como ladrões do povo brasileiro. O romantismo de militantes não tem limite, adorando bandidos.

Lula preso será o ápice da carreira messiânica desse hábil político, que covardemente nega sua responsabilidade, ainda que associados próximos lhe denunciem (o depoimento de Palocci, o braço direito, é emblemático enculpando Lula), mas que sonha entrar para a história como um segundo Pai dos Pobres, o Getúlio Vargas do Século XXI...

E será aí que a mídia social de 2018 poderá ter um papel essencial, fundamental.

Com a desintermediação da notícia, a campanha eleitoral brasileira deverá permitir a circulação de diversas notícias de fontes não-oficiais. Organizá-las, dar-lhes sentido, permitir com que acrescentem para a criação de uma consciência coletiva informada, é essencial.

Não acredito que o Brasil faça esse trabalho hercúleo em 2018 sozinho, mas o que se passará nos EUA - um país com um nível médio educacional razoavelmente melhor que o brasileiro - influenciará os trópicos.

Nos EUA a mídia libertária-democrata explora todos os meios possíveis para deslegitimar tudo o que Trump fez e faz, escondendo-se por detrás de muitos fatos inventados e uma legião de simpatizantes no aparelhado estado federal.

Assim como o PT no Brasil, os democratas aparelharam a função pública habilmente, aliando-se a meios de comunicação e universidades poderosos, impedindo a diversidade de opinião e impondo um policiamento ideológico comparado a polícias religiosas islâmicas ou políticas políticas estalinistas.

Nos EUA, como no Brasil, a divisão da sociedade promovida por políticos covardes e que apenas pensam em si mesmos e em seus grupos, tem dado frutos. Trump, como já indiquei em minhas opiniões passadas, é resultado dessa política divisiva iniciada por democratas, e infelizmente adota as mesmas armas em diversos âmbitos, como na política de imigração.

O Economist abordou, semanas atrás, a necessidade de regulação das mídias sociais, pois manipulam o usuário de forma criminosa, entretanto beneficiam sobretudo a agenda não-conservadora, revolucionária, por vezes anarquista. 

Pesquisas por assunto são direcionadas segundo uma agenda oculta, posto que desconhecida e controlada por algoritmos programados por ideólogos. 

Não conseguimos buscar as informações que desejamos, pois algoritmos complexos nos direcionam sem nos perguntar. 

Esse é o maior risco atualmente à democracia e à participação nos processos decisórios: nossas mentes podem estar sendo manipuladas por informações que visam apenas nos tornar melhor consumidores, sobretudo calmos e passivos, incapazes de contestarmos fatos que nos inundam como se fossem verdade absoluta.

O policiamento das mídias sociais é também item de preocupação.

Volta-e-meia, pessoas são processadas por opiniões assentadas em meios virtuais, e condenações judiciais tem sido comuns. Silenciar o dissenso não é coisa exclusiva do regime dos Aiatolás. Tradicionais democracias, como na Suécia, Dinamarca e Canadá, tem permitido com que grupos sociais se insurjam contra opiniões que lhes questionam os hábitos e tradições, impondo mordaças que nada mais fazem que calar a diversidade.

Acredito que em 2018 vários trabalhos científicos, livros e editoriais se dedicarão a esse fenômeno.

Muitos não desejarão ler esses escritos ou ouvir opiniões a respeito.

Muitos não aceitarão, como já acontece hoje, que é necessário ouvir opiniões contrárias e até mesmo admitir, como eu falo, que Trump pode estar fazendo algumas coisas boas, em meio a baboseiras ou histrionismos, não sendo o único vilão da estória, etc. etc.

Muitos não compõem o todo, apesar de fazerem barulho, quererem policiar, calar, justificar sua auto-intitulada altivez ética, como se estivessem acima do bem e do mal.

Acho que em 10 ou 15 anos, leremos 2018 como um ano importante. Será o ano em que teremos elevado ou condenado as mídias sociais a uma posição primordial na sociedade humana... ou a um papel irrelevante.

Resta-nos entender como contribuiremos para construir esse divisor de águas, para usar essa maravilha tecnológica em prol da coletividade e não de um grupinho que busca manter poder político, econômico...

Melhor de tudo: há um mercado aí. 

Um mercado ávido de acesso a fatos sem filtros nem intermediários. Mecanismos de pesquisa tem manipulado usuários sem perguntar. Quem criar esse serviço genuinamente aberto, será popular...


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