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Divide et impera

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Mais de 22 séculos atrás, o Imperador romano Júlio César aplicou a antiga estratégia militar de dividir para conquistar a Gália, atual França. Os cartunistas Uderzo e Goscinny imortalizaram em comédia o movimento de resistência aos romanos, representando-o nas tirinhas de Asterix que ganharam simpatia do mundo por seu humor, com fundo de verdade (a necessidade de resistir aos invasores, tanto brutos quanto ardilosos). César dividiu os franceses como estratégia de conquista. Ganhou todo o território gaulês colocando regiões francesas umas contra as outras, infiltrando-se e finalmente prevalecendo. Seguindo a mesma estratégia, o Império Britânico (sim, esse representado atualmente pelo Rei Charles da Inglaterra) colocou tribos árabes lutando entre si para conquistar a península arábica, lá se mantendo até a década de 1930. Fizeram isso para sugar as riquezas da região, sobretudo o petróleo. Utilizando a mesma estratégia de César, os britânicos impuseram fronteiras artificiais ...

Brasil: um país dividido artificialmente

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Como um cidadão brasileiro que possui completa ojeriza pelo ex-presidente Lula da Silva, suei frio ontem durante a apuração de votos. Imaginar que brasileiros desejem repor na presidência um corrupto condenado reiteradamente pela Justiça , que assaltou e deixou assaltar os brasileiros descaradamente, um aliado a forças retrógradas como sindicados pelegos, coronéis da política nordestina e grandes banqueiros, me causa repulsa . Conheço em detalhes os processos contra Lula e seus comparsas no crime. Ouvi os depoimentos. Li os julgamentos dos magistrados de 3 instâncias (juízes, desembargadores do TRF4 e ministros do STJ) que mergulharam em fatos, concluindo ter havido crimes sérios, combinados com a certeza de impunidade por parte do criminoso. São julgados magistrais, completos, fundamentados.  Como a maioria de meus colegas do meio jurídico, fiquei estupefato ao ler a decisão monocrática de certo ministro do Supremo Tribunal Federal que liberou o bandido para concorrer ao cargo de...

Paulo Guedes: possivelmente o Ministro da Economia mais coerente que o Brasil já teve

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 Não fiquei surpreso com a clareza didática com que o cidadão Paulo Guedes expôs suas idéias e conceitos econômicos no programa Flow, ontem à noite: Relatou os esforços que tem feito desde que aceitou assumir o cargo com maior taxa de queimação entre economistas brasileiros: o de Ministro da Economia. Expôs algumas divergências que possui com o Presidente Bolsonaro, que converteu de estatista em liberal econômico, à vista das evidências de que estado grande apenas aumenta oportunidades para a corrupção florescer . A distinção entre política partidária e política econômica ficou patente no diálogo com esse economista de estirpe, banqueiro e empresário de sucesso.  Guedes deixa marcas boas em diversos setores, sendo um deles o da educação nos últimos 30 anos ou mais. Entre fins dos anos 90 e início dos anos 2000, fui professor e coordenador do MBA do IBMEC . Sou testemunha do quanto Guedes e sua equipe se esforçaram para criar uma escola de negócios de ponta, transformada poste...

A Era da Monarca e seu fim

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Enquanto escrevo essas linhas, constato com pesar que a monarca Elisabeth II está em seu leito de morte, ladeada por membros de sua família, segundo informam as agências de notícia. Tudo se prepara para a partida dessa servidora britânica. Ainda que a chefe de estado de vários países, como Reino Unido e Canadá, não tenha agido diretamente para governar e alterar o destino desses mesmos, já que ditado por suas populações e seus políticos, foi durante sua era que o mundo experimentou o melhor da história humana. Tendo tomado posse em 1952, a jovem monarca foi contemporânea da reconstrução européia , que culminou inclusive na união dos países formando a atual União Européia . Em geral, a Europa usufruiu de grande paz durante todo seu reinado, o pós-guerra tendo sido chamado de anos gloriosos em razão do otimismo e crescimento econômico com inclusão social. Os conflitos europeus (sobretudo na vizinha Bósnia, e agora na Ucrânia) não podem ser negligenciados, sendo entretanto inegável qu...

