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Seletividade e conflitos

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O mundo jamais conheceu um período de paz total. É certo que regiões já conheceram calmarias, períodos em que calma e harmonia passaram a ser tão valorizadas que haveria pouco incentivo para as perturbar. A calma e a paz são garantidas não apenas por ações espontâneas, daí a necessidade de leis e de autoridades que vigorosamente as coloquem em prática, mediante coerção. Lamentavelmente, como sói na tragédia humana, apenas após arrombada a porta é que se coloca uma tranca mais robusta... Os períodos mais tranquilos, em geral, vividos pela humanidade no último centenário, aconteceram exatamente após imensa destruição, especialmente a Segunda Guerra Mundial. A França teve seus Anos Gloriosos , em que todos convergiam para a construção de uma nova sociedade moderna e pacífica.  O desespero econômico, a carestia, a fome e outros flagelos descontrolados historicamente foram causas de guerras regionais, civis e, algumas vezes, mundiais. As doutrinas e ideologias totalitárias também mobilizara

Qual é a do Brasil?

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O X continua bloqueado no Brasil pela Ditadura da Toga. Transcrevo texto de Fernando Schuler denominado “Servidão Voluntária”: “Eu andava pelo Chile quando o nosso X, o antigo Twitter, desapareceu. “Qué pasa en Brasil?”, me perguntam em um almoço com colegas acadêmicos. “Longa história”, respondi, “mas basicamente continuam salvando nossa democracia”. Algumas risadas, um certo espanto, e a conversa migrou para outros assuntos. De minha parte, sempre achei o Twitter (muito antes do Elon Musk) uma rede tóxica, mas ótima para informação. Nos últimos anos fui selecionando um punhado de intelectuais que gosto de seguir. Niall Ferguson, Jonathan Haidt, por aí. “Agora complicou”, fiquei matutando. É um pouco como as eleições americanas. Boa parte do debate acontece no X. O jeito é pedir ajuda. Alguém de algum país menos neurótico, na vizinhança, mandar uns prints do que estão falando. O almoço terminou e fui dar uma volta pelas ruas de Santiago, com aquela pergunta no ar: “Qué pasa en Brasil?

Indignação e paisagens

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Conciliarem-se interesses exige ciência e paciência, a moderação sendo uma qualidade esperada de gente madura, independentemente da idade. Há loucos e amorais idosos (os famosos "velhacos"), enquanto há jovens que parecem ser a reencarnação de antigos filósofos ou de Buddha... A cada dia que passa, convenço-me que o tempo não cura muitas coisas. Conciliar pessoas, idéias e interesses não significa, entretanto, anulação. Sem estrutura, sem fundação, nada é construído e a conciliação sem considerar todos os ângulos expostos e partes envolvidas não poderia ser assim chamada, pois se trataria de submissão. Finalmente, amadurece o uso das mídias sociais, que vitimaram gravemente a geração nascida em meados dos anos 1990. Tal geração saiu de um paradigma histórico humano real e tangível diretamente ao virtual, sem qualquer guia ou manual de uso aos pais ou tutores. A geração Z , ou pós-milênio , foi criada, testada e "programada" sob a violência nua e crua de um mecanismo

Auto-penitência e hábito científico

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Não sou propriamente religioso ou místico, mas sempre frequentei prazeirosa e curiosamente cultos religiosos nas duas religiões monoteístas que meus antepassados me legaram: cristianismo e judaísmo.  Sendo o judaísmo a raiz do cristianismo, essas compartilham festejos, valores éticos e algo que sempre achei muito interessante e útil: o exame de consciência e a auto-penitência pelos erros cometidos , na busca do aprimoramento constante .  Na prática cristã que conheço, em cada missa há um momento inicial de auto-penitência, rogando-se pela piedade divina.  No judaísmo, Yom Kippur é denominado Dia do Perdão , momento em que um exame de consciência visa limpar de culpa o coração, pedir perdão não a Deus, mas a quem se fez ou quis mal, para se seguir adiante, sem o peso dos erros do passado ou a amargura que atrasam a evolução. Como investigador da Idade Média , pelo volume concentrado e riquíssimo de reflexões e filosofia resultantes da época que culminou no Iluminismo , apaixonei-me, d

