Preparando o futuro

O MÉTODO

A primeira vítima, em uma guerra, é a verdade, já dizia Ésquilo, dramaturgo grego da antiguidade.

Sun Tzu, em sua Arte da Guerra, ensinou que enganar é tudo, em um conflito.

Ou seja, o que importa é ganhar, independentemente do método. O poder, representação do sucesso pessoal, é o deus humano.

O Brasil é um país completamente desolador no que diz respeito ao exercício e à organização do exercício do poder.

Extremamente concentrado, desde Vargas, passando pelos militares até a Constituição de 1988, o poder político e econômico do estado federal esmaga qualquer exercício legítimo de soberania por parte do cidadão brasileiro.

Sua frustração em relação a toda representação de poder advém da incapacidade em compreender que tudo vem sendo estruturado, há quase um século, para manipular a opinião pública e a dominá-la, com maior ou menor elegância ou truculência.

O CONTEÚDO

O PMDB sempre foi um camaleão no poder desde seu papel histórico na redemocratização do país.



Ancorados na legítima bandeira da retomada do poder pelo povo, em substituição aos militares que não observaram as regras democráticas para exercê-lo, os fundadores do MDB compreenderam o movimento da onda para aliarem anseio popular e estratagemas de sucesso para se manterem sempre no poder, direta ou indiretamente.

Após a reforma política, viraram PMDB, mas as bases estavam lançadas desde 1985, quando o movimento democrático brasileiro virou o único barco onde se poderia estar em contraponto ao falido regime militar, que se trouxe alguma ordem, jogou o progresso (humano e econômico) no lixo, ao gerir extremamente mal a economia e lamber (protegendo) as botas do interesse econômico nacional.

José Sarney, que aderiu ao PMDB, mas que na verdade era, na época dos militares, um auxiliar útil desde que deixassem seu clã sangrar o Estado do Maranhão, foi o primeiro a ardilosamente buscar enganar a tudo e a todos sobre seus reais propósitos, no que teve bastante sucesso.

Seu sucessor Itamar e depois Fernando Henrique eram farinha do mesmo saco, já que o PSDB nada mais foi que um galho revolto da árvore do PMDB, que teve muito sucesso ao destacar-se da multidão, permitindo a um grupo menos populista se afirmar como alternativa de poder, sob a bandeira da eficiência fundada no capitalismo selvagem concentracionista. FHC exerceu o poder com o PMDB, que apesar de parecer ser um ente separado, nada mais foi que o grande sócio no Planalto que permitiu ao PSDB nanico crescer e comprar, com a inovadora estratégia do mensalão, mais um ano de presidência para o Imperador.

O hiato do exercício do poder pelo PT nada mais foi que, como se vê hoje, nova camuflagem do PMDB, que jamais deixou de exercê-lo e que agora, via Michel Temer ou Rodrigo Maia, confirma sua incapacidade em dar ao Brasil alguma democracia decente, posto que fundada em dinastias políticas e oligarcas (novas, como Lula e seu séquito mentiroso e ladrão, e antigas, como Sarney, Collor, e tantos outros, "de berço").

A capilaridade do exercício do poder pelo PMDB é imenso. Ele é o único partido realmente presente em todas as municipalidades brasileiras.

O PT aprendeu muito com o PMDB durante essa sociedade que arrasou o Brasil desde 2003. O PT conquistou muita localidade esquecida, vítima do exercício predatório do poder pemedebista, do coronelismo que retrato aqui. Muitos lugares viraram petistas, como Minas Gerais, não por opção, mas por falta de opção, para tentar fugir à oligarquia, como se o novo conquistador fosse muito diferente dos algozes anteriores.

Manteve-se o método, mudaram os ratos. A doença é a mesma, só que na mão do PT é mais nefasta, mais crua e mais cruel, pois ratos magros vem com mais fome.

O FUTURO

Fiz esse exercício mental acima apenas para demonstrar que com Temer ou Maia (como se especula ardentemente), a Presidência da República do Brasil ruma a um grande acerto entre partidos, liderados pelo PMDB.

Maquiam a gestão econômica, mantendo-a no rumo ortodoxo para beneficiar claramente o capital e o poder do capital (ao qual, como já disse em vários posts anteriores, o PT aderiu magistralmente, JBS e os bancos que o digam), enquanto que as reais demandas dos cidadãos brasileiros de exercer a cidadania no bairro, no município, no estado, ficam em segundo plano.

Minha conclusão advém da absoluta ausência de discurso oxigenador.

Só se fala em crise. Só se fala em solução para a crise.

Com a ausência de um plano de país que passe pelo real exercício do poder pela representação democrática que começa no bairro, na cidade, aqueles que se dizem governantes se permitem, independentemente da denominação partidária (salvo raras exceções, talvez uma ou duas honrosas, o resto nem isso), continuar ROUBANDO a população.

Roubam o futuro, roubam a esperança, roubam a perspectiva de um futuro melhor e decente.

Vargas destruiu os Estados Unidos do Brasil, onde oligarcas mandavam e abusavam em nível local, estadual, sendo todos substituídos por um único ditador-libertador. Vargas escreveu a história destrutiva do país, pois ao se tornar imperador, deu a senha aos que lhe sucederam e que possuem, todos, traços ou tendências absolutistas (alguns messiânicos, como o 9 dedos).

Infelizmente o nível educacional do brasileiro comum é insuficiente para compreender o processo histórico nacional e estrangeiro. Ele não é agente da própria mudança.

Alguns cidadãos, neófitos em política, estão se apresentando como candidatos a agentes de mudança. Uma real mudança. Não aquela prometida por populistas baratos como Lula, Marina, Ciro... ou populistas polidos como FHC.

Será? Seriam ou serão capazes de fazer algo além do discurso? Além do sectarismo? Enganam a si, a mim e a você, a todos, ou procuram outra forma de fazer política no Brasil?

Esperança deve haver.

Falta entender qual partido ou grupo de pessoas poderia iniciar um processo efetivo de redemocratização brasileiro. Não se trata de desestatizar ou outras baboseiras como estado mínimo, arvorada por liberais inspirados em ingleses ou austríacos, avestruzes do próprio destino.

A imprensa brasileira, por sua vez, em nada ajuda, pois é a grande beneficiária da concentração de poder e da ineficiência das instituições, agindo como ala oligarca de um setor econômico, assim como bancos, assim como cimenteiras e tantos outros.

O sonho de uma sociedade mais harmônica, onde todos se sentem responsáveis pela alegria e tragédia do próximo, não se sonha, nem se concretiza no Brasil.

É a terra da esperança. Do sonho dos outros.

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