O Salvador: um imaginário brasileiro, manipulável.

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Manipular o imaginário brasileiro não é tão complexo como poder-se-ia pensar. Além de sonhar com um Salvador da Pátria, o brasileiro sonha em abolir a corrupção e aquele que prometer tal feito, de forma mais crível, receberá votos. Simples assim. Tendo sempre sido um país profundamente corrupto, a despeito das maravilhosas leis  e discursos que povoam sua história, o Brasil é como aquele time talentoso que jamais ganha um jogo. A frustração dos brasileiros de todos os matizes é constante. Visitemos os mais conhecidos paladinos da moralidade da história recente brasileira. Em 1960, Jânio Quadros exibia sua vassoura que varreria os ladrões da administração pública. Esse formato divertido e acessível convenceu boa parte da população, tendo-o eleito na esperança de salvação do país. Jânio viria a renunciar à Presidência da República em 1961, sete meses após tomar posse. Daí em diante, a irresponsabilidade daquele demagogo iniciou a sequência desastrosa de fatos desagregadores, cul...

As Novas Guerras Púnicas

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Plutarco disse em " A vida de Marcus Cato " que Scipio Nasica foi o único líder romano que compreendeu as desvantagens da completa destruição de Cártago pelo poderoso Império Romano .  A crítica de Scipio é descrita por Will Durant em sua obra  Caesar and Christ , Ed. Simon & Schuster, NY, p. 35: " Roma manteve-se grande enquanto seus inimigos lhe forçaram a ter união, visão e heroísmo. Quando ela os superou a todos, floresceu por um período e depois começou a morrer ".  O Império Romano desapareceu na Europa no Século V, e no Oriente no Século XV (com a queda de Constantinopla para os Otomanos), mas sua herança civilizatória, inclusive jurídica, ainda influencia o mundo em que vivemos. Conhecer a história é necessário, pois ela costuma se repetir.  Eliminar totalmente o inimigo causa  soberba ao vitorioso, passo inicial para sua decadência e desaparecimento, por seu próprio convencimento e repetido descuido. O filósofo Francis Fukuyama cedeu à tenta...

Brasil: jeitos de se ganhar um jogo (eleição?)

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Sou um ex-esportista amador do volley. O esporte de equipe, fundado em técnica, rapidez e agilidade, fez-me muito bem e cheguei até a treinar com jogadores que posteriormente continuaram se superando e integraram a seleção brasileira de volley dos anos 80. Aprendi muito dentro e fora das quadras sobre competitividade. Aprendi especialmente que, quando os adversários eram extremamente bons, melhores que meu próprio time, deveríamos conseguir ao menos devolver a bola ao campo adversário, esperando que errassem, se distraíssem, mantivessem-se convencidos de sua majestosa superioridade, desta forma ganhando ponto e, quem sabe, até mesmo o jogo todo a despeito de muitos pontos perdidos... A mesma coisa ocorreu depois, quando migrei para o tênis, ainda que tenha o praticado em intensidade e qualidade muito inferiores à adolescência do volley. Eu sabia que, para ser competitivo, precisaria manter-me na quadra, no jogo. Eu deveria deslocar-me bravamente para pegar a bola, sem contundir-me, dev...

Rússia: muito além de estado-terrorista é um ladrão sanguinário.