De luzes e de sombras

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O período em que vivemos é resultado de uma grande evolução da humanidade. Fomos brindados, há pouco mais de dois séculos, pelo movimento Iluminista, considerando-se que a humanidade (ou o Ocidente, para sermos mais exatos) saiu das trevas da Idade Média (dogmatismo, feudalismo, opressão, etc.) para um período em que a ciência e o pensamento racional se sobreporiam ao misticismo. Perguntei sobre o Iluminismo ao ChatGPT e ele me disse: O Iluminismo, também conhecido como Era das Luzes, foi um movimento intelectual e cultural que se desenvolveu na Europa durante o século XVIII. Ele se baseou na valorização da razão, do conhecimento científico e do pensamento crítico como caminhos para a libertação da humanidade da superstição, da ignorância e do poder arbitrário. Filósofos como Voltaire, Montesquieu, Rousseau e Kant foram figuras centrais nesse movimento, defendendo ideias como a liberdade individual, a igualdade perante a lei, a tolerância religiosa e a separação dos poderes. O Iluminis

Falta de coerência, padrões duplos: desonestidade

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O drama venezuelano é um sintoma , não a causa de um drama maior que engolfa o ocidente. E assim, concordo com o Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu  que, em recente sessão conjunta do Congresso Americano foi ovacionado quando negou as palavras de Samuel Huntington ao explicar que, pelo que foi visto, televisado em real-time, pelos genocidas palestinos em 7 de outubro de 2023  não se trata de um choque de civilizações, mas do confronto entre a civilização e a barbárie.  Ele falava, em seu caso específico, da barbárie promovida pelo regime dos aiatolás do Irã, que age diretamente e através dos grupos terroristas Hexbolá e Hxmas (além de várias outras subdivisões com nomes inspirados em covardes assassinos e mandamentos religiosos destrutivos), mas podemos aplicar o conceito a várias outras situações em que as regras civilizadas não se aplicam a certos grupos. A barbárie não será vitoriosa, sabemos se olharmos para a história, apesar de sanguinária, covarde e, muitas vezes, co

O rei dos banqueiros e a explicação revolucionária

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Lula só foi solto da cadeia porque a elite empresarial brasileira, aquela composta por um punhado de famílias, assim decidiu e permitiu os estratagemas jurídicos que, em enorme exercício de contorcionismo judicial, mudaram códigos e precedentes bem assentados. O bandido a serviço da economia formal é o sonho de consumo de qualquer elite retrógrada... que se porte como uma protetora do status quo . Enganam-se que tudo foi engendrado pelos togados, como muitas vezes se quer fazer crer. Eles são apenas meninos comportados, garotos de recado que entregam a encomenda dos manda-chuvas, em troca de mimos e grana, muita grana (e a garantia da impunidade, prestígio, etc). Enganam-se ainda os que acham que os eleitos pela democracia indireta que rege o Brasil definiram alguma coisa (anti-)ética dos últimos anos, ou que houve qualquer clamor popular pela volta do pelego rouco, do jararaca que adora provocar emoções fortes. Lula e seus asseclas, há muito tempo e como eu já escrevi e descrevi em a

Amado, temido ou apenas respeitado?

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A superficialidade dos idiotas-úteis orientados como gado por desonestos simpatizantes do terror, financiados pelo Irã, Arábia Saudita, Qatar, Egito e outros estados autocráticos e antisemitas por natureza, faz com que praças públicas e instituições de ensino no Ocidente sejam tomadas de assalto, sem que haja qualquer consequência aos criminosos. O fato de Israel defender-se contra a ameaça claramente genocida, claramente inserida no estatuto formal do Hamas e presente nas atitudes inequívocas das lideranças palestinas e seu povo, que comemora estusiasticamente a morte de qualquer israelense (ainda que bebê) e insiste em reinar do rio Jordão ao Mediterrâneo, parece ser algo fora-de-moda. As mídias tradicionais prendem-se a imagens e estatísticas absolutamente descreditadas, fabricadas pelo mesmo Hamas cujos membros idolatram a morte e o martírio, não hesitando em sacrificar o próprio povo já que o ódio aos não-muçulmanos, mas sobretudo aos israelenses, supera o amor aos seus próprios m

Um texto magistral para a magistratura brasileira

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TRANSCREVO TEXTO DESSE PROFESSOR QUE MANTEM NÃO APENAS INDEPENDÊNCIA, MAS COERÊNCIA, DIGNIDADE E, ACIMA DE TUDO, HONESTIDADE DIANTE DO ABSURDO QUE ESTÁ VIRANDO O DIREITO (OU A FALTA DO DIREITO) NO BRASIL. “Depois de tudo que fizemos pela democracia e pelo combate à bestialidade autoritária, estamos cansados. Cansados com a falta de gratidão e com o excesso de vigilância sobre nossos hábitos anti-institucionais. Cansados com o sarcasmo. Estamos irritados com o excesso de perguntas e de voyeurismo. Irritados com o assédio à nossa vida privada. Não somos servidores públicos. Por isso, vimos nos manifestar. Não ofendam nossa honorabilidade. Nossa juspornografia é limpa e asseada. O Febejapá (Festival de Barbaridades Judiciais que Assolam o País), carinhosa homenagem a Stanislaw Ponte Preta, é de nossas tradições mais distintas. O pornográfico está nos olhos de quem vê, o bárbaro na pele de quem sente. Perdoem a nossa nudez, mas nossa dignidade está acima do seu moralismo. Respeitem nossas

A democracia-ditadura: o poder sem representação

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É muito interessante - e preocupante - observar o que está acontecendo no Brasil . Onde havia instituições dedicadas à administração da Justiça , vêem-se tribunais da Inquisição e enormes recursos dedicados à vingança e à perseguição a todos os que representam o dissenso.  Nenhuma maquiagem de "legalidade" das ações judiciais denunciadas por mídias alternativas serve para esconder sua ilegitimidade e seu caráter absolutista, ditatorial. Qual seria a razão de a balança ser o símbolo da Justiça ? Ora, a real justiça é feita por sábios que se informam, ponderam e tomam decisões buscando a paz social, não o estímulo ao conflito, à desarmonia. Quem busca a assistência judicial almeja o fim do conflito e um judiciário que estimula a divisão é um judiciário equivocado, falso. Por isso abomino - sempre abominei - a falácia da Justiça Social , que é um termo cunhado para justificar a Vingança travestida em Justiça . O objetivo de uma sociedade organizada é a Paz Social , não a violên

Kissinger: incontornável até o fim

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Ontem faleceu Henry Kissinger , aos 100 anos de idade. Tornou-se famoso desde a época em que foi nomeado Conselheiro para a Segurança Nacional e depois  Secretário de Estado do governo de Richard Nixon, ao final da década de 1960. 70% das mídias tradicionais de notícias (que consegui analisar) informam sua morte construindo um obituário obscuro, muito negativo. Como alguém que o acompanhou desde criança pelos jornais e conversas de família, entendo ser normal criticá-lo, mas o exagero indica superficialidade de conhecimento e contexto pelas editorias internacionais que o caracterizam negativamente. Esse acadêmico, transformado político altamente complexo é, sem dúvida alguma, se não o único , um dos principais  pais da paz mundial experimentada no longo período desde a guerra fria até o dia de ontem, que nos beneficiou a todos nesse planeta. O jovem judeu conseguiu fugir da Alemanha nazista com a família após ser espancado na escola e seu pai ter perdido o emprego, em vista das antise

Swing político: o tango libertário

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Hoje é o dia seguinte à vitória de Javier Milei nas urnas da Argentina. O enorme significado disso não pode ser menosprezado, pois reinaugura um capítulo na América Latina, iniciado com a inesperada eleição de Jair Bolsonaro no Brasil, em 2018. Denominações Como o extremismo dos criadores de narrativas da imprensa e da academia continua sendo martelado na cabeça das populações, consegui recensear as seguintes expressões dos auto-denominados sinalizadores de virtude descrevendo o eleito argentino: ultraliberal, ultra-libertário, extrema-direita, ultra-direita , etc.  É triste ver como faltam cérebros e censo de auto-crítica à imprensa que se afunda cada dia mais em suas próprias criações mentirosas, ainda que certos governos, como o atual canadense, passem leis para criar privilégios aos que ainda parasitam a população achando estarem exercendo algo próximo do que seria o jornalismo. Economia O Wall Street Journal de hoje traz gráficos chocantes sobre a economia argentina, destruída p