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A Ucrânia está sendo sangrada há seis meses, desde o início da invasão russa. E o motivo fica cada dia mais claro: Putin e sua gangue mafiosa sempre quiseram roubar as riquezas do país vizinho, assim como já fizeram com a própria Rússia.  Criminosos com armas atômicas são a pior ameaça enfrentada pelo mundo atual. Os russos não passam de latrocidas bem armados que aterrorizam o mundo com ameaça atômica e assassinatos seletivos em países variados, inclusive ocidentais. As nações civilizadas ainda não ousaram enfrentar esses genocidas de frente. Demorou muito para reagirem em uníssono, como fizeram contra Hitler e o império japonês há quase 80 anos.  Dados sobre a pilhagem russa foram publicados no Washington Post essa semana . O genocida Putin e seus comparsas no terror estruturaram seu arsenal para roubar riquezas dos vizinhos ucranianos. E o fazem nutridos das informações fornecidas pelo ex-presidente ucraniano e colaboradores traidores , exilados no Kremlin durant...

Europa na encruzilhada ética e econômica

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 O projeto institucional europeu surgiu da necessidade de países do continente criarem interdependência visando o diálogo constante e a paz. A Europa de 2022 está sendo confrontada com dilemas éticos e econômicos. O dilema ético advém da crise energética e da invasão bárbara russa sobre a Ucrânia.  Tendo desligado muitas de suas centrais nucleares e outras fontes ditas poluidoras, países (sobretudo Alemanha) cederam decisões estratégicas a partidos políticos e a grupos ambientais extremistas (além de profunda corrupção, como provado pela ligação de ex-chanceler alemão ao genocida russo ). Ao não planejarem responsavelmente a transição energética local e sustentável, a Europa vê-se refém da Rússia, esse país conduzido por um genocida como Putin e sua oligarquia criminosa. Os europeus sabem distinguir entre certo e errado, mas não poderão fazer a coisa certa, nesse caso. É absoluta sua dependência da fonte de energia russa. Não há alternativas viáveis e suficientes . Já se fala...

Brasil e a OCDE na América Latina: um possível fracasso?

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Insurjo-me contra correntes majoritárias, quando entendo que possuem premissas falsas. Assim, ouso questionar. Ouso inclusive verbalizar tal questionamento, o que por vezes pode causar reações exacerbadas, sobretudo por parte dos dogmáticos, dos adeptos a verdades absolutas. Isso remete-me à ótima charge do Quino (inventor da sensacional Mafalda): Um assunto até hoje limitado aos corredores do Planalto tem surgido na mídia e na academia brasileiras, nos últimos meses: a adesão do Brasil à OCDE. Desde que o Min. Paulo Guedes tem-se reunido com membros da organização , o assunto tem sido citado, mas ainda permanece periférico, superficial, estéril. Adotar regras de países ricos, abandonando originalidade e autonomia, para atrair negócios e investimentos, faz parte da triste história brasileira. Eu tenho estudado, há mais de 30 anos, a importação de regras por países emergentes, por meio de uma disciplina e técnica denominada Direito Comparado . Vários transplantes legais serviram a propó...

A tragédia amazônica e a caça às bruxas

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O crime bárbaro que vitimou um indigenista e um jornalista de envergadura fez manchete nos últimos dias. Cientes que poderiam enfrentar resistência da população local, ou algo pior, destemidos investigadores aventuraram-se pela selva munidos apenas de boas intenções. Infelizmente, malfeitores cruzaram seus caminhos e lhes ceifaram as vidas, de forma ignóbil, vil. A despeito do horror do crime, rapidamente - como tudo atualmente no Brasil, nos EUA e outras paragens - a politização ocorreu, pela via da imprensa opiniosa. E sobre isso, nada melhor do que ler essa abordagem corajosa e lúcida, por Luciano Trigo . A cada momento, todo cuidado é pouco para se ler agências de notícias e boletins noticiosos. A fronteira amazônica é porosa, impossível de ser fiscalizada. Todos os países amazônicos são obrigados a preservar a floresta, impedindo a ocupação humana, sua "civilização", o que aproveita ao narcotráfico. Relatos de militares que já serviram na região indicam que nenhum país a...